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Plantas daninhas

Marcelo Fernando PimentaGraduando em Agronomia – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos – Ourinhos/SP (UNIFIO)marcelofpimenta@outlook.com

Aline Mendes de Sousa Gouveiaaline_mendes@fio.edu.br

Adilson Pimentel Júnioradilson_pimentel@outlook.com

Engenheiros agrônomos, doutores em Agronomia e professora – Unifio

Plantas daninhas – Crédito: Fernando Adegas

Numa escala global, as plantas daninhas são um dos principais fatores restritivos de produção da soja, correspondendo por 20 a 30% das perdas. As plantas daninhas causam competição com as culturas agrícolas por água, luz e nutrientes, acarretando perda na qualidade e rendimento dos grãos colhidos, assim como são hospedeiras de pragas e doenças que futuramente trarão prejuízos à lavoura. Dentre as cinco plantas daninhas que causam maiores problemas na lavoura da soja, estão:

ð Capim pé-de-galinha (Eleusine indica): apresenta rápido crescimento, sistema radicular agressivo e elevada produção de sementes. É uma planta anual que forma touceiras e tem reprodução por sementes.

ð Capim-amargoso (Digitaria insularis): planta de ciclo perene, herbácea, ereta e que forma touceiras. Sua reprodução ocorre via sementes e/ou por meio de curtos rizomas, o que dificulta seu controle. Estudos mostram que na cultura da soja as perdas de produtividade podem chegar a 20% com a presença de apenas uma planta de capim-amargoso/m².

ð Amendoim-bravo ou leiteira (Euphorbia heterophylla): planta de ciclo anual, ereta, pouco ramificada, lactescente e com reprodução por sementes. Possui algumas características, como: viabilidade longa das sementes, permanecendo mais tempo viáveis no solo, germinação em maiores profundidades e rápido crescimento vegetativo.

ð Buva (Conyza sumatrensis, C. bonariensis e C. canadensis): por conta das sementes de buva serem leves, sua dispersão ocorre principalmente pelo vento, além de permanecerem viáveis por longos períodos no solo. Além disso, plantas de buva no final do ciclo da cultura podem servir de hospedeiras de doenças e pragas. Alguns estudos mostraram que em lavoura de soja, a presença de uma única planta de buva pode promover perdas na ordem de 14% em produtividade.

ð Trapoeraba (Commelina benghalensis): apresenta maior incidência na soja no período final do ciclo da cultura. Assim, a falta de controle durante o ciclo pode prejudicar a próxima cultura a ser instalada. Esta espécie é uma planta complexa, pois possui produção de sementes aéreas e subterrâneas, além de ser tolerante ao herbicida glifosato.

Prejuízos

Além da competição com as plantas cultivadas, as PD’s são hospedeiros de pragas, doenças e nematoides, de uma safra a outra, sendo necessário seus controles, o que acarretará elevados custos de produção.  

Os prejuízos não ocorrem apenas na produção, mas também na redução da qualidade dos grãos de soja, com injúrias que podem comprometer a sanidade da semente. Dessa forma, a legislação aponta que, se houver alguma contaminação por sementes ou outros componentes de plantas daninhas, o produtor poderá perder seu certificado de sementes, inviabilizando a produção da mesma.

Observam-se, também, prejuízos quanto ao valor comercial da terra (área agricultável). Áreas agrícolas com alta incidência de PD’s mostram-se como alerta para questões como a fertilidade do solo, nível de infestação, entre outros. Isso acontece porque as PD´s absorvem todo os nutrientes do solo, deixando-o pobre, influenciando na elevação custos de controle e correção de solo.

Além disso, as PD’s podem causar toxicidade para animais e para o homem. Por isso, é importante saber identificá-las para conseguir obter sucesso no manejo e controle a campo.

Sintomas

Os sintomas causados pela infestação de PD’s em área agricultáveis podem aparecer em reboleiras uniformes, definhamento das plantas cultivadas, mudança de coloração das plantas e, consequentemente, baixa produtividade.

Elas também podem favorecer mudanças nas caraterísticas físicas do solo, como aspecto seco e rachado, por absorver grandes quantidades de água e nutrientes, e podem também ser responsáveis pela maior infestações de insetos.

Controle preventivo e curativo

O controle de plantas daninhas parte do diagnóstico realizado na lavoura, ou seja, da identificação das espécies, da quantidade de infestação ou até mesmo se houver plantas grandes que sobraram da dessecação.

Por outro lado, o domínio da tecnologia de aplicação é fundamental para assegurar a correta aplicação, com segurança ambiental, social e humana, bem como a obtenção de resultados econômicos positivos.

Há inúmeras formas de controle de PD’s:

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ð O controle cultural consiste em usar qualquer condição ambiental ou procedimento que promova o crescimento da cultura, tendendo a diminuir os danos de PD’s. Esse método está baseado em dois princípios: as primeiras plantas que ocupam uma área tendem a excluir as demais e a espécie mais bem adaptada predominará no ambiente.

ð O controle mecânico através do arranquio manual é a forma mais antiga usada pelo homem, consistindo no uso de equipamentos para a eliminação das PD’s por meio do efeito físico, como a enxada e os cultivadores.

