Manejo inteligente na rebrota de eucalipto

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Vitor Augusto Cordeiro Milagres
Engenheiro florestal, mestre em Engenharia Florestal e diretor da Santa Maria Inovações Agroflorestais santamariaagroflorestal@gmail.com / vitor.acmilagres@gmail.com

Crédito Vitor Augusto Cordeiro

 Afinal, é possível obter altas produtividades em rebrota de eucalipto? Certamente sim, mas para isso é necessário que se realize as práticas silviculturais adequadas para a floresta. Conhecer as características do material genético utilizado e as características edafoclimáticas do local, isto é, o clima e o solo, são indispensáveis para uma produção de alta performance.

Temos presenciado muitas áreas recém-colhidas com um número elevado de ataques de formigas em brotos novos, acarretando em baixa sobrevivência da brotação. Poucos produtores florestais têm se atentado que para uma boa rebrota de eucalipto.

Os cuidados se iniciam antes da colheita: é fundamental pelo menos um controle de formiga no pré-corte do eucalipto 30 dias antes da derrubada da madeira.

Outro fator que temos nos deparado constantemente é a falta do manejo da adubação. Alguns dirão que em áreas de rebrota as raízes do eucalipto já estão estruturadas, sendo capazes de absorver água e nutrientes em camadas profundas, sendo, portanto, desnecessário a adubação.

Todavia, quase em sua totalidade, os solos de plantios florestais são de baixa fertilidade, sendo necessário a devida correção de solo e a fertilização de macro e micronutrientes.

Nutrição ideal

Para uma efetiva adubação, é necessário a coleta de solo e interpretação das análises laboratoriais para, enfim, realizar a recomendação de adubação que deve conter, além da dosagem e formulação do adubo, as fontes adequadas, onde se deve aplicar e quando se deve aplicar os fertilizantes.

A aplicação de dosagens generalistas para toda a floresta, sem os cuidados técnicos citados, além de não atender a demanda nutricional do eucalipto, faz com que o produtor tenha um gasto desnecessário com o fertilizante, que hoje é um dos insumos mais caros para a produção florestal.

Por fim, outro gargalo observado é a falta de retirada dos brotos excedentes, de modo que a produção de madeira que deveria ser direcionada para um ou dois brotos é redistribuída para quatro, cinco e até mais brotos de diâmetro fino, reduzindo o rendimento do produto final, seja a polpa celulósica, o carvão vegetal ou, ainda, a madeira para serraria.

Cuidados

Um cuidado que se deve ter ao realizar a desbrota é o deslocamento completo da gema lateral, evitando assim o retorno do broto naquele ponto. Cavadeiras e chibancas têm sido usadas como ferramenta para desbrota por produtores com resultados satisfatórios, sendo melhor do que a foice e a motopoda.

Estes últimos, por não tirarem a gema, fazem com que seja necessária uma nova desbrota um ano depois, sem contar o risco de acidente de trabalho.

Além desses aspectos, é importante que o gestor florestal entenda e conheça quais são os demais fatores que impactam negativamente no ganho da produtividade, e busque alternativas eficazes e sustentáveis como solução, tais como controle de matocompetição, de pragas e doenças, limpeza dos tocos, entre outros.

Sobretudo, é importante uma conscientização que os plantios florestais, especialmente as áreas de rebrota, devem ter os devidos cuidados técnicos, assim como são exigidos pelos cultivos agrícolas. Pensando dessa forma e com um manejo apropriado, o ganho com a rebrota pode ser iguais ou até superiores ao obtidos no plantio, trazendo um melhor retorno econômico para o produtor florestal.

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