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Mudas florestais respondem com sanidade aos fertilizantes de liberação lenta

Luíz Paulo Figueredo Benício

Doutor em Solos e Nutrição de Plantas

luizpaulo.figueredo@gmail.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Na natureza existem centenas de elementos químicos, no entanto, apenas alguns são necessários para o crescimento e desenvolvimento de plantas, os chamados nutrientes.

Estes nutrientes encontram-se no solo adsorvido em coloides minerais e orgânicos, os quais são absorvidos pelas raízes das plantas. Os nutrientes em condições naturais são fornecidos para o sistema solo-planta através da ciclagem biogeoquímica. Além do ciclo biogeoquímico dos nutrientes, a adição de fertilizantes pelo homem também contribui para o ingresso destes no sistema solo-planta.

Ação no solo

O uso de fertilizantes promove a melhoria nos níveis de nutrientes no solo. Nos últimos anos, na busca pelo aumento de produtividade os produtores acabam optando por aumentar as quantidades utilizadas de fertilizantes.

Imagem - Fertilizante de liberação lenta..(apenas para visualização)

Figura 1 –Consumo mundial de fertilizantes químicos desde 2002 na agricultura

Os dados dos fertilizantes referem-se aos nutrientes consumidos pela agricultura sendo expressos em toneladas consumidas por ano

Fonte: http://faoestat.fao.org/

Equilíbrio é fundamental

Este aumento, quando feito de forma inadequada, utilizando quantidades inadequadas, pode “agredir“ o meio ambiente. Desta forma, alcançar boas produtividades com sustentabilidade é um dos maiores desafios da agricultura para os próximos anos.

Diante de tal problema, tanto a pesquisa quanto os produtores devem buscar alternativas para diminuir o risco ambiental sem que percam em produtividade. Neste contexto podemos citar como alternativa o uso de fertilizantes de liberação lenta.

Estes fertilizantes liberam os nutrientes de forma gradual em função do tempo, e de forma sincronizada com a demanda das plantas, o que reduz as perdas (que causam contaminação ao meio ambiente) e melhora o aproveitamento pelas plantas.

Produção de mudas florestais

O setor florestal tem grande importância em todo o mundo, pois esta atividade fornece energia, matéria-prima para a indústria da construção civil, entre outros. No Brasil, apresentam-se ainda características mais singulares pelo fato de o País estar entre os principais detentores de recursos florestais abundantes, sendo o único que possui extensa área de florestas tropicais.

Produzir mudas de qualidade é de grande importância, uma vez que o desempenho final das plantas em canteiros de produção depende desta etapa. Uma muda bem formada e nutrida adequadamente apresenta elevado potencial de produção final, comparada a mudas de má formação.

Uma muda bem formada e nutrida adequadamente apresenta elevado potencial de produção - Crédito Bruna Souto
Uma muda bem formada e nutrida adequadamente apresenta elevado potencial de produção – Crédito Bruna Souto

Detalhes importantes

Na produção de mudas, basicamente, são necessários o substrato, o recipiente para acondicioná-lo e o fertilizante. O fertilizante a ser utilizado deve conter os nutrientes essenciais (macro e micro), e estes normalmente são aplicados na forma sólida.

Devido à etapa de produção de mudas ser realizada em recipientes com pequenas quantidades de substrato e sob intensa irrigação, a perda de nutrientes aplicados pode ser elevada. Desta forma, a utilização de fertilizantes de liberação lenta pode ser uma alternativa para redução das perdas e melhoria na qualidade nutricional das mudas das mais diversas espécies florestais.

Fertilizantes de liberação lenta

Atualmente, quase todos os nutrientes podem ser utilizados em fertilizantes de liberação lenta, em diferentes tecnologias existentes. A tecnologia mais comum atualmente, e que engloba a aplicação de macro e micronutrientes, é o uso de fertilizantes com grânulos encapsulados ou revestidos.

Os fertilizantes encapsulados são revestidos por um polímero permeável à água. Esta resina de recobrimento controla a liberação de nutrientes. Depois de sua aplicação, a solução do substrato atravessa a camada de resina e dissolve os nutrientes no interior da cápsula, que vão sendo liberados osmoticamente para as mudas, de forma gradual.

Esta tecnologia de fertilizante tem apresentado resultados satisfatórios, todavia possui algumas limitações, às quais o produtor deve estar atento. Por se tratar de uma proteção física, é importante o cuidado no transporte e armazenamento do fertilizante, pois caso o polímero que reveste o grânulo seja quebrado, o efeito de liberação lenta deixará de existir, fazendo com que o comportamento seja de um fertilizante solúvel comum.

Além da tecnologia de revestimento de grânulos, existem também disponíveis no mercado tecnologias que reduzem as perdas de nitrogênio por volatilização (ureia com inibidores de uréase) ou por lixiviação (fertilizantes com inibidores de nitrificação). Estas tecnologias também têm apresentado resultados eficientes, no entanto, são mais recomendadas para o campo, onde estes problemas são mais intensificados e também pelo seu elevado custo.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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