ð O controle químico está ligado à aplicação e uso de herbicidas que são a principal e mais eficiente ferramenta utilizada principalmente na cultura de soja. O uso desses produtos em pré ou pós-emergência de PD’s combinado com as práticas explanadas anteriormente, são suficientes para garantir sua baixa incidência nas áreas cultivadas de soja, principalmente nos estádios iniciais e até mesmo durante todo o ciclo da cultura.

ð O controle preventivo busca reduzir as possibilidades de introdução de propágulos oriundos de outros locais, de plantas daninhas, principalmente em áreas ainda não infestadas. O objetivo desse tipo de controle é evitar a infestação e/ou a reinfestação das áreas em que elas sejam economicamente indesejáveis. Essa prática visa apenas à redução da infestação e não programa o controle para eliminar espécies que infestam as áreas agrícolas.

ð Por fim, temos o controle físico, que pode ser realizado por meio da solarização do solo, com fogo e/ou inundação. Para se fazer a solarização, utiliza-se uma cobertura de polietileno transparente. Com isso, a temperatura do solo aumenta, matando o embrião da planta daninha – a plântula.

Qual escolher?

A prevenção engloba todas as medidas adotadas para prevenir a introdução e disseminação de plantas daninhas. Para isso, é indispensável conhecer as características reprodutivas e de disseminação de cada espécies. Dessa forma, podem ser utilizadas técnicas como arações, gradagem, dessecação de pré-plantio, ou seja, realizar uma aplicação de herbicidas antes da implantação da cultura, e se necessário realizar em conjunto outras aplicações após o plantio.

Já no controle curativo, busca-se erradicar as PD`s de uma área já infestada, dessa forma, as técnicas de capina manual, métodos de sulcação, arações, gradagem, aplicação de herbicidas, após a identificação das plantas invasoras, são ideais.

Dentre as técnicas de controle, para se obter melhor eficiência nos processos, pode-se utilizar como alternativa a pulverização eletrostática, que otimiza a deposição dos defensivos e reduz as perdas para o solo em até 20 vezes, quando comparadas com uma pulverização convencional.

Contudo, caso o produtor não possua essa tecnologia, ele poderá investir em pequenas ações no pulverizador, ajustando parâmetros referentes à tecnologia de aplicação, como a revisão completa e calibração de barras e bicos.

Erros

Alguns erros podem ser cometidos durante as etapas para o controle de PD’s, como: identificação incorreta das plantas, utilização do herbicida com o mesmo princípio ativo e mecanismo de ação por repetidas vezes, realização de pulverizações com bicos inapropriados, calibração incorreta do pulverizador, aplicações em horário inapropriado, preparação da calda e dosagem do produto fora dos padrões recomendados pela fabricante.

Esses erros que podem ser evitados sob orientações e supervisão de um responsável técnico (engenheiro agrônomo), que auxiliará na forma de aplicação e escolha dos produtos ideais para controles da PD’s.

Quanto custa?

Para uma melhor compreensão sobre o assunto, vamos realizar uma comparação prática entre custo de combate x custo de prevenção de PD’s. Em exemplo temos a área de número 1, que está infestada com plantas daninhas adultas, sendo necessário a realização da aplicação de herbicida para combatê-las.

Como esta área está infestada com plantas adultas, as sementes produzidas por elas, com o passar do tempo, irão germinar em condições favoráveis, como na presença de umidade de solo.

Dessa forma, é necessário a realização de maior número de pulverizações para controle dessas plantas emergentes. Utilizaremos um herbicida X, que custa em torno de R$ 20,00 litro-1, juntamente com um adjuvante, cujo custo é de R$ 23,00 litro-1 (preços cotados na região de Cambará – Norte Paranaense), em uma área de 1,0 hectare de terra cultivado com soja.

De acordo com a bula do herbicida X, a dose recomendada é de 3,0 litros hectare-1, acrescida da dose do adjuvante, que é de 0,4 litros hectare-1, totalizando um custo de R$ 69,20 pela aplicação.

O produtor conseguiu eliminar uma parcela das plantas daninhas presentes na área, porém, algumas plantas daninhas ainda permaneceram na área, forçando o produtor a uma nova aplicação. Nesta nova aplicação na área de 1,0 hectare de terra, utilizou-se 6 litros hectare-1 do herbicida X, acrescido de 0,4 litro hectare-1 dose do adjuvante, totalizando R$ 129,20.

Dessa forma, o custo total encontra-se em torno de R$ 198,40, porém, dentro do ciclo de desenvolvimento da cultura da soja, as sementes de PD’s irão germinar, necessitando de novas aplicações, aumentando ainda mais os custos.  Já na área de número 2, onde há reduzida incidência de PD’s jovens/adultas, serão necessária somente uma única dose de aplicação, como forma de prevenção, já que essas plantas não apresentam riscos à produtividade da cultura da soja.

Podemos utilizar o herbicida X com custo de R$ 20,00 litro-1, aplicado com um adjuvante (R$ 23,00 litro-1 – preços cotados na região de Cambará – norte paranaense), em uma área de 1,0 hectare de terra cultivado, a dose recomendada é de 3,0 litros hectare-1, acrescida da dose do adjuvante, que é de 0,4 litros hectare-1.

O produtor conseguiu eliminar as plantas daninhas com apenas uma única aplicação, totalizando um gasto de R$ R$ 69,20 hectare-1.

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