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Organomineral aumenta produtividade?

Um antigo paradigma da agricultura que começa a cair por terra é a ideia de que os fertilizantes organominerais possuem menos eficácia do que a adubação mineral tradicional.

Isaías Antonio de Paiva
Consultor e doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
paiva.isaiasantonio@gmail.com

Os fertilizantes organominerais possuem os mesmos nutrientes que os fertilizantes minerais convencionais, nitrogênio, potássio, fósforo, zinco, entre outros. Contudo, existem diferenças, sendo uma delas a concentração.

Os fertilizantes organominerais tipicamente possuem uma concentração menor, popularmente chamada de “pontos”. Outra diferença óbvia é na constituição – o fertilizante organomineral possui na sua constituição uma parte mineral e outra orgânica, sendo que essa última, além de fornecer matéria orgânica, melhorando a CTC de maneira localizada, também auxilia em liberações graduais dos fertilizantes minerais que compõem o grânulo.

Métodos de adubação

Quando se trata de tipos de adubos, basicamente existem três métodos de adubação: mineral, organomineral e orgânica. Todas possuem suas vantagens e desvantagens – os minerais possuem as maiores concentrações, são os mais solúveis e mais baratos.

Os orgânicos são os mais caros e possuem concentrações menores de nutrientes, entretanto, têm além de nutrientes, substâncias húmicas, as quais melhoram a CTC do solo, além de ter a característica de liberação lenta.

Os organominerais são os mais “equilibrados”. Possuem características parciais dos dois tipos, por isso, atualmente seu uso está em pleno crescimento nas lavouras de todo Brasil.

Mais produtividade no campo

Os fertilizantes organominerais, além de fornecerem nutrientes similar aos minerais, possuem a vantagem de fazerem isso de maneira mais gradual, o que tende a melhorar a eficiência da adubação e diminuir perdas.

Além disso, os organominerais possuem na sua composição ácidos húmicos e/ou fúlvicos, que aumentam a CTC na região da rizosfera, melhorando as condições para o desenvolvimento do sistema radicular.

Por esse motivo, em determinados casos consegue-se ter a mesma produtividade quando utilizada uma dose menor do organomineral comparada ao mineral. A justificativa para obter o mesmo desempenho em dose menor se dá além do fato da liberação gradual.

Outra vantagem que o organomineral possui é de não agredir quimicamente a rizosfera. Os fertilizantes minerais tradicionais solúveis podem causar acidificação (alguns nitrogenados) e salinização (cloreto de potássio), que impede o crescimento de radicelas e assim, limita o desenvolvimento radicular, podendo impactar a produtividade.

Benefícios adicionais

Como mencionado, os organominerais podem ser uma boa estratégia para adubação e, principalmente, em relação à saúde do solo. Eles agridem menos a rizosfera das plantas por não acidificarem ou salinizarem o solo.

Além disso, eles também fazem parte das práticas que melhoram o sequestro de carbono, pois os organominerais possuem C incorporado à sua composição. Além disso, a matéria-prima utilizada para a parte orgânica é oriunda de fontes renováveis, e por isso os organominerais são mais sustentáveis por definição.

Recomendações

Os agricultores que desejam adotar os fertilizantes organominerais precisam de um apoio técnico adequado para mensurar a viabilidade da aplicação, levando em consideração, principalmente, a cultura a ser utilizada, a fertilidade e qualidade atual do solo e a disponibilidade do fertilizante organomineral.

Esse é o principal empecilho, pois não existem fábricas que cobrem todas as regiões do país, e o custo pode acabar se tornando elevado. Outro fator de extrema importância é o tempo de resposta na qualidade do solo.

Por vezes, os resultados de melhoria não aparecem logo no primeiro ano, podem demorar de duas a três safras, a depender das variáveis envolvidas.

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