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Nitrogênio – O nutriente a favor do milho

 

 

Pedro Augusto Silva Fernandes

Graduando em Engenharia Agronômica – Universidade Federal de São João Del-Rei ” Campus Sete Lagoas Minas Gerais e vice-presidente do GEFIT ” Grupo de Estudos em Fitotecnia

gefit@ufsj.edu.br

Crédito Shutterstock
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Nos últimos anos, estamos presenciando um considerável aumento na produtividade da cultura do milho no Brasil, sendo cada vez mais comum encontrar colheitas com médias acima de 10.000 kg/ha, com alguns agricultores chegando a impressionantes 15.000 kg/ha. Todo esse sucesso produtivo pode ser atribuído ao grande avanço tecnológico, como a adoção de milho Bt, aliado à maior fertilidade do solo, além de práticas mais eficientes de manejo e adubação nitrogenada.

O nitrogênio é, em geral, o elemento que as plantas necessitam em maior quantidade. Porém, devido à multiplicidade de reações químicas e biológicas, à dependência das condições ambientais e ao seu efeito no rendimento das culturas, o N é o elemento que apresenta maiores dificuldades de manejo na produção agrícola, mesmo em propriedades tecnicamente orientadas.

As formas preferenciais de absorção de N pelas plantas são a amônia (NH4+) e o nitrato (NO3-). Compostos nitrogenados simples, como ureia e alguns aminoácidos, também podem ser absorvidos, mas são poucoencontrados na forma livre no solo.

Dentro da planta o nitrogênio faz parte de muitos compostos, principalmente das ‘proteínas’. Para fazer parte de aminoácidos (formadores de proteínas), o N deve estar na forma de amônio. O nitrato absorvido deverá, portanto, ser reduzido a amônia. Essa redução é catalisada pela enzima nitrato-redutase nas células da raiz, embora as células de outros tecidos das plantas também possuam esta capacidade. A síntese da maior parte dos compostos orgânicos ocorre nas folhas.

Para o milho

Entre os fatores responsáveis pela alta produtividade da cultura do milho nos EUA está o aumento expressivo do uso dos fertilizantes nitrogenados. Segundo Lemaire & Gastal (1997), o N é o elemento exigido em maior quantidade pelo milho, e é o que mais frequentemente limita a produtividade de grãos.

Enquanto no Brasil a quantidade utilizada desse nutriente é, em média, de 60 kg ha-1, na China é de 130 kg ha-1 e nos Estados Unidos, de 150 kg ha-1 (International Fertilizer Industry Association, 2002).

Segundo Uhart & Andrade (1995) e Escosteguy et al. (1997), o N determina o desenvolvimento das plantas de milho, com aumento significativo na área foliar e na produção de massa de matéria seca, resultando em maior produtividade de grãos.

A recuperação aparente do N do fertilizante vem sendo usada como uma estimativa da eficiência da adubação, que decresce com o aumento da dose aplicada. No entanto, segundo Grove (1979), é a recuperação líquida do N, ou seja, o aumento da quantidade de N na matéria seca da parte aérea por unidade do fertilizante que melhor relaciona a absorção de N pela cultura com o N aplicado.

Sem errar

Quando as doses de N são maiores, a recuperação deste tende a diminuir, como observado por Melgar et al. (1991) e Grove et al. (1980), que obtiveram 36 e 40% de recuperação do N aplicado na cultura do milho, na forma de ureia, nas doses de 120 e 140 kg ha-1 de N, respectivamente.

A baixa eficiência de recuperação do N do fertilizante tem sido atribuída, principalmente, às perdas gasosas do N (volatilização e desnitrificação). As perdas do fertilizante nitrogenado pordesnitrificação têm sido estimadas em menos de 10% na cultura do milho (Hilton et al., 1994), porém, a perda de amônia (N-NH3) por volatilização, quando a ureia não é enterrada, ou incorporada ao perfil do solo pela água da chuva ou de irrigação, pode atingir de 31 a 78% do total de N aplicado (Lara Cabezas et al., 1997).

Os fertilizantes nitrogenados proporcionam incremento de produção - Crédito Shutterstock
Os fertilizantes nitrogenados proporcionam incremento de produção – Crédito Shutterstock

Dinâmica no solo

As práticas de manejo do solo, as condições climáticas, a época de aplicação do N e as características do solo são responsáveis pela dinâmica do N. Nesse contexto, Costa et al. (2004) avaliaram as perdas de N, na forma de amônia, provenientes da aplicação da ureia em três solos argilosos submetidos a diferentes regimes de umidade e com diferentes características químicas e mineralógicas.

Esses autores observaram que os solos apresentaram diferenças quanto às perdas de N-NH3, em função da umidade inicial e da composição mineralógica da fração argila. Para condições de solos saturados por água essa característica não foi influenciada.

Quando aplicar

Recomenda-se fazer a adubação nitrogenada em cobertura, no solo ou via água de irrigação, quando as plantas apresentarem de seis a oito folhas bem desenvolvidas. Para os plantios em sucessão e/ou em rotação com soja, deduzir 20 kg/ha de N da recomendação de adubação em cobertura. No plantio direto, recomenda-se aumentar a adubação nitrogenada de plantio para 30 kg/ha de N.

Em solos arenosos, a adubação nitrogenada deve ser parcelada em duas aplicações, com seis e com dez folhas. Quando o fertilizante nitrogenado for a ureia, esta deve ser incorporada a uma profundidade de cerca de 05 cm, ou via água de irrigação.

Essa matéria você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar.

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