Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e sócio-diretor da consultoria Resíduo Zero Agro
vermelhonatural@hotmail.com
Os sistemas de produção de morango evoluíram no decorrer do tempo, começando com a produção de canteiros irrigados com cobertura de palha ou plástico. Após, surgiu o túnel baixo, garantindo à planta proteção contra as intempéries do clima.
Mesmo assim, embora tenha sido, na época, uma grande evolução, não solucionava o problema das doenças de solo, que gerava uma enorme perda de plantas por área e, por consequência, perdas de produtividade.
A solução deste problema limitava-se à rotação de culturas. Uma prática de baixa eficiência e, em muitas regiões, de difícil manejo, necessitava de áreas maiores, abertura de estradas, utilização de fontes de água de irrigação distantes e de difícil acesso, infraestruturas móveis e, por consequência, de maior dificuldade de manejo.
Este fator foi visto como importante para a tomada de decisão de utilizar sistemas fora de solo.
Com o aumento das áreas de produção, foi necessário um maior número de trabalhadores na atividade produtiva, devido a esta cultura exigir trabalho intensivo e em condições ergométricas desfavoráveis. Assim, condições melhores de trabalho e uma maior produtividade por área era urgente, para a ampliação do setor. O sistema fora de solo passou a ser uma opção viável.
Como aconteceu
Nos primeiros plantios, a compreensão do funcionamento fora de solo foi precária. Acreditava-se que era o mesmo manejo do solo, mas em uma bancada em substrato este tipo de visão tornou os sistemas fora de solo menos produtivos que os sistemas convencionais.
Com o decorrer do tempo a compreensão da complexidade dos processos produtivos foram aprimorando viabilizando o sistema.
Substratos
No começo, os substratos não atendiam as necessidades da cultura. Os problemas eram diversos, passando por substratos instáveis, não homogêneos, com elementos tóxicos, possuindo agentes patogênicos, capacidade de aeração e umidade inadequados, entre outros.
Com o decorrer do tempo, sugiram substratos comerciais com capacidade de atender o setor de forma mais apropriada. Embora não estejam entre os melhores substratos indicados para estes sistemas, eles utilizam matérias-primas locais e alcançam uma produção satisfatória, com custo adequado.
Evolução da nutrição
As adubações utilizadas também evoluíram. No início se utilizavam adubos inadequados à hidroponia, com adubos que não eram solúveis, formulações que não reagiam entre si e inviabilizavam a fertirrigação. Eram adubos inapropriados para a cultura do morango, com formulações incompletas, com substâncias tóxicas, entre outras.
Embora, atualmente, ainda existam formulações inadequadas, há, no mercado, soluções nutritivas pré-fabricadas, prontas para o uso, e formulações de sais apropriados para esta atividade, que, quando utilizadas com orientação técnica apropriada, atendem as necessidades da atividade.
Atualmente, as tecnologias de fertirrigação disponíveis no mercado são apropriadas para a cultura, possuindo opções tecnológicas adequadas para todos os tamanhos de investimentos.
Realidade
Há desde sistemas manuais a sistemas automáticos de gerenciamento à distância via internet, com sistemas de injeção de nutrientes da tubulação de irrigação. Embora os sistemas tenham evoluído, ainda há problemas estruturais e de manejo, como inadequados números de irrigações e da frequência diária, número insuficiente de irrigações com a utilização de nutrientes; bombas, filtros, dimensões das tubulações e posições dos registros inadequados ao projeto; fontes de água para a fertirrigação não confiáveis e de qualidade duvidosa; fitas de gotejo inapropriadas ou envelhecidas, entre outros.
As estufas
Em relação às infraestruturas de estufas, possui, atualmente, uma diversidade que atende as necessidades de todas as características específicas dos produtores, podendo variar os materiais de construção, como madeira e aço galvanizado, a túneis altos e baixos.
Os controles fitossanitários foram, gradativamente, se adequando aos novos sistemas de cultivo, o que permitiu uma redução do número de aplicações, a utilização de defensivos químicos menos tóxicos e mais eficientes e, recentemente, a utilização de controle fitossanitário biológico, menos nocivo ao consumidor, aos trabalhadores e ao meio ambiente.
Esta evolução do sistema aumentou consideravelmente a produtividade, a qualidade do fruto, reduziu os custos de produção, melhorou a qualidade de vida dos produtores e colaboradores, tornando, em muitas regiões, o sistema de produção preferencial a ser utilizado.
Com os avanços tecnológicos, acredita-se que, nos próximos anos, este se torne um sistema de alto nível de profissionalização.