Manejo do cultivo de alface

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Daniela Aparecida Teixeira
Engenheira agrônoma, mestra e doutora em Horticultura – FCA-UNESP/Botucatu
daniela.teixeira@hotmail.com

Foto: Shutterstock

A primeira prática a ser realizada antes do plantio de alface é análise de solo da propriedade/área cultivada.

A escolha da variedade deve estar alinhada com as condições climáticas da região de cultivo. A espécie se desenvolve na faixa de temperatura de 7 – 18ºC. Em alguns casos, com a utilização de tela de sombreamento, por exemplo, há a possibilidade de se obter alface em temperaturas de 29°C.

Quando a época de cultivo for na primavera ou outono, o ambiente mais adequado é uma área com incidência de radiação direta, ou seja, locais ensolarados. Em contrapartida, quando o cultivo for no verão, esses locais devem ser evitados, quando possível, ou utilizada alguma técnica que minimize a exposição da hortaliça à radiação direta. Em caso de uso de sombreamento, quando a temperatura diminuir, realizar a retirada da tela.

Mudas ideais

As mudas devem ser adquiridas de viveiros certificados, ou produzidas na propriedade com utilização de sementes de boa qualidade. A escolha de mudas ou sementes deve ser realizada com base nas condições do clima da região onde serão cultivadas.

Por se tratar de uma semente muito pequena, é interessante optar por produtos que venham peletizados, pois isso dará uniformidade ao estande. Sempre manter as bandejas, preferencialmente de plástico, em bancadas sem o contato direto com o chão.

As mudas podem ser levadas a campo após 20-30 dias da semeadura e plantadas nos canteiros com espaçamento de 30 centímetros entre plantas.

Dicas

Após a etapa de mudas, para se iniciar o cultivo de alface em campo a área deve apresentar solos bem drenados e com teor de matéria orgânica acima de 2,5%, área com exposição ao sol e com água disponível e de qualidade.

 Para cultivo em campo, observar se na área há risco de erosão, e se houver é importante realizar curvas de nível, terraços, etc. O cultivo pode ser realizado em campo aberto ou protegido, este indicado principalmente em áreas de temperatura mais elevada, ou como ocorre no Sul e Sudeste no inverno, estruturas para concentrar o calor.

Em regiões com alta pluviosidade, uma cobertura plástica, por exemplo, já diminui o dano causado e não é uma estrutura que necessita de grande investimento. Técnica bastante comum no cultivo de hortaliças, os túneis baixos são excelentes para proteção contra pragas.

Aplicação de fertilizantes

Nas folhosas, os fertilizantes sintéticos são aplicados na forma de grânulos, com formulação 10-10-10 (N-P-K) ou misturas de 5-5-5 (N-P-K). São dispostos no canteiro ao redor da planta e levemente incorporados ao solo para que não ocorra contado direto com os tecidos jovens para não danificar o vegetal.

Após a aplicação, entrar com irrigação na área. A aplicação de nitrato de potássio é recomendada em 200 kg por hectare, 35 dias após o transplante.

Para o cultivo orgânico, utiliza-se o esterco curtido incorporado ao solo 15 dias antes do transplante. É importante que seja curtido para não conter sementes de espécies que possam vir a ser problemas futuros. A quantidade é calculada da mesma forma para adubação sintética, pela análise de solo.

Para uma área pouco revolvida, por exemplo, no plantio recomenda-se de 10 a 15 litros de esterco de bovino curtido para cada metro quadrado. A mesma quantidade pode ser substituída por 3,0 a 5,0 litros de esterco de galinha, quantidades menores, pois é mais concentrado.

Recomenda-se, após a incorporação, uma irrigação por semana, até entrar com a cultura. Na adubação de cobertura, são três aplicações de adubo nitrogenado (30 g por metro quadrado e 10 g por metro quadrado, se a escolha for ureia), a primeira pós-pegamento das mudas, a segunda quando ocorrer aparecimento das folhas novas e a última na formação de cabeças.

Há, também, indicação de adubação foliar, para se ter colheita antecipada e um produto com melhores características visuais (1,0 g de sulfato de amônia ou ureia + 0,5 g de molibdato de sódio → 1,0 litro de água. Três aplicações, sendo o molibdato aplicado somente antes do transplante).

Irrigação

O controle do fornecimento de água pela irrigação é fundamental, pois o excesso de umidade beneficia o surgimento de doenças. Recomenda-se irrigar pela manhã ou no final da tarde.

É indicado realizar a rotação com culturas como repolho, cenoura, couve-flor, beterraba e feijão-vagem., para evitar ocorrência de doenças e nematoides.

Ciclo produtivo

A colheita ocorre manualmente, geralmente entre 50 e 70 dias após a semeadura. As variedades crespa e lisa apresentam um ciclo mais curto, de 60 dias, enquanto a americana é colhida com 75 dias.

O espaçamento para essa variedade também é maior que o recomendado para as outras, o que no final das contas justifica o porquê de ter um valor maior na comercialização.

Tendência de mercado

O cultivo hidropônico de alface, que tem ganhado cada vez mais espaço e se tornando uma tendência.

O tipo mais comum utilizado para a alface é com canos de PVC, com pequenos orifícios em toda a superfície ou calhas de telhas, que podem ser acrescidas de substratos com boa ação drenante (areia, argila, expandida, etc.). O funcionamento desse sistema por onde a solução nutritiva percorre garante melhor aproveitamento dos nutrientes e maior desenvolvimento das plantas.

A estimativa dos profissionais da área é que a tendência para os próximos anos seja a Hidroponia. Essa técnica de cultivo permite ao produtor um controle maior da produção, qualidade superior e menor uso de mão de obra.

Além disso, há uma crescente demanda por alimentos minimamente processados, já que são produtos que apresentam ao consumidor praticidade e para quem produz, melhor aproveitamento.

O segmento também tem investido nas fazendas verticais, que consiste em cultivo em prateleiras verticais com melhor aproveitamento do espaço fechado, com uso de luz de LED, controle de temperatura e de dióxido de carbono (CO2), etc.

Investimento

O investimento compensa, uma vez que essas fazendas ficariam localizadas em áreas próximas aos centros consumidores, o que acarretaria numa diminuição dos gastos com transporte/logística.

A estrutura do local para implementação do projeto pode ser montada em galpões, armazéns, prédios localizados no perímetro urbano em regiões com pouca disponibilidade de produtos frescos, etc.

Outros pontos que favorecem o empreendimento são a economia de água, que pode chegar a até 95%, quando comparado ao cultivo em campo aberto, e o encurtamento do ciclo da cultura, garantindo maior produtividade.

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