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O colapso causado pela petroquímica Braskem

Desde 2018, cinco bairros da capital alagoana estão "afundando" devido à atividade da empresa Braskem.

Por Jéssica Barbosa, engenheira agrônoma

Reprodução/Internet

Primeiramente, vamos entender mais sobre a grande empresa petroquímica de atuação global, Braskem, que atualmente detém a 18ºposição entre as 50 maiores empresas químicas e a nona posição entre as maiores petroquímicas do mundo, além da liderança na produção de resinas termoplásticas e pioneira na produção de biopolímero em escala industrial. A Empresa apresenta o propósito de criar soluções sustentáveis da química e do plástico.

O que é o Sal-gema?

O sal-gema é matéria-prima para uma grande variedade de produtos e processos, sendo indispensável para obtenção de cloroácido clorídricosoda cáusticabicarbonato de sódio, utilizado também nas indústrias de vidropapel e celulose, produtos de higiene (sabõesdetergentes, pasta dental), produtos farmacêuticos, tintas, inseticidas, cola, fertilizantes, corretivos de solos, cosméticos, nas indústrias de porcelanaborracha sintética, no tratamento de óleos vegetais, têxteis além de ser utilizado no tratamento da água e purificação de gases, sendo um recurso vital para a vida moderna.

Como funcionava o processo de exploração?

A exploração em Maceió envolvia a escavação de poços até a camada de sal, que pode estar há mais de mil metros de profundidade. Então, injetava-se água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura. Em seguida, usando um sistema de pressão, a solução era trazida até a superfície. Ao fim da extração, esses poços precisam ser preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo.

O problema em Maceió ocorreu por vazamento dessa solução líquida, deixando buracos na camada de sal. Uma hipótese já levantada por pesquisadores é de que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região. Consequentemente, a instabilidade no solo levou a um tremor de terra sentido em março de 2018.

O evento causou os afundamentos nos cinco bairros: Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.

Encerramento das atividades

De acordo com informações extraídas do site da própria petroquímica, em maio de 2019, foi anunciada a paralisação preventiva da extração de sal na cidade, com isso, foi interrompida também a produção na fábrica em Maceió, o que afetou parcialmente a operação da fábrica de PVC, em Marechal Deodoro, e as operações no Polo de Camaçari (BA). Mesmo com a paralisação, a Braskem se comprometeu a não fazer demissões, e envolveu a equipe da fábrica em serviços de manutenção e em programas de capacitação profissional.

Em fevereiro de 2021, depois de estudar alternativas para o fornecimento de matéria-prima, a fábrica voltou a operar com sal adquirido de jazidas licenciadas do Chile, enquanto as extrações no local permaneciam paralisadas. As operações nas duas plantas envolvem mais de sessenta empresas e empregam mais de 12 mil pessoas – das quais, 750 funcionários diretos da Braskem e outros 3,3 mil terceirizados.

Em novembro de 2019, a Braskem apresentou à Agência Nacional de Mineração (ANM) e demais autoridades medidas para o encerramento definitivo da extração de sal e o fechamento e preenchimento de seus poços em Maceió com foco na segurança das pessoas acima de tudo. Essa ação é parte das iniciativas que vêm sendo propostas nos contínuos diálogos da empresa junto ao órgão regulador.

Atualizações do caso

O caso tem sido monitorado, registros da Defesa Civil de Maceió, que soltam notas frequentemente no site da prefeitura e indicam a diminuição do ritmo de afundamento da mina de extração de sal-gema número 18, no bairro Mutange, na capital alagoana, entretanto, segundo os últimos dados divulgados (domingo 03 de dezembro às 17:25), a Defesa Civil de Maceió informou que o deslocamento vertical acumulado da mina n° 18 é de 1,70m e a velocidade vertical reduziu para 0,3 cm por hora, apresentando um movimento de 7,4cm nas últimas 24h, os dados são baseados em dados contínuos, incluindo análises sísmicas.

O órgão permanece em ALERTA MÁXIMO devido ao risco iminente de colapso da mina nº 18, que está na região do antigo campo do CSA, no Mutange.

Orientações a população

A orientação da Defesa Civil ainda é que a população não transite na área desocupada na capital, essa orientação não é nova, pois, desde 2019 quase 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por causa dos riscos dos tremores de terra, que criaram rachaduras nos imóveis da região.

Uma decisão judicial levou a retirada de 23 famílias que ainda resistiam ao despejo no bairro do Pinheiro. Segunda a Defesa Civil, a área da mina número 18 ameaça desabar a qualquer momento, com potencial de criar na área uma cratera maior que o estádio do Maracanã.

Desde a última quarta-feira (29 de novembro), os moradores que permaneceram em áreas que ainda não foram evacuadas estão em estado de alerta.

A Braskem, empresa que opera a mina, informou que pode ocorrer um grande desabamento da área, mas que também é possível que se estabilize e pare de afundar.

Enquanto famílias realizam protestos na cidade, representantes da Braskem estão em Dubai participando da COP28, a Conferência Internacional da ONU sobre as Mudanças Climáticas. A empresa, que carrega um grande marketing verde e gestão ESG de sua corporação, foi ao encontro para divulgar ações ambientais realizadas pelo grupo, a petroquímica está no pavilhão brasileiro ao lado de Vale, Petrobras e Syngenta, grandes empresas em seus respectivos segmentos.

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