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Mecanização – Um caminho sem volta

Eng. Agro. MSc. Felipe Santinato

fpsantinato@hotmail.com

Eng. Agro. Alino Pereira Duarte

Prof. Dr. Rouverson Pereira da Silva

Eng. Agro. Roberto Santinato

A evolução tecnológica é uma realidade presente nas lavouras de café de todo o Brasil. Pela escassez de mão de obra e qualidade exigida pelo mercado, a mecanização é um caminho sem volta

Mecanização do café - Créditos Jacto
Mecanização do café – Créditos Jacto

O sucesso do setor agrícola exige a modernização das práticas culturais, e um dos pilares desta modernização é a mecanização. Na cultura do café há três pilares que auxiliam no aumento da produtividade e na redução do custo de produção, sendo eles: irrigação, mecanização e agricultura de precisão.

A mecanização pode ser utilizada em praticamente todas as operações de manejo da cultura. As únicas exceções são as podas por desbrota, tanto em lavoura adulta quanto naquelas recém-recepadas.

Uma máquina pode substituir o trabalho de até 80 homens - Crédito Jacto
Uma máquina pode substituir o trabalho de até 80 homens – Crédito Jacto

A mecanização está presente em todas as etapas do cultivo do café, do preparo do solo à colheita e recolhimento mecanizado do café do chão. O fator preponderante para a mecanização é o relevo em que a lavoura está plantada. Lavouras situadas em elevadas declividades não possibilitam a mecanização de algumas operações.

Uma das operações mais afetadas pela declividade é a colheita mecanizada do café, devido à altura da máquina, principalmente. Com isso, as regiões com maior possibilidade de expansão de mecanização são o Cerrado de Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo, com relevos até ondulados. Apesar disso, a evolução da indústria das colhedoras permitiu a adaptação delas para tais situações.

Na prática

Realizou-se, no ano de 2014, um experimento no município de Santo Antônio do Amparo (MG), em lavouras de café cultivar Mundo Novo, com altura média de 4,0 m, espaçadas em 3,8 m entrelinhas e 0,7 m entre plantas, totalizando 3.759 plantas ha-1.

Tanto regiões planas como montanhosas podem ser mecanizadas - Crédito Eder Pedroza
Tanto regiões planas como montanhosas podem ser mecanizadas – Crédito Eder Pedroza

Estudou-se a eficiência de colheita e a capacidade de campo operacional (rendimento da máquina) de uma colhedora automotriz com 1.336 horas de uso, operando nas declividades de 10; 15; 20; 25 e 30%.

O experimento concluiu que há a possibilidade de colher café em declividade de até 30%, sem alteração na eficiência de colheita, mas com acréscimo de até 21,6% no tempo demandado para a colheita.

Além da possibilidade de utilização deste tipo de colhedora, o cafeicultor deve adaptar os carreadores da fazenda, facilitando as manobras das máquinas, eliminar linhas de café em situações muito íngremes e, em alguns casos, fazer curvas de nível.

Tais medidas permitem que as operações mecanizadas (e a colheita é uma das mais dependentes da declividade), sejam totalmente realizadas em fazendas que antes eram tidas como inapropriadas para a mecanização. Essas medidas permitem a intensificação das demais operações mecanizadas no café, como as pulverizações, por exemplo.

Em algumas regiões cafeeiras, nota-se o costume de não proceder o número adequado de pulverizações para fornecimento de nutrientes nos períodos adequados, como Ca e B na pré e pós-florada, e de defensivos.

No entanto, grande parte da cafeicultura está presente em área montanhosas, como na Zona da Mata de Minas Gerais. Nessas circunstâncias, novas máquinas devem ser desenvolvidas para substituir total ou parcialmente a necessidade de mão de obra.

A maturação uniforme é essencial para a colheita mecanizada - Crédito Valéria Vidigal
A maturação uniforme é essencial para a colheita mecanizada – Crédito Valéria Vidigal

Custos

Com relação aos custos envolvidos nas operações mecanizadas e manuais na lavoura de café, tem-se, no quadro abaixo, o custo horário das principais operações realizadas na cultura do café (Tabelas 1 e 2).

