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Diversidade das pimentas Capsicum

Cleide Maria Ferreira Pinto Engenheira agrônoma, doutora e pesquisadora – Embrapa/Epamigcleide@epamig.br

Sérgio Maurício Lopes Donzele Engenheiro agrícola, doutor e pesquisador da Epamigsergio.donzeles@gmail.com

Pimenta – Crédito: Internet

A diversidade de propriedades benéficas presentes nas pimentas do gênero Capsicum e sua grande aplicação na culinária, indústria de alimentos, farmacologia, odontologia, medicina, entre outras e, mais recentemente, sua utilização como planta ornamental, indicam a grande importância do seu cultivo para o agronegócio.

A oleorresina extraída da pimenta (concentrado oleoso), um corante natural utilizado na indústria de alimentos para corrigir ou intensificar a cor de certos produtos e também como flavorizante, é um produto supervalorizado no mercado nacional e internacional. A páprica, pó de coloração vermelha obtido pela moagem de frutos desidratados de pimenta e de pimentão, é um dos condimentos mais consumidos no mundo.

Importância econômica

As pimentas do gênero Capsicum apresentam expressiva importância econômica e social para o agronegócio mundial. Os dados disponíveis de produção mundial de Capsicum englobam pimentas e pimentões. Em 2018, a produção mundial foi de 40,9 milhões de toneladas em uma área cultivada de 3,8 milhões hectares.

Os principais produtores foram: China (45,3%), México (8,4%), Turquia (6,3%), Indonésia (6,2%), Índia (4,6%), Espanha (3,1%), Nigéria (2,0%), Egito (1,9%), Estados Unidos (1,7%), Argélia (1,6%) e Tunísia (1,1%).

Com relação ao Brasil, estatísticas de produção de Capsicum sp não se encontram disponibilizadas nos informativos da FAO, mas estima-se que a área de produção seja de 13.000 ha, com produção anual de cerca de 280.000 t. Acredita-se que são, aproximadamente, 5 mil hectares de área cultivada de pimenta por ano, gerando uma produção de 75 mil toneladas.

Minas Gerais é o principal Estado produtor de pimentas, seguido por São Paulo, Goiás, Ceará e Rio Grande do Sul. A produção mineira de pimenta, em 2019, foi de 2.898 t.

As Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), no ano de 2019, em todas as suas unidades, comercializou, aproximadamente, 1.095 t de pimenta fresca, no valor de R$ 9.383.351,39, sendo 99,3% procedentes de Minas Gerais e o restante de São Paulo e Goiás.

Nas Centrais de Abastecimento de São Paulo-Ceagesp foram comercializadas 6.330 t de pimenta de diversas variedades, em 2017, e nas Centrais de Abastecimento de Goiás, em 2017, foram comercializadas 1,05 t a R$ 11 milhões.

Regionalismo

No Brasil, são cultivadas pimentas de vários tipos, nomes, tamanhos, cores, sabores e pungência (ardume). A pimenta Cumari ou pimenta passarinho (Capsicum baccatum var. praetermissum) é comum na região sudeste. A pimenta Dedo-de-moça (Capsicum baccatum var. pendulum) é uma das mais consumidas no Brasil, especialmente em São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

As pimentas-de-cheiro (Capsicum chinense), muito cultivadas no Norte do País, destacam-se pela grande variedade de cores dos frutos: amarelo, amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto.

A pimenta Murupi (C. chinense) tem como principais produtores os Estados do Amazonas e Pará. A pimenta Bode (C. chinense) é cultivada principalmente na região centro-oeste do Brasil. A pimenta Biquinho, conhecida como pimenta-de-bico (sem ardume), também C. chinense, é muito cultivada em Minas Gerais. A pimenta Malagueta (Capsicum frutescens) é cultivada em todo o País, porém, destaca-se a produção de Minas Gerais.

Por meio do Programa de Melhoramento Genético de Capsicum da Embrapa Hortaliças, foram desenvolvidas as pimentas BRS Sarakura, BRS Garça e BRS Ema, do tipo Jalapeno e a BRS Brasilândia, todas da espécie C. annuum var. annuum; a BRS Mari, do grupo tipo Dedo-de-moça (C. bacatum var. pendulum); a BSR Moema, do grupo pimenta Biquinho (C. chinense); a BRS Seriema (C. chinense) do grupo pimenta Bode; a BRS Jandaia (BRS Nandaia) e BRS Juriti (C. chinense), pimentas do grupo Habanero.

Atualmente, no País, há produtores cultivando e processando pimentas extremamente ardidas (C. chinense) como as pimentas Trinidad Moruga Scorpion, Bhut Jolokia, Trinidad Scorpion, Douglah Trinidad Chocolate, Trinidad 7-pot Jonah e Carolina Reaper, denominadas pimentas nucleares.

Mercado e comercialização

As Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), no ano de 2019, em todas as suas unidades, comercializaram, aproximadamente, 1.095 t de pimenta fresca, entretanto, apenas 38,8% da produção mineira foi comercializada, não havendo informações da forma e do local de comercialização do restante da pimenta produzida no Estado.

O mercado brasileiro para pimentas in natura é fortemente influenciado pelos hábitos alimentares de cada região. A comercialização das pimentas depende do mercado de destino, o qual determina sua forma de apresentação, quantidade e preço.

Outras formas de comercialização são as vendas para intermediários, que compram a pimenta diretamente do produtor, vendem para distribuidores e empacotadores, que embalam com marca própria e revendem para a rede de varejo. Algumas grandes redes de supermercados têm suas próprias centrais de distribuição de hortaliças e comercializam com suas marcas, adquirindo as pimentas diretamente de produtores, fornecedores credenciados ou atacadistas.

Na maioria dos mercados atacadistas brasileiros, nas cotações de preços para as pimentas não se distinguem os tipos de pimenta. A comercialização se dá na forma de pimenta, pimenta-vermelha ou ardida.

Custo envolvido

Mais recentemente, foi avaliada a viabilidade econômica do cultivo de pimenta-de-cheiro na região de Brasília (DF), cultivada em duas densidades de plantio: 25.000 plantas/ha e 16.667 plantas/ha.

Para 25.000 plantas/ha os adubos foram o item mais oneroso (33,17%), seguido pelo custo das mudas. Para 16.667 plantas/ha, o custo com insumos foi reduzido para 64,84% do custo total. O custo total do sistema de cultivo mais adensado foi de R$ 37.890,97/ha e no cultivo menos adensado foi de R$ 35.485,87.

Na ocasião, o valor de comercialização da pimenta-de-cheiro na Ceasa-DF, foi de R$ 1,275/kg, em média, tendo como base o dia com o menor preço para a pimenta durante o período de produção. Mesmo assim, constatou-se que a produção de pimenta apresentou resultados economicamente satisfatórios.

Segundo dados da Emater-DF, em 2016, o custo produção de 1,0 ha de pimenta-de-cheiro, sob gotejamento, com produtividade de 12.000 kg, foi de R$ 23.441,30. Nos custos não foi considerada a calagem do solo.

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