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Inovações em pós-colheita do abacate

As inovações em pós-colheita do abacate estão prolongando a vida útil e melhorando a qualidade.

Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com

Um dos grandes problemas na comercialização de abacates é a incidência de doenças pós-colheita, que coincide com o amadurecimento dos frutos. As principais doenças pós-colheita são a antracnose (complexo Colletotrichum gloeosporioides) e as podridões que atingem a região peduncular (Lasiodiplodia theobromae, Fusicoccum spp. e Neofusicoccum spp.), consideradas doenças quiescentes, uma vez que infectam o fruto ainda em desenvolvimento no campo, expressando os sintomas na fase pós-colheita.

O uso de ceras é uma alternativa interessante
Foto: Shutterstock

Assim, o correto manejo de pós-colheita do abacate, com técnicas que proporcionem maior conservação da fruta, visando maior tempo de prateleira, são essenciais para a manutenção da qualidade no momento do consumo, proporcionando frutas mais atraentes e melhores atributos aos consumidores.

Fisiologicamente, o abacate é classificado como fruto climatérico, sendo o fitormônio etileno, cuja fórmula química é C2H4, essencial para o seu amadurecimento. Neste sentido, o controle da ação do etileno sobre os abacates é fundamental para estender a vida útil pós-colheita dos frutos. Assim, o abacate pode ser colhido sem que tenha sido finalizado o seu processo de maturação para consumo.

Técnicas

Alguns compostos têm sido estudados em pesquisas e visando estender o período de comercialização pós-colheita de produtos hortifrutícolas, como o abacate. Cita-se o 1-metilciclopropeno, composto inibidor da ação do etileno, cujo tratamento com solução aquosa de 1-MCP a 150 µg L-1 a 20°C por 1,0 minuto estendeu a vida útil pós-colheita de abacate ‘Beta’ armazenado a 20°C para 14 dias, um aumento de seis dias ou 75% em relação aos frutos que não foram tratados.

Além disso, não houve redução à sua aceitação sensorial. Os autores afirmam ser uma alternativa potencial de tratamento pós-colheita do abacate (Pereira et al., 2010).

Conservação pós-colheita

É importante ressaltar que a qualidade do abacate não melhora após a colheita, podendo apenas ser mantida pelo cuidado desprendido durante a fase de colheita e no manuseio durante as fases de seleção e classificação dos frutos.

A conservação de alimentos por meio do uso de métodos físicos é uma prática bem antiga e amplamente utilizada. Assim, o frio é um dos primeiros a ser utilizado para prolongar a vida de prateleira de praticamente qualquer tipo de alimento.

No caso do abacate, a temperatura de armazenamento varia entre 5,0 a 8,0°C, embora seja citada a faixa de temperatura entre 2,0 e 8,0°C como efetivas para o transporte para mercados mais distantes.

O que há de novo

Atualmente, há máquinas de polimento de frutos disponíveis no mercado que facilitam e conferem agilidade a todo o processo de beneficiamento após a colheita. Pode-se, inclusive, realizar a seleção de frutos de acordo com padrões de exigência já pré-definidos, como cor, tamanho e peso, além de realizar a lavagem completa, secagem e o polimento, com aplicação e secagem de cera para manter a preservação da fruta.

A utilização de ceras após o polimento é uma alternativa interessante, que pode ser utilizada em integração com outros métodos de conservação pós-colheita, contudo, requer atenção e cuidados, pois devem ser utilizadas ceras comestíveis, que apresentam como limitação o custo.

No caso das ceras utilizadas não serem comestíveis, deve ser observado se há efeito residual nos frutos que possam comprometer o consumo. Alguns modelos de máquinas de polimento de frutos possuem a capacidade de processar mais de 200 caixas de frutos por hora.

De acordo com a indicação de alguns fabricantes, a máquina para beneficiamento de abacate confere qualidade e agilidade ao processo após a colheita. Além disso, traz como benefícios o auxílio no processo de seleção, limpeza e classificação dos frutos, reduzindo assim o custo da mão de obra e aumentando ganhos com produtividade.

Recomendações

O enceramento mecanizado é empregado exclusivamente para os frutos com formato tendendo para esférico ou elipse, a exemplo de frutos como a laranja, limão, tangerina, goiaba, maçã, nectarina, pera, abacate, dentre outros.

Não é utilizado para frutos como a banana, devido à anatomia da fruta e pela delicadeza da casca, e o abacaxi devido à irregularidade da superfície do fruto.

O polimento e a aplicação de cera confere benefícios como reduzir murchas e prolongar a vida de prateleira.

Barreiras

Algumas das principais causas apontadas como referentes à perda de qualidade de frutos estão relacionadas com a fase de produção, danos mecânicos, embalagem, manuseio, transporte inadequado e tempo prolongado de exposição no varejo.

A manutenção da qualidade do abacate depende de fatores relacionados à pré e pós-colheita, no processo produtivo.

Além dos já citados, podemos destacar os problemas relacionados com o manuseio, como danos mecânicos, exposição dos frutos a altas temperaturas, prejudicando a conservação, contaminações microbiológicas no processo produtivo e a falta de higienização e sanitização no manuseio e no processamento, sendo estes os principais fatores a serem enfrentados para a oferta de frutos que atendam às exigências dos mercado interno e externo.

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