Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo, doutorando em Fitotecnia (UFLA) e coordenador de pesquisa da Fronterra
alissonavcampos@yahoo.com.br
Túlio de Paula Pires
Engenheiro agrônomo, mestrando em Agricultura e Informações Geoespaciais (UFU) e coordenador de pesquisa da Fronterra
O manganês atua principalmente como parte do sistema enzimático nas plantas, ativando várias reações metabólicas importantes. Também tem ação direta na fotossíntese, ajudando na síntese da clorofila, além de acelerar a germinação e a maturidade e aumentar a disponibilidade de fósforo e cálcio.
Considerando que o Mn é imóvel na planta, razão pela qual sua deficiência aparece inicialmente em folhas novas, e a aplicação foliar corrigir apenas a deficiência nas folhas atingidas, provavelmente esteja havendo um prejuízo na produção, pela irregularidade do seu fornecimento.
Reações metabólicas
O manganês faz parte do sistema enzimático, atuando em diversas reações metabólicas distintas, ativação enzimática e divisão celular. Destaca-se sua participação na fotossíntese, ativando enzimas na fase bioquímica do processo.
Ele também atua como um componente estrutural do complexo responsável pela fotólise da água. Dentre essas importantes funções, o manganês também participa de vários processos fisiológicos envolvidos com o metabolismo secundário (redutase de hidroxilamina), auxiliando a planta na resistência a doenças fúngicas, como a ferrugem.
O manganês atua na lignificação, via ácido chiquímico, promovendo uma barreira física na proteção da infecção por fungos, principalmente pelo efeito da lignina e fenóis. A inibição da aminopeptidases pelo Mn acarreta em menores quantidades de aminoácidos livres para o crescimento dos fungos.
Além de inibir a metilesterase da pectina, promove a manutenção da parede celular. O manganês participa da fotólise da água, transferindo os elétrons da quebra da molécula da água para a clorofila.
A proteína que catalisa a decomposição do H2O está presente no tilacoide e possui quatro átomos de Mn na sua composição. Assim, a deficiência de Mn afeta a estrutura dos cloroplastos, impactando diretamente a fotossíntese, por atuar na captura inicial da energia luminosa.
Transporte de nutrientes
O manganês, o fósforo e o cálcio estão relacionados com a forma de absorção e transporte de nutrientes nas plantas. O manganês é necessário para a absorção eficiente de fósforo pelas plantas, podendo comprometer a capacidade da planta de absorvê-lo, afetando negativamente seu crescimento e desenvolvimento.
O manganês atua como cofator em várias enzimas envolvidas no metabolismo das plantas. O manganês é influenciado pelo pH do solo, sendo que a cada unidade de pH diminui a concentração de Mn.
Como a forma de reduzir o pH é pelo fornecimento de cálcio via calcário, acabam concorrendo pelo mesmo sítio de ação do manganês.
Sintomas de escassez de manganês
A deficiência de manganês é observada inicialmente em folhas novas, por não ocorrer sua redistribuição do floema. Dessa forma, ao surgir novas folhas em ambiente de déficit de manganês, as quantidades não serão suficientes para que a folha se desenvolva de forma plena.
A deficiência de manganês é caracterizada pela clorose internerval em folhas mais jovens, formando um reticulado fino nas folhas.
A falta de manganês reflete na menor funcionalidade e mobilidade do próprio nutriente nas plantas. Devido ao seu envolvimento no metabolismo antioxidante das plantas, aquelas sob condições de deficiência de manganês sofrerão muitos efeitos negativos do estresse oxidativo, o que tem um impacto negativo na resistência da planta a doenças. Isso porque compostos, como a lignina, são barreiras físicas importantes contra o ataque de certos patógenos.
O pH do solo afeta diretamente a disponibilidade de manganês pelas plantas. Cada aumento unitário no pH reduz a disponibilidade de manganês no solo, o que se reflete nos níveis nas folhas das plantas.
Consequências
Considerando que o manganês é um nutriente imóvel na planta, razão pela qual as deficiências desse elemento aparecem primeiro nas folhas novas, e as pulverizações foliares apenas corrigem as deficiências nas folhas afetadas, pode haver perdas de rendimento devido ao fornecimento irregular.
Outro ponto importante a enfatizar é que, embora as deficiências de manganês sejam comuns e facilmente reconhecidas na cafeicultura, pouco se sabe sobre o seu impacto na produção.
Também são necessárias pesquisas para definir com mais precisão a faixa apropriada para o manganês nas folhas, uma vez que os valores utilizados atualmente são muito mais amplos do que os intervalos para outros nutrientes.
Opções
A importância do manganês fica muita evidente ao longo do texto, com todos os seus benefícios. Para uma nutrição adequada com o nutriente manganês temos opções de aplicações via solo, como sulfato de manganês, oxissulfato de manganês e formulados que contenham o elemento na sua composição.
As aplicações realizadas no solo sofrem com a interferência do pH, devendo o mesmo estar em fase adequada (5,5 a 6,5) para evitar que fique indisponível para as plantas. Outra forma de fornecer o micronutriente é pela aplicação foliar, havendo no mercado uma série enorme de fertilizantes foliares.
Sua vantagem na aplicação foliar é a rápida disponibilidade para o cafeeiro. Porém, aplicações foliares associadas a outros cátions podem decorrer de incompatibilidade química, ou mesmo a competição pelo sítio de ação do nutriente.