Giovanni Aleixo Batista
giovannialeixob@gmail.com
Engenheiro de Alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos – UFLA
lg.malqs@gmail.com
Carlos Alexandre Rocha da Costa
Tecnólogo de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos – UFLA
alexandre.vitae@gmail.com
O oídio é uma doença fúngica que afeta diversas plantas, incluindo o pimentão, sendo causado por fungos da ordem Erysiphales, como Leveillula taurica e Oidium spp.. Essa doença se caracteriza pelo aparecimento de uma cobertura esbranquiçada que recobre a superfície das folhas, caules e, em casos graves, até dos frutos.
O desenvolvimento do oídio é favorecido por condições ambientais como temperaturas geralmente entre 15 e 30°C e baixa umidade relativa, ao contrário de muitos outros fungos que prosperam em ambientes úmidos.
Plantios mal ventilados
Plantios densos ou mal ventilados também facilitam a disseminação do fungo, assim como o uso excessivo de nitrogênio, que torna os tecidos vegetais mais suscetíveis à infecção. O fungo se propaga por esporos transportados pelo vento que, ao se fixarem nas plantas, germinam e formam estruturas chamadas micélios, que se espalham pela planta, comprometendo a fotossíntese e causando enfraquecimento, queda de folhas e redução da qualidade e produtividade dos frutos.
Sintomas do oídio
Os principais sintomas do oídio que os produtores devem observar para identificar a doença precocemente incluem o aparecimento de massa pulverulenta branca ou acinzentada, semelhantes a um pó fino, que surgem inicialmente nas folhas, caules e brotos mais jovens, podendo se expandir rapidamente.
Além disso, é comum observar o amarelecimento das folhas ao redor das áreas afetadas, que perdem a cor e a vitalidade à medida que a infecção avança. As folhas também podem apresentar enrolamento, tornando-se deformadas e frágeis e, nos casos mais severos, acabam murchando e caindo.
Prejudica crescimento
Outro sintoma importante é o retardo no crescimento da planta, com brotos e frutos que podem não se desenvolver corretamente. A produtividade também é afetada, resultando em frutos de menor qualidade, pois a doença compromete a fotossíntese e o fluxo de nutrientes.
O surgimento dessas manchas brancas é o principal indicativo precoce da presença do oídio, e a detecção rápida é fundamental para evitar sua disseminação na plantação.
Prejuízos evidentes
O oídio pode causar prejuízos significativos às plantações de pimentão, tanto em termos de produtividade quanto de qualidade dos frutos. A doença compromete a capacidade da planta de realizar a fotossíntese, uma vez que as manchas esbranquiçadas causadas pelo fungo cobrem as folhas, bloqueando a absorção de luz e enfraquecendo o metabolismo da planta.
Como consequência, ocorre um retardamento no crescimento da planta e uma diminuição na produtividade, uma vez que as plantas afetadas produzem menos frutos.
Além disso, os frutos que se desenvolvem podem apresentar tamanho reduzido e qualidade inferior, muitas vezes com deformações ou amadurecimento desigual. Em infecções severas, a planta pode sofrer desfolhamento precoce, o que agrava ainda mais a redução da produção.
Do ponto de vista comercial, o oídio compromete a aparência dos frutos, deixando-os menos atraentes e fora dos padrões de qualidade exigidos pelo mercado, o que pode resultar em desvalorização e significativa perda financeira para os produtores.
Como controlar?
Os principais princípios ativos dos fungicidas recomendados para o controle do oídio em plantações de pimentão incluem o enxofre, amplamente utilizado como um fungicida protetor, inibindo a germinação dos esporos e o crescimento do fungo nas superfícies das plantas.
Outro grupo relevante é composto pelos triazóis, como o tebuconazol e o difenoconazol, que atuam como fungicidas sistêmicos, interferindo na biossíntese do ergosterol, um componente crucial da membrana celular do fungo, resultando na morte do patógeno.
Além disso, os inibidores da biossíntese de esteroides (IBS), como o procloraz e o miclobutanil, afetam a estrutura celular do fungo ao interferir na formação de esteroides.
