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Inseticidas botânicos: nova categoria de defensivos agrícolas

No Brasil já estão sendo utilizados inseticidas botânicos no controle de pragas e doenças, que inclusive já estão registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Crédito: Jacto

Alessandra Marieli Vacari
Entomologista, professora e pesquisadora – Universidade de Franca (Unifran)
alessandra.vacari@unifran.edu.br
Wesley Borges da Silva Bordinhon
Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências – Unifran
wesley-silva1994@hotmail.com
Vinícius de Oliveira Lima
Engenheiro agrônomo e mestrando em Ciência Animal – Unifran
volima_2013@hotmail.com

O controle de pragas nas lavouras geralmente é feito com uso de defensivos químicos, que apesar de apresentarem efeitos benéficos no manejo, também causam diversos problemas, como contaminação da água, acúmulo de resíduos tóxicos nos alimentos e surgimento de populações de pragas resistentes, entre outros.

Como alternativa para a diminuição da utilização destes no manejo de insetos pragas, têm-se utilizado técnicas como o uso de plantas com atividade inseticida, sendo essa uma alternativa que está inserida no MIP.

A crescente atenção dada à segurança ambiental despertou o interesse em abordagens de controle de pragas por meio de inseticidas botânicos.

Potencial e eficácia

 Extratos vegetais ou fitoquímicos têm potencial como inseticidas ou acaricidas botânicos eficazes para o controle de pragas de plantas cultivadas. Várias plantas pertencentes às famílias Compositae, Solanaceae, Meliaceae, Lamiaceae, Myrtaceae, Rutaceae, Apiaceae, Leguminosae e Caryophyllaceae foram estudadas, por apresentarem propriedades inseticidas e acaricidas.

Essas plantas contêm vários metabólitos secundários com potenciais efeitos inseticidas e acaricidas, incluindo alcaloides, flavonoides, glicosídeos e terpenoides. No entanto, apesar dos esforços recentes de pesquisas, apenas alguns inseticidas botânicos ou acaricidas estão disponíveis comercialmente.

Em parte, isso ocorre porque poucos estudos caracterizaram esses compostos bioquimicamente ou investigaram os mecanismos pelos quais eles funcionam. Além disso, dificuldades nas suas formulações e insuficientes dados químicos levaram a um baixo nível de aceitação e adoção globalmente.

Novidades

Com o avanço das pesquisas atualmente, no Brasil, são utilizados inseticidas botânicos no controle de pragas e doenças, que inclusive já estão registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Entre eles, estão produtos à base de óleo de neem, cujo princípio ativo é a azadiractina (grupo químico tetranortriterpenoide), óleo de laranja, no qual um dos ingredientes ativos é o D-limoneno (grupo químico hidrocarbonetos terpênicos), extrato de semente de Sophora flavescens (grupo químico alcaloides quinolizidínicos), entre outros.

Por exemplo, para o controle de bicho-mineiro, L. coffeella, praga-chave da cafeicultura, existem três inseticidas botânicos que estão registrados no MAPA, um deles à base de extrato etanólico de S. flavescens e dois à base de óleo de nim, no qual o princípio ativo é azadiractina, obtido da planta Azadirachta indica A. Juss.

Ação

A azadiractina não mata imediatamente os insetos, porém, causa distúrbios fisiológicos, alterando o desenvolvimento e a funcionalidade de várias espécies de pragas, principalmente devido ao seu efeito de repelência alimentar (deterrência), interrupção do crescimento e do processo reprodutivo.

A substância apresenta uma semelhança estrutural ao hormônio chamado ecdisona, que controla o processo de metamorfose das diversas fases da vida do inseto. Diante dessa semelhança estrutural, a azadiractina irá atuar como bloqueador da produção e liberação desse hormônio, o que causa deformidade, ou até interrupção da troca do exoesqueleto.

Portanto, os insetos não fazem a troca periódica do exoesqueleto, interferindo negativamente no seu ciclo de vida. O L-limoneno é encontrado principalmente em uma variedade de plantas e ervas, como Mentha spp., enquanto o D-limoneno é o principal componente dos óleos das cascas de laranja e limão.

Estudos prévios permitiram a identificação de 20 compostos em óleo essencial de laranja, sendo a classe predominante monoterpenos (94,6%), seguido de sesquiterpenos (4,7%) e componente majoritário o limoneno.

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