Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor de em Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Letícia Ane Sizuki Nociti Dezem
Doutora e professora de Produção Vegetal – Faculdade São Luís de Jaboticabal
agronomia@saoluis.br
Na soja, as perdas de produção chegam a até 75%, sendo que 65% estão relacionadas aos problemas abióticos, como questões de clima e fertilidade do solo, e 10% por problemas bióticos, com o aparecimento de pragas e plantas daninhas.
Por esse motivo, é fundamental o fornecimento de nutrientes para adubação do solo e fertilização das plantas, visando um melhor aproveitamento pelas plantas. O objetivo do fornecimento de nutrientes via foliar é corrigir, complementar e suplementar a nutrição da planta, favorecendo seu equilíbrio nutricional.
Já os problemas abióticos referem-se a fatores não relacionados a organismos vivos, como condições climáticas extremas, deficiências minerais no solo, salinidade, entre outros. Alguns dos principais problemas abióticos que afetam a produção de soja incluem:
Deficiências minerais: solo com baixa disponibilidade de nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo, potássio, ferro, zinco, magnésio, entre outros, pode limitar o crescimento e a produção da soja.
Estresse hídrico: secas prolongadas ou excesso de água podem prejudicar o desenvolvimento das plantas de soja.
Salinidade do solo: altos níveis de sais no solo podem causar toxicidade às plantas, afetando seu crescimento e produtividade.
Temperaturas extremas: tanto temperaturas muito altas quanto muito baixas podem impactar negativamente o crescimento e a produtividade da soja.
Via foliar
A nutrição foliar pode ser uma estratégia eficaz para reduzir perdas decorrentes desses problemas. A aplicação de nutrientes diretamente nas folhas pode ajudar a superar deficiências nutricionais no solo ou fornecer nutrientes de maneira rápida e eficiente.
Isso é especialmente útil em condições em que a absorção de nutrientes pelas raízes está comprometida, como durante estresses hídricos ou em solos com pH inadequado.
Além disso, a aplicação de substâncias que ajudam a reduzir o estresse das plantas, como aminoácidos, antioxidantes e reguladores de crescimento, também pode ser feita por meio da nutrição foliar, auxiliando na resistência das plantas aos estresses ambientais.
No entanto, é importante ressaltar que a nutrição foliar não substitui a necessidade de um manejo adequado do solo e práticas agrícolas sustentáveis. É uma estratégia complementar que pode ajudar a melhorar a saúde e a produtividade das plantas de soja, mas deve ser utilizada de forma integrada a um manejo abrangente da lavoura.
A nutrição foliar desempenha um papel complementar importante à adubação do solo na produção de soja, oferecendo uma estratégia adicional para suprir as necessidades nutricionais das plantas.
Enquanto a adubação via solo é fundamental para fornecer nutrientes ao longo do ciclo de crescimento das plantas, a nutrição foliar oferece uma abordagem direta e imediata para a entrega de nutrientes.
Mais que vantagens
Ao aplicar nutrientes diretamente nas folhas, a nutrição foliar ajuda a superar deficiências nutricionais rapidamente, especialmente em momentos críticos do ciclo de crescimento da soja.
Por exemplo, durante períodos de estresse hídrico ou quando as raízes não conseguem absorver nutrientes de forma eficiente devido a condições desfavoráveis do solo, a nutrição foliar atua como um complemento essencial.
Além disso, a absorção de nutrientes pelas folhas é mais rápida em comparação com a absorção via solo. Isso permite uma resposta mais imediata às necessidades das plantas, ajudando a evitar deficiências que poderiam impactar negativamente o rendimento da cultura.
Ajustes precisos
A nutrição foliar não apenas suplementa a adubação do solo, mas também oferece flexibilidade aos agricultores, permitindo ajustes precisos na aplicação de nutrientes de acordo com as demandas específicas das plantas em diferentes estágios de crescimento.
Isso contribui para otimizar a nutrição das plantas, melhorar a eficiência no uso dos nutrientes e potencialmente aumentar a produtividade da soja.
Porém, é crucial enfatizar que a nutrição foliar não deve ser vista como uma substituição completa da adubação do solo. Ambas as estratégias devem ser integradas em um plano de manejo nutricional abrangente para maximizar o potencial produtivo da cultura de soja, garantindo um suprimento equilibrado de nutrientes ao longo do ciclo de vida das plantas.
Questão de fitossanidade
Durante o ciclo da soja, várias pragas e plantas daninhas podem representar desafios significativos. As pragas mais comuns incluem a lagarta da soja, percevejos, ácaros, besouros e nematoides, enquanto as plantas daninhas frequentemente encontradas são o capim-amargoso, a buva, o capim-pé-de-galinha e outras gramíneas invasoras.
A nutrição foliar pode desempenhar um papel no combate a esses problemas bióticos de várias maneiras:
Resistência das plantas: uma nutrição adequada pode fortalecer as plantas, tornando-as mais resistentes a pragas e doenças. Ao fornecer nutrientes através da nutrição foliar, as plantas podem ter um “sistema imunológico” mais robusto, sendo mais capazes de resistir a ataques de pragas e infecções por doenças.
Estímulo ao crescimento e desenvolvimento saudáveis: plantas bem nutridas têm um crescimento mais saudável, o que pode permitir que resistam melhor a ataques de pragas e competição com plantas daninhas. Nutrientes aplicados “foliarmente” podem promover um desenvolvimento mais vigoroso das plantas de soja, ajudando-as a competir com as plantas daninhas por recursos e a resistir aos danos causados por pragas.
Aumento da tolerância ao estresse: uma nutrição equilibrada pode aumentar a capacidade das plantas de soja de tolerar o estresse, incluindo ataques de pragas e competição com plantas daninhas. A aplicação foliar de nutrientes pode ajudar a minimizar os efeitos do estresse, permitindo que as plantas mantenham um crescimento saudável mesmo em condições desafiadoras.
Ação complementar a estratégias de controle: a nutrição foliar pode complementar outras estratégias de controle de pragas e plantas daninhas. Ao fortalecer as plantas, ela pode ser parte de um plano integrado de manejo que inclui o uso de pesticidas seletivos e práticas de controle de ervas daninhas.
Para isso, é importante observar que a nutrição foliar, por si só, pode não ser suficiente para controlar totalmente pragas ou plantas daninhas.
É essencial integrar essa abordagem com outras práticas de manejo, como rotação de culturas, uso criterioso de pesticidas quando necessário, manejo integrado de pragas e métodos de controle de plantas daninhas para um controle eficaz desses problemas bióticos na produção de soja.