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Novidades no manejo biológico de pragas

Descubra as últimas inovações no manejo biológico de pragas.

Madelaine Venzon
PhD em Entomologia e pesquisadora da área de controle biológico da EPAMIG
madelaine@epamig.br

Madelaine Venzon, pesquisadora da EPAMIG
Créditos: Madelaine Venzon

O manejo biológico trata de um conjunto de estratégias que são utilizadas para manter as populações das pragas das culturas em níveis abaixo do dano econômico, via aumento e conservação dos inimigos naturais das pragas agrícolas. Estão incluídas estratégias preventivas, como o manejo da agrobiodiversidade, e curativas, como o controle biológico aumentativo via liberação de inimigos naturais. Essas estratégias, juntamente com outras medidas de controle cultural, uso de extratos botânico e de variedades resistentes, são integradas para o sucesso no manejo das pragas.

Principais agentes biológicos

Pode-se dividir em dois grandes grupos os agentes biológicos que são utilizados no controle biológico aumentativo – os macro e os microbiológicos. Os macro são representados por insetos (ex. predadores da família Chrysopidae, Coccinellidae) e ácaros predadores (ex. predadores da família Phytoseiidae) e por insetos parasitoides (ex. parasitoides das famílias Scelionidae, Trichogrammatidae).
Os microbiológicos são entomopatógenos, agentes que causam doenças em insetos, e entre os principais estão os fungos (ex. Beauveria bassiana, Metarhizium spp.), bactérias (Bacillus spp.) e virus (ex. Baculovirus spp.). No sistema Agrofit do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) estão listados todos os produtos registrados e disponíveis no mercado.

Diversidade biológica

A diversidade de plantas na paisagem agrícola, quando estrategicamente planejada, pode promover a conservação e o aumento dos diversos inimigos naturais que são encontrados naturalmente nos agroecossistemas, mas em número reduzido devido à falta de recursos.
Por meio de estratégias como arborização, manejo de plantas espontâneas, uso de coberturas verdes e manutenção de fragmentos florestais nativos, pode-se fornecer os recursos que estão escassos ou mesmos ausentes nas monoculturas.
Isso acontece porque os inimigos naturais possuem demandas diferentes dos insetos fitófagos (pragas), como a necessidade de alimentos alternativos, além das presas e dos hospedeiros, como pólen e néctar. Esses alimentos são extremamente importantes para os inimigos naturais, pois algumas espécies não predam ou parasitam durante algum estágio de vida e dependem de alimento fornecido por plantas. Também, com essa disponibilidade de recursos nos plantios, os inimigos naturais podem permanecer na área mesmo em períodos com baixa disponibilidade de presas e hospedeiros, e assim prevenirem surtos populacionais nos cultivos.
Em monoculturas com uso de herbicidas, por exemplo, não há como esses insetos sobreviverem. Além disso, muitos predadores importantes, como as vespas e as formigas, necessitam de locais para nidificação, como árvores e arbustos. Ainda, os entomopatógenos são favorecidos nos ambientes diversificados, devido à manutenção de um microclima adequado, com umidade e temperatura constantes e menor incidência de luz solar direta no solo, já que muitos desses se encontram no solo.

Dependência de agroquímicos

Com a utilização de tecnologias que aumentem a biodiversidade funcional, há uma maior atuação dos agentes naturais de controle biológico de pragas. Em situações onde os níveis populacionais estão aumentando, pode-se utilizar produtos biológicos de maneira curativa, os quais estão disponíveis no mercado e são registrados no MAPA. Há, também, a possibilidade da produção on farm de insumos biológicos, que deve seguir rigorosamente as normas de segurança e qualidade para que o produto final seja eficiente e não cause riscos.

O que ainda há por saber do manejo biológico de pragas

Os benefícios do manejo biológico são múltiplos, desde o aumento da biodiversidade, tanto dos agentes de controle biológico como de polinizadores e decompositores, redução de intoxicações em campo e resíduos no produto final e nas águas e ganhos econômico, quando essas tecnologias foram usadas com base na ciência e com o planejamento prévio. Também, no geral, não existe período de carência para o produto final quando tratado com insumos biológicos.
Entretanto, um dos grandes desafios é a falta de informação do uso correto das tecnologias, tanto preventivas como manejo da agrobiodiversidade, como o uso dos insumos biológicos. Um exemplo são as misturas de produtos nas pulverizações, que podem levar desde ao gasto desnecessário, até a perda de eficiência. Além disso, o uso de altas concentrações de determinado produtos, por exemplo, pode atingir organismos não-alvos, como outros inimigos naturais e polinizadores.

No campo

Com relação ao manejo da agrobiodiversidade, ainda faltam modelos básicos para diversas culturas. Uma exceção é o café em Minas Gerais, uma vez que na Epamig já trabalhamos há mais de 20 anos no assunto, visando à seleção das melhores espécies de coberturas verdes, arbustos e árvores e o manejo de plantas espontâneas que favorecem o controle biológico de pragas do café por meio do fornecimento de recursos dessas plantas aos inimigos naturais.
Os trabalhos iniciaram na Zona da Mata de Minas e se expandiram para ao Cerrado de Minas, financiados pela Fapemig e pelo CNPq. Nossos trabalhos de controle biológico conservativo são pioneiros no Cerrado e estão inseridos como práticas da cafeicultura regenerativa. Atualmente, somos parceiros da Nespresso e NKG Stockler para expandir essa tecnologia para diversos produtores de café.

Critérios para o controle eficiente de pragas

Na seleção de agentes biológicos são feitos diversos testes visando desde a eficiência do agente contra as pragas-alvo, a sua seletividade em relação a organismos não-alvo, impacto ambiental, facilidade de multiplicação em laboratório, compatibilidade com outros insumos, entre outros. Esses critérios todos são levados em consideração quando do registro do produto no MAPA.

Pesquisas

Na Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), temos o foco no manejo agroecológico de pragas, com duas linhas principais. Uma é o controle biológico conservativo, como mencionado anteriormente e cujos resultados já geraram tecnologias que estão sendo adotadas no café.
A segunda é o aumentativo, com pesquisas relacionadas a biofábricas, especialmente de ácaros, e direcionadas ao cultivo de hortaliças e plantas medicinais. A tendência das pesquisas é no sentido de desenvolver tecnologias que sejam eficientes e seguras, e o controle biológico comtempla esses critérios, além de se integrar perfeitamente a outros métodos de controle.

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