22 C
Uberlândia
sábado, novembro 23, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosIntegração Lavoura-Pecuária-Floresta: 3ª revolução do agronegócio

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: 3ª revolução do agronegócio

Integração lavoura, floresta e pecuária - Crédito Gabriel Faria Rezende
Integração lavoura, floresta e pecuária – Crédito Gabriel Faria Rezende

 

O Brasil tem 100 milhões de hectares de pastagens nativas e/ou degradadas para intensificar a produção de grãos, eucalipto e gado e, assim, cumprir o papel que tem no fornecimento de alimentos para atender à demanda global. Até 2020 o mundo precisa aumentar em 20% a atual produção de alimentos, e o Brasil precisa participar com 40% desse crescimento para atender as necessidades da população global. Isso só será possível com a implementação da 3ª revolução do agronegócio brasileiro, que é a intensificação produtiva de maneira sustentável

 

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma tecnologia de produção sustentável, por meio da integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, podendo essas serem cultivadas de forma consorciada e na forma de sucessão ou rotação.

Conforme dados da Embrapa, entre 1,6 e 2 milhões de hectares do Brasil são dedicados a diferentes formatos da estratégia ILPF atualmente, sendo as regiões Centro-Oeste e Sul as com maior representatividade no uso dessa técnica. Para os próximos 20 anos, há uma expectativa de elevação em 22 milhões de hectares.

A ILPF permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada - Crédito Pedro Alcântara
A ILPF permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada – Crédito Pedro Alcântara

Potencial

Hoje, o maior potencial de crescimento da ILPF está nas áreas de pastagens degradadas ou pouco produtivas, sendo essa técnica uma excelente forma de promover a recuperação da área de maneira economicamente viável.

Conforme o último senso agropecuário do IBGE, de 2006, as áreas de pastagens no Brasil totalizavam 160 milhões de hectares, dos quais 67,5 milhões de hectares (quase 42% do total) eram compostos por pastagens plantadas degradadas e pastagens naturais, que possuem baixa produtividade.

Não obstante as pastagens degradadas, Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo-SDC/MAPA diz que praticamente todas as áreas nacionais com atividades agropecuárias são aptas ao uso de algum tipo de técnica de integração.

 “Àmedida que o produtor brasileiro vai conhecendo essa técnica e os seus benefícios, a tendência é que as áreas com ILPF sigam aumentando, ainda mais diante da expectativa de elevação na demanda mundial de produtos agropecuários, tendo em vista o crescimento da população e da melhoria de renda dessa“, avalia.

Essa estratégia permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada. Ou seja, além de o produtor elevar a produtividade da área, ele ainda pode comercializar grãos, leite, animais de corte e madeira, aumentando o número de receitas obtidas na propriedade, o que reduz o risco de prejuízos, caso o preço de algum produto venha a ter queda.

 Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo MAPA
Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo MAPA

O sistema e suas variações

Existem diversos sistemas que têm sido descritos como “Integração Lavoura-Pecuária“, com inúmeras variações. Nas condições de Brasil, Sérgio José Alves, engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), restringe a análise a sistemas em que se observa a rotação de cultivos agrícolas anuais com forrageiras em pastejo.

“Entenda-se esta alternativa de rotação de cultivos em um sentido amplo, em que podem participar diversos cultivos agrícolas, diferentes espécies forrageiras, anuais ou perenes, e por períodos de tempo variável“, esclarece.

O pesquisador tem observado que a inclusão de forrageiras sob pastejo dentro de sistemas agrícolas possibilita manter o solo coberto por períodos mais longos, diminui a incidência de pragas e doenças nas culturas subsequentes e induz uma melhoria na estrutura e fertilidade do solo.

A Integração Lavoura-Pecuária realizada em plantio direto tem possibilitado, inclusive, uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões. Áreas antes consideradas inaptas para cultivos anuais passaram a serem consideradas aptas dentro deste manejo.

