Valentina Casonatto e Bruna Scotton, membros do Núcleo Jovem Coplacana, fazem parte da nova geração do setor que prevê maior equidade de gênero
Valentina Casonatto e Bruna Scotton fazem parte da nova geração do agronegócio, com jovens que cresceram no campo e após formados se voltaram às atividades agrícolas entusiasmados por inovação e tecnologia. No caso das jovens, filhas e netas de cooperados da Coplacana, em Piracicaba, ambas relatam os desafios de ser uma profissional feminina dentro e fora da porteira e como o Núcleo Jovem Coplacana, iniciativa da cooperativa, vem auxiliando no processo de continuidade familiar e troca de experiências sobre o agronegócio.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) mostrou que aos poucos os jovens estão se interessando pelo trabalho rural. Houve um aumento de 15% para 27% da presença de pessoas entre 20 anos e 35 anos.
As mulheres também fazem parte desse novo momento do agronegócio, mais jovem e inclusivo. No Censo Agropecuário do IBGE de 2017 foi possível identificar que 947 mil mulheres estão no comando de propriedades rurais no Brasil.
Valentina Casonatto, de 21 anos, faz parte da terceira geração de produtores rurais. Seu avô foi cooperado e junto do irmão decidiu dar início ao plantio de cereais, exclusivos para subsistência, como arroz, milho e feijão. Com o tempo, os dois passaram a se dedicar à cultura de cana-de-açúcar, que seria o começo do legado da família Casonatto.
Com o agro fazendo parte de seu dia-a-dia, a jovem se interessou pelo setor e decidiu prestar engenharia agronômica para que pudesse manter a tradição da família. Atualmente Valentina faz parte do Núcleo Jovem Coplacana, iniciativa da cooperativa para preparar jovens para o processo de sucessão, além de tirar dúvidas, compartilhar conhecimento técnico e troca de experiências.
“O Núcleo está sendo um canal essencial e o que está mais próximo a mim no momento. Eu sei que o projeto vai me ajudar tanto no caminho para uma possível sucessão, quanto no mercado de trabalho ou na propriedade da minha família”, diz Valentina.
Assim como seu pai, a jovem passou a dominar a cultura de cana-de-açúcar e considera incrível a capacidade da planta de renovação, nascer, brotar e se desenvolver. “Eu acho isso muito bonito na cana, e por ser da minha região, estar no meu convívio e da minha família, são fatores que influenciaram minha escolha”, diz ela.
Bruna Scotton, membro do Núcleo Jovem Coplacana, como Valentina, nasceu em área rural e quando pequena assistia seu pai trabalhando com gado de corte que mantinham na propriedade. Em seguida, o pai da jovem passou a mexer também com cana de açúcar, cultura que estaria muito presente no futuro da engenheira agrônoma.
O pai da jovem a aconselhou a seguir outras profissões, mas Bruna teve certeza sobre sua carreira após uma visita realizada à Esalq enquanto estava no ensino médio . “Eu acho que mulheres no agro são um orgulho. A gente vê muitas influencers, muitas mulheres que sentem orgulho e isso impulsiona as outras”, conta.
Atividades no campo como aragem da terra, plantio, irrigação, colheita e todas as outras etapas até que o alimento chegue à mesa, automaticamente são associadas a homens, por serem serviços braçais, entretanto, mesmo nessas áreas, mulheres vêm ganhando protagonismo.
“Posições que antes eram totalmente masculinas, como operadora de colhedora, estão com maior atuação de mulheres. Elas são mais cuidadosas com o equipamento, deixam mais limpo e tem o medo de não quebrar o equipamento”, relata Bruna.
De acordo com a agrônoma, até mesmo as empresas passaram a mudar seus conceitos para ter mais equidade de gênero dentro das instituições. “Por mais que ainda tenha machismo, eu sinto que a gente está indo pelo caminho certo. Começamos a trilhar essa trajetória para equidade e isso me deixa muito feliz”, celebra Bruna.