Evidentemente que os custos sofrem variações de região para região, de lavoura para lavoura, devido ao preço pago aos trabalhadores, capacidade de campo operacional e gestão da propriedade.

Tabela 1. Custo horário, capacidade de campo operacional, custo complementar e custo total das operações mecanizadas na lavoura de café.

Operação

Custo horário da operação (R$ h-1)

CCO (ha h-1)*

Custo complementar (R$ ha-1)

Custo total por ha (R$ ha-1)

Subsolagem em área total

77,08

0,27

0,00

277,50

Aração em área total

68,59

0,33 a 0,28

0,00

205,77 a 240,06

Gradagem em área total

56,59

0,42

0,00

135,82

Gradagem após subsolagem

56,59

1,33 a 1,0

0,00

42,44 a 56,59

Sulcamento

56,06

1,00

0,00

56,06

Adubação de sulco

58,49

1,66

7,37

42,46

Plantio

120,55

0,25

166,60

636,74

Controle do mato

58,43

1,11 a 0,83

0,00

52,58 a 70,11

Adubação de cobertura

58,81

1,66

7,37

42,46

Pulverização

58,81

1,66

6,06

41,34

Subsolagem

56,06

0,83

0,00

67,27

Trinchagem

57,23

0,50

0,00

114,46

Sopramento/enleiramento

59,82

0,42

0,00

143,56

Colheita da planta****

195,01

0,53 a 0,26

0,00

370,52 a 741,04

Recolhimento

68,58

0,21

0,00

329,18

Esqueletamento mais trinchagem**

58,43

0,42

137,33

254,66

Recepa (corte mais remoção de lenha)

57,55

0,42

223,40

361,51

Decote mais trinchagem**

57,54

0,83

137,32

184,49

Recepa total***

0,21

360,73

616,18

*CCO = Capacidade de campo operacional

**A trinchagem apresenta custo hora de R$ 57,22 e esta sendo multiplicada por 2,0 h ha-1, sendo uma operação complementar à poda, o valor do rendimento operacional é inerente apenas a operação da poda.

***Recepa total = Esqueletamento, trinchagem, corte recepador e remoção da lenha.

****Varia conforme a velocidade operacional, no caso adotou-se 800,0 e 1.600,0 m h-1.

Tabela 2. Custo horário, capacidade operacional de mão de obra, custo das operações complementares e custo operacional total das operações manuais na cultura do café.

Operação

CCOM

(homem dia-1)*

Custo do pessoal operacional (R$ ha-1)

Custo complementar (R$ ha-1)

Custo total por ha (R$ ha-1)

Adubação de plantio

1

48,48

15,15

63,63

Plantio

17

824,16

174,59

998,75

Controle do mato em lavoura nova

7

349,06

0,00

349,06

Adubação de cobertura em lavoura nova

1

48,48

63,53

112,01

Adubação de cobertura em lavoura velha

1

48,48

63,53

112,01

Pulverização em lavoura nova

0,5

24,24

0,00

24,24

Pulverização em lavoura adulta

2

96,96

0,00

96,96

Controle do mato em lavoura adulta

5

242,40

0,00

242,40

Esqueletamento mais trinchagem**

9

436,32

254,12

690,44

Recepa (corte mais remoção)

1

48,48

276,15

324,63

Recepa total***

484,80

530,27

1.051,07

Decote mais trinchagem**

6

290,88

130,08

420,96

Desbrota

6

290,88

0,00

290,88

Remoção de lenha

4

193,92

0,00

193,92

*CCOM = Capacidade de campo operacional da mão de obra.

**A trinchagem apresenta custo hora de R$ 57,22 e esta sendo multiplicada por 2,0 h ha-1, sendo uma operação complementar à poda, o valor do rendimento operacional é inerente apenas a operação da poda.

***Recepa total = Esqueletamento, trinchagem, corte recepador e remoção da lenha.

Essa é parte da matéria de capa da edição de Abril da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura completa.

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