Éder Jr de Oliveira Zampar – Engenheiro agrônomo e mestrando em Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Estadual de Maringá (UEM) – eder_zampar@hotmail.com
Priscila Angelotti Zampar – Engenheira agrônoma e doutoranda em Proteção de Plantas – UEM
Eunápio José Oliveira Costa – Engenheiro agrônomo e mestre em Solos e Nutrição de Plantas – UEM
Anne Caroline Araujo Sand – Graduanda em Agronomia e estagiária no Grupo de Estudos em Solos e Nutrição de Plantas (GESSO-UEM)
As produtividades das culturas vêm passando por um incremento de produtividade no decorrer dos anos, isso devido ao melhoramento genético, que busca cada vez mais tornar as plantas mais estáveis e produtivas, às melhorias na nutrição de plantas com fertilizantes mais eficientes e com mais tecnologia embutida, à construção do perfil de solo e ao manejo fitossanitário das culturas.
Na agricultura atual, a utilização de defensivos químicos, como fungicidas, herbicidas, inseticidas, entre outros, tem se tornado necessária, sendo que para um melhor manejo fitossanitário com uma alta eficiência de controle tem se buscado produtos que potencializem e melhorem a ação desses defensivos.
Esses produtos são chamados de adjuvantes, que são substâncias adicionadas à formulação ou à calda para aumentar a eficiência do produto ou modificar determinadas propriedades da solução, visando facilitar a aplicação ou minimizar possíveis problemas, como deriva, lavagem por chuva, escorrimento, decomposição pelos raios UV.
No campo
A tecnologia de aplicação consiste na colocação correta do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas.
Para que as gotas se depositem sobre os alvos, estas devem ser grandes o suficiente para atingir o alvo desejado, mesmo sofrendo alguma evaporação no deslocamento da ponta até a superfície do alvo, mas pequena suficiente para promover a cobertura necessária no alvo, para que assim o princípio ativo tenha a ação esperada.
Óleo de casca de laranja
O mercado de adjuvantes é grande, e com vários produtos, mas um que vem tomando grandes proporções é o óleo natural, como o óleo das cascas de laranja. A extração é feita por meio de um processo a frio (sem a utilização de químicos) nas indústrias beneficiadoras, durante a extração do suco.
Diferentemente do D-Limoneno, subproduto obtido do bagaço e utilizado, principalmente, como solvente, o óleo essencial da casca da laranja possui mais de 100 diferentes compostos.
Esse óleo melhora a absorção e penetração dos produtos na planta, aumentando o controle, pois pelas suas características, a velocidade de absorção é maior e a translocação dentro da planta se torna melhor, tendo uma melhor aderência na folha com uma melhor cobertura pela sua ação surfactante, promovendo assim uma alta eficiência dos produtos.
Comparativo
Diferente de óleos minerais e de outros subprodutos do refino do petróleo, como os siliconados, o óleo essencial da casca de laranja possui propriedades naturais e extremamente benéficas às plantas.
Enquanto derivados de petróleo causam agressão à camada cerosa (camada de proteção das plantas), produtos à base do óleo essencial da casca da laranja são prontamente assimilados e “aceitos” pelos vegetais, sem causar qualquer tipo de dano.
Os resultados com óleos de laranja são muitos positivos em controle de doenças, por exemplo, na safra 2017/18, em trabalhos realizados na FAPA, Guarapuava (PR), quando comparado o óleo de laranja com óleo mineral, o primeiro teve resultados positivos, com uma menor severidade de doenças foliares, como Diplódia, Helmintosporiose e Phaeosphaeria.
Em trabalhos em GO, na safra 2019/20, a utilização de surfactante à base de óleo de laranja, associado a fungicidas, em quatro aplicações, diminuiu a incidência de doenças fúngicas na cultura da soja, com a maior média de produtividade.
Em pesquisas utilizando o óleo de laranja associado a herbicidas no controle de plantas daninhas, notou-se uma maior velocidade de controle e uniformidade no controle das plantas invasoras.
