Ana Paula Preczenhak
Pós-Doutoranda em Fisiologia e Bioquímica de Plantas na ESALQ-USP e professora na Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB)
prof.anapaula@faesb.edu.br
Ralph Bonandi Barreiros
Doutorando em Fitotecnia – ESALQ-USP
ralph.bonandi@usp.br
Como destaque no estado de São Paulo, a produção de limão no ano de 2021 foi de 1,07 mi ton, aumentando para 1,3 mi ton na safra de 2022. Este aumento pode ter sido influenciado tanto pelas melhores condições climáticas quanto pelo aumento da população de plantas em 2.519.898, totalizando 13.372.696 pés de limões no estado (IEA, 2023).
Os custos de produção no cultivo de limão podem variar significativamente, dependendo de vários fatores, incluindo a localização geográfica, o tamanho da plantação, as práticas agrícolas e o nível de tecnologia utilizado.
Alguns dos principais custos envolvidos podem incluir: local de plantio, mudas de boa procedência, insumos agrícolas em geral, mão de obra, implementação do sistema de irrigação, manutenção e equipamentos, manejo de pragas e doenças, colheita e pós-colheita, custos administrativos e, por último, os investimentos em infraestrutura, como galpão e packing house.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2022 os principais custos de produção foram com fertilizantes e a mão de obra, correspondendo a mais de 50% do total de gastos. Vale ressaltar que esses custos podem variar de ano para ano e de local para local.
Consumo
No Brasil 92% da produção de limão são consumidos no mercado interno e 8% é exportado. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2023), os limões e limas foram as principais frutas exportadas pelo Brasil no acumulado entre janeiro de 2022 e 2023.
Os principais destinos de exportação de limões e limas frescos ou secos em 2022 foram os Países Baixos (Holanda) (70,9%), Reino Unido (15,3%), Espanha (3,9%), Bélgica (3,1%) e Argentina (1,3%), somado 94,5% do mercado.
Neste mesmo ano, o volume total comercializado girou em torno de 156,3 mil ton, com valor total de US$ 152.190.695,00, pelo preço médio de US$/ton 974,00 (Embrapa, 2022).
Até o primeiro semestre deste ano de 2023, já foram exportados cerca de 103,4 mil ton de limões e limas frescos ou secos, o que gerou capital de mais de US$ 100 mi. Os principais países consumidores foram os Países Baixos (Holanda) (76,8%), Reino Unido (14,2%), Canadá (1,8%), Espanha (1,3%) e Portugal (0,82%) (ComexStat, 2023).
Qualidade final
Existem vários fatores, ao longo da cadeia de produção da lima ácida ‘Tahiti’, que determinam a qualidade final e a segurança da fruta. Na pré-colheita ou no ciclo produtivo, o local de cultivo, as condições de solo e clima, o porta-enxerto, as atividades culturais realizadas e a presença de pragas e doenças afetam a qualidade dos frutos.
Além disso, pontos importantes devem ser observados no processo de formação do pomar de limão, que são: adquirir mudas de produtores certificados, rotacionar os tipos de porta-enxertos, utilizando, no mínimo, dois porta-enxertos diferentes.
Da mesma forma, as operações pós-colheita, como o acondicionamento (seleção, lavagem, desinfeção, enceramento, classificação e embalagem), transporte e armazenamento, afetam a manutenção da aparência do fruto, vida útil, qualidade e valor de mercado.
Produtividade aliada à genética
Nas últimas safras, a produtividade média foi em torno de 33 ton/ha (IBGE, 2021). Entretanto, tecnologias aplicadas ao melhoramento de citros, principalmente para o desenvolvimento de variedade melhoradas, trazem genótipos mais vigorosos e com potencial produtivo muito superior.
O IAC, em parceria com a Embrapa, lançaram recentemente (maio/2023), um novo genótipo limão Tahiti que supera em mais de 200% a produtividade média do estado de São Paulo, chegando a 80 ton/ha, com frutos de alta qualidade externa e organoléptica.
A variedade é recomendada para as regiões centro, norte e noroeste do estado de São Paulo, preferencialmente conduzidas com irrigação, plantas já estão sendo cultivadas por alguns produtores da região.
Obstáculos
Os produtores de algumas regiões do Sudeste enfrentaram um grave problema com a qualidade dos frutos para exportação devido à contaminação dos frutos pela bactéria causadora de cancro cítrico, entre o último trimestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022.
Isso causou paralização temporária da importação de um dos principais blocos de consumo, a União Europeia, que segundo o MAPA é responsável por 80% do escoamento do produto nacional.
Com o fruto acumulando no mercado nacional, o produtor enfrentou desvalorização dos frutos, o que atingiu principalmente os pequenos produtores.
Apesar das baixas dos preços no primeiro trimestre de 2023, o limão Tahiti vem recuperando os preços desde o fim do primeiro semestre, devido à redução de oferta, chegando a R$ 32,61/cx, valores superiores aos oferecidos no mesmo período do ano de 2022.
O terceiro trimestre de 2023 promete continuar com o mercado aquecido para a fruta, tanto devido à escassez no mercado nacional, quanto pela demanda europeia pela fruta, na vigente estação verão do continente (Cepea, 2023).
Tendência
A nova visão dos citricultores está voltada para o desenvolvimento e a adaptação de sensores, máquinas e processos para reduzir a dependência da mão de obra de baixa ou escassa qualificação.
Além disso, sensores de solo, drones, inteligência artificial e análise de dados têm feito parte do dia a dia dos produtores. Portanto, vale mencionar que a edição genética usando a tecnologia CRISPR pode ser uma ferramenta útil para melhorar a qualidade e produtividade dos citros no Brasil, no combate às diversidades dos fatores bióticos e abióticos no campo.
Os últimos dados de produção nacional de limão disponíveis pelo IBGE são os da safra de 2021.
• Valor total arrecadado com a produção foi de R$ 1,5 bi, sendo que, destes, 0,94 bilhões foram apenas no Estado de São Paulo;
• Nesta safra, a quantidade produzida foi de 1.499.714 ton;
• Área colhida: 58.446 ha;
• A produtividade alcançou 25.66 t/ha;
• Maior produtor: São Paulo.
Produção brasileira de limão por região em 2021 (Embrapa Fruticultura, 2022):
- Sudeste: 81,3% da produção
- Nordeste: 8,2% da produção
- Norte: 6,7% da produção
- Sul: 2,5% da produção
- Centro-oeste: 1,3% da produção