Obra foi coordenada e lançada pela Fundecitrus; Inseto é uma
importante praga dos pomares comerciais de citros em várias partes do mundo
Pesquisadores do Instituto Biológico (IB-APTA),
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, produziram
o conteúdo técnico do “Manual de moscas-das-frutas: medidas para o
controle sustentável”, disponibilizado gratuitamente de formas online e
impressa pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). O acesso pode ser
feito em: http://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/manual_detalhes/mosca-das-frutas/86
A publicação reúne informações sobre as espécies de moscas-das-frutas
prejudiciais aos citros, suas características, ocorrência, ciclo de vida e
sintomas dos ataques, além das principais medidas para o monitoramento e manejo
dentro das propriedades visando à manutenção da população em baixos níveis, com
redução dos danos causados à produção. O conteúdo técnico da obra foi feito
pelos pesquisadores do IB, Adalton Raga e Miguel Francisco de Souza Filho, sob
coordenação de Haroldo Xavier Linhares Volpe, da Fundecitrus.
Segundo Raga, as moscas-das-frutas estão entre as mais importantes pragas de
pomares comerciais no mundo. No Brasil, até o momento, duas espécies de
moscas-das-frutas da família Tephritidae atacam plantas do cinturão citrícola:
Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata. Estima-se que na safra de 2019/20,
as moscas-das-frutas e o bicho-furão causaram queda de 4,29% de frutas cítricas
no cinturão citrícola, o que representa, aproximadamente, 17 milhões de caixas
de laranja. A praga só causou menos prejuízo do que os danos naturais e
mecânicos, além do Greening.
“As duas espécies de mosca-das-frutas que ocorrem no cinturão citrícola de
São Paulo causam prejuízos dentro e fora da porteira porque são pragas
quarentenárias para países importadores de vários continentes e provocam
restrição no comércio internacional de frutas frescas. Além disso, mesmo após a
colheita, as larvas continuam se desenvolvendo em frutos assintomáticos, os
quais são comercializados e, posteriormente, descartados pelo mercado varejista
ou pelo consumidor”, afirma o pesquisador.
De acordo com os autores, o controle biológico de moscas-das-frutas no estado
de São Paulo teve início na primeira metade do século passado, com a tentativa
de estabelecimento de uma espécie exótica de parasitoide da
mosca-do-mediterrâneo Ceratitis capitata. Ainda nas décadas de 1930 e 1940, a
citricultura paulista adotou as iscas tóxicas como ferramenta principal do
manejo. A partir da segunda metade do século passado, iniciou-se o uso de
inseticidas em cobertura, especialmente organofosforados. O emprego de
inseticidas foi intensificado com a introdução no Brasil de bactérias da CVC e
do Greening, cujos insetos vetores exigiram pulverizações em cobertura.
“Recentemente, houve incremento dos danos causados por moscas-das-frutas
na citricultura, mesmo nos pomares submetidos a aplicações sucessivas de
defensivos visando ao controle de insetos vetores. É reduzido o número de
propriedades que realizam o monitoramento e que adotam outros métodos de
controle. O sucesso do manejo das moscas-das-frutas está ligado ao manejo
ambiental, que depende muito do conhecimento e das ações de manejo além dos
limites dos talhões”, afirmam os autores