Opções em fungicidas
O benomil, um fungicida da classe dos benzimidazóis, é outro ativo importante que atua inibindo a mitose celular dos fungos, o que impede seu crescimento e desenvolvimento. Por fim, as carboxamidas, como o boscalida, atuam inibindo o complexo II da cadeia respiratória do fungo, comprometendo sua capacidade de gerar energia.
Esses fungicidas podem ser aplicados de forma preventiva ou curativa, conforme o estágio da doença, e são fundamentais para o manejo eficaz do oídio em pimentão. É importante seguir as recomendações de dosagem e intervalos de aplicação para garantir a eficácia e minimizar impactos adversos.
Recomendações
A dosagem recomendada dos fungicidas varia de acordo com o princípio ativo e as instruções do fabricante, mas, em geral, recomenda-se seguir rigorosamente as orientações técnicas do rótulo do produto.
A pulverização deve ser realizada em condições climáticas favoráveis, evitando horários de alta umidade ou ventos fortes. A aplicação deve começar nos primeiros sinais da doença, e a frequência de aplicações dependerá da severidade da infestação e do ciclo de cultivo.
Idealmente, as pulverizações devem ser realizadas nas fases de crescimento vegetativo e de frutificação, sempre respeitando o intervalo de carência para garantir a segurança do produto.
Prevenção é fundamental
Além da aplicação de fungicidas, diversas práticas de manejo podem ser adotadas para prevenir a incidência do oídio nas plantações de pimentão. Melhorar a circulação de ar é essencial, e isso pode ser feito mantendo um espaçamento adequado entre as plantas e realizando o desbaste regular das folhas e ramos inferiores, permitindo maior ventilação e reduzindo a umidade.
Controlar a irrigação, preferindo o gotejamento em vez da aspersão, também ajuda a manter as folhas secas, o que diminui o risco de infecção. Outra medida preventiva importante é escolher cultivares de pimentão resistentes ao oídio, o que pode reduzir significativamente a incidência da doença.
Cuidados em cultivos protegidos
Em cultivos protegidos, como estufas, o controle da ventilação e da umidade é vital, pois a condensação favorece a doença. Práticas como rotação de culturas e a adubação equilibrada também são importantes, evitando o plantio contínuo de pimentão no mesmo local e o excesso de fertilizantes nitrogenados, que favorecem o crescimento de folhas jovens suscetíveis ao fungo.
Por fim, o uso de produtos naturais, como óleo de nim, bicarbonato de sódio ou soluções de leite diluído, pode ser uma alternativa preventiva eficaz dentro de um programa de manejo integrado. Quando combinadas com fungicidas, essas práticas ajudam a minimizar a incidência do oídio e a proteger a produtividade e a qualidade dos frutos.
Estratégias sustentáveis
A rotação de culturas e o uso de variedades resistentes são estratégias eficazes para o controle do oídio e para promover a saúde geral da plantação. A rotação de culturas consiste em alternar o cultivo de pimentão com outras espécies que não sejam suscetíveis ao oídio, o que interrompe o ciclo de vida do fungo causador da doença.
Essa prática reduz a quantidade de inóculo (fungos remanescentes) no solo, diminuindo as chances de infecção em safras subsequentes. Além disso, a rotação de culturas melhora a fertilidade do solo e previne o acúmulo de pragas e doenças, o que contribui para plantas mais vigorosas e produtivas.
Controle preventivo
O uso de variedades resistentes, por sua vez, é uma forma de controle preventivo extremamente eficaz. Essas variedades foram desenvolvidas para apresentar características genéticas que dificultam o estabelecimento e desenvolvimento do fungo causador do oídio.
Ao plantar pimentões resistentes, os agricultores reduzem a necessidade de aplicações intensivas de fungicidas, o que diminui custos, reduz impactos ambientais e favorece a sustentabilidade da produção. Além disso, plantas mais resistentes tendem a manter sua produtividade mesmo em condições adversas, garantindo melhor qualidade dos frutos e maior rentabilidade.