Instalação dos povoamentos de eucalipto e a amostragem estratificada do solo

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Crédito Shutterstock

José Geraldo Mageste
Engenheiro florestal e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
jgmageste@ufu.br
Wedisson de Oliveira Santos
Engenheiro agrônomo e professor – UFU
wedisson.santos@ufu.br
Araína Batista Hulmann
Engenheira agrônoma e professora – UFU
araina@ufu.br

O desafio para a silvicultura nacional é “construir” uma fertilidade mínima nos sites inferiores, dando condições de crescimento e produtividade à espécie florestada, como eucalipto, pinus ou seringueira. E a dificuldade aumenta consideravelmente quando existe déficit hídrico e solos excessivamente arenosos.

O que fazer?

Várias estratégias devem ser colocadas em prática. Além de uma muda de boa qualidade, madura, de bom tamanho e a escolha da espécie de eucalipto mais indicada, por exemplo, deve ser levado em consideração o critério de resistência à seca e ótimo arranque inicial.

Por outro lado, diferente de muitas culturas agrícolas, a silvicultura é instalada em grandes povoamentos, que ultrapassam milhares de hectares, onde se chega a instalar povoamentos em até mais de 30.000 hectares num único ano.

Ora, é impensável acreditar que uma única amostra composta de solo (aquela que reúne a mistura de várias amostras simples) representa tamanha área. Uma simples observação da cor solo é fácil concluir que existem várias classes de solo. Estamos nos referindo à parte superior do solo.

Ainda é fácil entender que podem haver diferenças também no perfil do solo. Somente este fator já indica a necessidade de se fazer amostragens do solo que representem essas variações.

Análises de solos são relativamente baratas, não representam aumentos de custos e possuem um benefício muito grande. Acertar na quantidade de fertilizantes será um fator de grande sucesso para implantação dos povoamentos.

Estratificação das amostras

Deve-se ter a premissa de que a amostra do solo (superficial ou em maiores profundidades, onde estarão as raízes das árvores em bem pouco tempo após plantio) deve representar as características físico química do solo.

Então, a estratificação tem que fazer parte do bom manejo e influenciará diretamente o sucesso. A estratégia é recomendada para se alcançar o sucesso, e fará a diferença no resultado final.

A coleta estratificada consiste em retirar amostras simples em zigue-zague, seja superficial (0-20 cm de profundidade) ou 40 a 60 cm de profundidade, que misturadas vão compor uma amostra composta e representarão a condição atual da área amostrada.

O silvicultor deve procurar separar a grande área de instalação de povoamentos em áreas menores e mais uniformes. Por exemplo, pela semelhança de cores do solo. Solos com maiores concentrações de óxidos de ferro e alumínio possuem cor avermelhada diferente daquelas áreas sem estes, que são de cores esbranquiçadas.

Solos das partes mais altas da paisagem devem compor uma amostra diferente daqueles localizados na parte média e de áreas mais baixas. Solos onde houve pastagens devem compor uma amostra composta (que reúne várias amostras simples, retiradas de maneira a cobrir toda a área), diferente daquelas onde houve qualquer cultura agrícola anterior ou daquela de primeiro plantio.

Manejo

Conforme dito, as amostras devem representar qualquer variação da grande área e devem ser rigorosamente identificadas. É comum serem enviadas amostras para o laboratório sem identificação. Quem melhor conhece a representação da amostra foi quem a retirou.

Assim, atendendo aos resultados das avaliações químicas e físicas de cada amostra, o silvicultor tomará as devidas providências para fornecer os fertilizantes nas diferentes dosagens dentro daquela área representada.

Existem áreas que o calcário precisa ser aplicado para elevação do pH. Outros precisam de mais nitrogênio ou fósforo, e daí por diante. Nestes tempos de fertilizantes muito caros, a amostragem estratificada pode significar muita economia.

Colocando a quantidade de fertilizante exigido pela cultura, ela crescerá e dará excelentes rendimentos. Isso é um resultado esperado e desejado.

Técnicas

Existe uma técnica no meio agrícola chamada agricultura de precisão. Esta amostragem estratificada se assemelha, em parte, com ela. Mas, na agricultura de precisão, a amostra pode acontecer no vértice de um quadrado de até dois metros de lado.

Pode ser também em mais de duas profundidades. Neste caso, são feitas amostragens simples que cobrem muito intensamente a área. A adubação é feita segundo estes resultados. Veja que se trata de uma amostragem muito mais intensa, e às vezes os pontos amostrados são georreferenciados, daí o nome da tecnologia.

Custo-benefício

Pensando exclusivamente na adubação segundo as variações das características do solo, o principal benefício está no uso do fertilizante muito bem dosado. As plantas serão atendidas com muito maior qualidade.

O principal erro acontece na estratificação errada da área de plantio. É preciso observar com cuidado a uniformização de características das áreas. Se o critério for uso anterior, áreas de diferentes usos devem ser amostradas separadamente.

A tentativa de se misturar áreas de diferentes históricos ocorre porque o silvicultor, por intencionar economizar no número de amostras compostas de solo a serem analisadas, faz esta mistura. No entanto, este procedimento traz imprecisão das quantidades fertilizantes a serem aplicados.

Não se pode misturar alhos com bugalhos. Pense sempre que a análise de solo é muito barata, então, as características de determinada gleba podem ser conhecidas com precisão. Fertilizar com quantidades muito acima ou abaixo da necessidade do povoamento trazem erros inaceitáveis.

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