Produção de milho: quais as estratégias? Confira neste artigo dicas para se produzir milho, com direito aos cuidados na propagação de doenças, as questões climáticas e as tecnologias utilizadas na cultura.
Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – Instituto Federal Goiano – Campus Morrinhos, Morrinhos (GO)
rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Gabriela Araújo Martins
gabriela.martins@estudante.ifgoiano.edu.br
Ana Paula Gonçalves Ferreira
ana.goncalves@estudante.ifgoiano.edu.br
Isabeli Barbosa Brito
isabeli.brito@estudante.ifgoiano.edu.br
Graduandas em Agronomia – IF Goiano – Campus Morrinhos
O milho é considerado uma cultura estratégica para o alicerce da agricultura brasileira, em razão das diversas possibilidades de cultivo, como por exemplo, em sucessão de cultivo, consorciado com outras espécies, em sistemas integrados e sistemas de plantio direto.
Porém, para que isso ocorra de forma eficaz, deve haver uma diversidade de tecnologias que devem ser empregadas nas regiões produtoras para aumentar as ofertas de grãos e impactar nos preços das commodities agrícolas.
Para atender toda a demanda nacional, é preciso investir em pesquisas para garantir uma maior produtividade, consequentemente, maior produção. Com a finalidade de cultivar o milho em diversas épocas do ano e, para tal, ter cultivares adaptadas para diversas regiões, a Embrapa Milho e Sorgo, com a colaboração de empresas produtoras de sementes de milho do Brasil, tem realizado pesquisas para disponibilizar cultivares no mercado, produtivas e também com resistências a pragas e doenças, herbicidas, como por exemplo o glifosato.
Propagação de pragas e doenças
Devido à diversidade de condição climática do Brasil, ocorre o favorecimento de diversos patógenos e pragas no milho, de modo que tem sido desafiador o manejo fitossanitário para a produção de milho.
Logo, os profissionais têm recomendado uma série de medidas para manejo de pragas e doenças, destacando-se o uso de cultivares resistentes (transgênicas ou convencionais), semear o milho em época adequada para evitar que a cultura coincida com a época favorável da doença, utilizar sementes tratadas e vigorosas, realizar rotação de cultura, adubação equilibrada e população de plantas adequado.
Questões climáticas influenciam na produção de milho
Devido à grande extensão geográfica do País, bem como à dispersão da cultura do milho, os efeitos das anomalias climáticas podem apresentar diferenças em cada região, dependendo do ciclo vegetativo em que a cultura se encontra. Em 2020, ocorreu a estiagem devido à formação do La Ninã e, em 2021, as frentes frias nos meses entre junho e agosto.
De acordo com o boletim da Conab (2022), o clima se encontra bem desafiador para a safra brasileira de grãos. O País tem registrado grandes volumes de chuva e altas temperaturas e na região centro-oeste, os maiores volumes de chuva acumulados foram observados nos Estados de Mato Grosso, Oeste de Goiás e Nordeste do Mato Grosso do Sul, predominando cerca de 250 a 400 mm, dentro da faixa normal do período ou mesmo acima.
No Distrito Federal e Sul do Mato Grosso do Sul, tiveram chuva abaixo da média, com cerca de 90 a 230 mm.
Além disso, mudanças climáticas podem acarretar uma grande infestação de pragas e doenças, trazendo riscos à produção. Um exemplo disso é a lagarta-do-cartucho, praga-chave do milho, que em temperaturas mais altas pode ameaçar a lavoura.
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Tecnologias utilizadas na produção de milho
Cada vez mais, produtores têm se aliado às tecnologias para garantir a produção de sua lavoura. A tecnologia no campo não fica somente limitada a máquinas e implementos ágeis, tecnológicos e milionários, mas às sementes geneticamente melhoradas, bom preparo, manejo do solo e utilização do controle biológico na melhoria do solo e manejo de pragas e doenças.
A região centro-oeste possui uma grande participação no cenário do agronegócio brasileiro, pois investe bastante em tecnologias, como a utilização de mão de obra especializada, compra de maquinários e insumos agrícolas. Por isso, o Mato Grosso segue sendo o primeiro Estado brasileiro produtor de grãos do País.
Na cultura do milho, a liberação dos transgênicos foi uma tecnologia que alavancou o melhoramento genético e inseriu a tecnologia, possibilitando a criação de sementes de melhor qualidade, adaptadas a diversas condições e tolerantes a pragas e doenças.
Além disso, a criação de softwares que contribuem para a agricultura de precisão também ajudou bastante no aumento da produção. As informações sobre clima e tempo mais acessíveis ao produtor possibilitaram a implantação da cultura em época favorável ao seu desenvolvimento.
Novidades na produção de milho
O Sistema Antecipe é fruto de 13 anos de pesquisas realizadas pela Embrapa, juntamente com outras parcerias, visando fomentar a demanda brasileira pelo aumento de produtividade no sistema de sucessão soja–milho safrinha.
O Antecipe é uma tecnologia desenvolvida para minimizar riscos em áreas semeadas fora da janela ideal para cada região. É um modelo de cultivo antecipado da safrinha do milho, em que sua semeadura é realizada nas entrelinhas da soja quando atinge o estádio fenológico de enchimento de grãos (R5).
Portanto, visa estabelecer antecipadamente a cultura do milho, ganhando pelo menos de dias, posicionando a cultura fora de condições climáticas desfavoráveis que ocorrem ao final verão e no início do outono. Este milho precocemente plantado assegura maior teto produtivo em épocas de semeadura mais tardias.
O planejamento para implantação do milho deve ser pensado para que a cultura esteja por volta do estádio de desenvolvimento vegetativo (V5) no momento em que a soja estiver sendo colhida.
Contudo, o milho inevitavelmente sofre desfolha proveniente da colheita mecanizada, porém, sem comprometer a sua produtividade, já que a parte aérea perdida neste estádio tem contribuição mínima para produção e enchimento de grãos.
Isso é possível devido a uma característica curiosa desta cultura, pois no seu estádio V5, o tecido meristemático, ponto de crescimento do milho, ainda está abaixo do solo, portanto, logo após a desfolha haverá rebrota, com emissão de novas folhas.
Fixação biológica de nitrogênio
O nitrogênio é um dos nutrientes mais exigidos na cultura do milho, pois a falta dele poderá comprometer toda a produção. A análise de solo determinará qual a quantidade necessária para determinada área de cultivo.
Pesquisas têm demonstrado que a inoculação de sementes de milho com Azospirillum brasilense promoveu incremento no número total de folhas, altura de plantas e de inserção da espiga, o que influencia em maior produtividade.