A utilização dos produtos com base de óleo de laranja tem sido muito bem aceita por produtores e consultores, assim, existe uma boa perspectiva de crescimento no mercado.
Da natureza para a natureza
Jeferson E. Philippsen – Engenheiro agrônomo e Gerente de Produtos da Oro Agri – jphilippsen@oroagri.com
De forma geral, podemos dizer que o óleo da casca da laranja traz ao processo a maior gama de benefícios que um adjuvante agrícola poderia entregar. Este adjuvante, por sua vez, ajuda na melhor performance do pulverizador e da aplicação, bem como na melhor eficácia dos agroquímicos aplicados na lavoura.
A utilização deste óleo essencial é protegida por patente, para uso na agricultura e pecuária. Este composto natural é usado não só em formulação de adjuvantes, mas também em fertilizantes foliares. Este adjuvante pode ser utilizado em todas as pulverizações, substituindo com vantagens o uso dos óleos minerais.
Já os fertilizantes foliares devem ser usados de acordo com os nutrientes contidos na formulação e conforme as exigências nutricionais das plantas.
Mais produtividade
É muito relativo falar em produtividade, pois se trata de um fator que depende de vários outros determinantes. Mas, não somente os trabalhos realizados em instituições de pesquisa, como também resultados de produtores que usam no dia a dia, mostram resultados positivos na balança ao comparar com produtos convencionais do mercado. Não faria sentido um produto ser tão utilizado mundo afora senão a sua capacidade de entregar resultados satisfatórios.
O controle de pragas será mais eficaz quando da associação de um inseticida com um adjuvante à base do óleo da casca da laranja. A causa disso é a penetração dos ativos através dos espiráculos dos insetos.
Nota-se que casos de fitotoxidez serão amplamente reduzidos. O óleo da casca da laranja não agride a camada de cera das folhas das plantas. Como consequência, não causa fitotoxidez na cultura, como é muito comum ver com a aplicação de óleos minerais ou adjuvantes à base de derivados de petróleo.
Outras vantagens
Chuvas que ocorrem 15 minutos após a aplicação não prejudicam a eficiência do produto. A rápida absorção é garantida pela tecnologia Trans-Rapid®, presente nos produtos que contêm o óleo essencial da casca da laranja. Perdas causadas por fotodecomposição também são evitadas.
Misturas com mancozeb, atrazina, oxicloreto de cobre ou outros produtos de difícil dissolução são mais bem homogeneizadas com o uso de um produto à base do óleo da casca da laranja.
Mitos e verdades
O erro mais frequente talvez seja confundir um produto à base do óleo da casca da laranja com um produto à base de D-Limoneno. O primeiro é um composto integral, portanto, o único que entregará todos os benefícios citados anteriormente. Já o D-Limoneno não passa de um subproduto extraído do bagaço e que não possui, sequer, 5% do total destes benefícios.
É a ORO AGRI que detém as patentes mundiais para produtos à base do óleo da casca da laranja na agricultura e pecuária. Qualquer outro produto que não seja da empresa não passa da tentativa de imitação, para tentar se aproveitar às custas da falta de informação do produtor rural.
Custo envolvido
A primeira impressão de algumas pessoas é que o produto tem um custo elevado. Um produtor, que virou cliente após ver os resultados com os próprios olhos, outro dia me disse: “Mais vale um produto que custa R$ 10 /ha, mas que entrega reais benefícios, do que aquele que custa a metade, mas não me traz retorno algum. Caro é aquilo que custa pouco e não funciona.”
Vale ressaltar que o produtor rural está cada vez mais engajado com uma agricultura sustentável e responsável, do ponto de vista ambiental, e nossas soluções se encaixam perfeitamente com esse propósito. Refiro-me a produtos e manejos bioracionais, que é, ao mesmo tempo, o nosso maior foco e o futuro da agricultura mundial.