A maioria dos sistemas de rotação de pastagens com cultivos agrícolas em utilização no Brasil podem ser agrupados em:

  •  Reforma de pastagens com cultivos agrícolas;
  •  Recuperação e/ou aumento de sustentabilidade de áreas agrícolas pelo plantio de forrageiras utilizadas ou não em pastejo;
  •  Renda adicional e diminuição de riscos pela utilização em pastejo de forrageiras anuais após e/ou antes dos cultivos agrícolas de verão (principalmente soja e milho).

Contudo, estes sistemas conhecidos como “Integração Lavoura-Pecuária“ têm evoluído com o tempo. Para Sérgio Alves, a simples reforma de pastagens com cultivos agrícolas, a utilização ocasional de forrageiras para recuperação de solos ou o pastejo “oportunista“ após os cultivos agrícolas tem dado lugar à implantação de sistemas intensivos, os quais visam explorar o sinergismo da produção animal e agrícola, ambas com alta tecnologia, em uma mesma propriedade.

A ILPF em plantio direto tem possibilitado uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões - Crédito Pedro Alcântara
A ILPF em plantio direto tem possibilitado uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões – Crédito Pedro Alcântara

Vantagens da ILP

A Integração Lavoura-Pecuária, dentro desta perspectiva, além da melhoria da fertilidade dos solos e diminuição de pragas e doenças, tem como vantagens:

“¢ A possibilidade de utilização de pastagens de elevado potencial produtivo e qualidade, mesmo que mais exigentes em termos de fertilidade de solos.

“¢ A produção facilitada de forragem, possibilitando, dentro de um planejamento forrageiro adequado, ter alimentos disponíveis para os animais durante o ano inteiro.

“¢ O aproveitamento de resíduos agrícolas para alimentação animal.

“¢ Aumento de produtividade agrícola.

“¢ Produção de carne e leite de alta qualidade e de forma competitiva.

“¢ Racionalização no emprego da mão de obra e maior eficiência no uso de adubos, máquinas e implementos.

“¢ Aumento de rentabilidade.

“¢ Diminuição de riscos.

“¢ Conservação do meio ambiente e melhoria no uso dos recursos naturais disponíveis.

“¢ Aumento na produtividade das áreas, com a redução dos custos por unidade produzida (uso mais eficiente dos insumos), o que gera elevação de renda para o produtor e consequente ganho na sua qualidade de vida;

“¢ Incremento da produção na pecuária, em decorrência da melhora da produtividade das pastagens e do bem-estar animal, sendo esse último promovido pela sombra das árvores;

“¢ Diversificação das atividades do produtor, reduzindo os riscos de queda de renda na atividade. Assim, mesmo quando o valor de um produto não está bom, pode-se obter maiores ganhos com a venda de outro;

“¢ Conservação e melhoria do solo e da água;

“¢ Disponibilidade de linha de crédito específica para o financiamento da tecnologia, inclusive com juros e prazos bastante atrativos.

“Com a incorporação do componente florestal aos sistemas de ILP, houve um ganho ambiental adicional. As árvores têm a função de quebra-vento, melhoram a reciclagem de nutrientes e propiciam conforto animal“, considera o especialista do IAPAR.

 
Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de fevereiro/março. Adquira já a sua para leitura completa!

ARTIGOS RELACIONADOS

Piscinões são solução para armazenagem de água

  Os piscinões são alternativas encontradas por produtores rurais para utilizar a água de forma mais racional e com maior versatilidade Os piscinões são reservatórios construídos...

Quais os benefícios da aplicação de algas marinhas no alho?

Autores Dra. Lilian A. Saldanha Lima Doutora e gerente de Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado da Acadian Isabella Chesca Jeronimo Engenheira agrônoma e representante...

Novo modelo distribuidor de adubo orgânico garante maior economia para o produtor

Equipamento foi desenvolvido pela Piccin Implementos Agrícolas e confere inúmeros benefícios Aumentar a produtividade é o objetivo de grande parte dos produtores em todo o...

Ácidos húmicos e fúlvicos com Trichoderma

  Claudia Adriana Görgen Engenheira agrônoma, doutoranda em Geociências na UNB claudiadrianagorgen@gmail.com Inicialmente é preciso entender, de forma simples, o que são ácidos húmicos e fúlvicos, quais suas...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!