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Plantas daninhas: O alerta continua

Autores

Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Vitor Muller Anunciato
vitor.muller@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu
Samara Moreira Perissato
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Agronomia/Agricultura – UNESP – Botucatu
samaraperissato@gmail.com
Leandro Tropaldi
Engenheiro agrônomo, mestre, doutor em Proteção de Plantas e professor de Plantas Daninhas da UNESP – Dracena
l.tropaldi@unesp.br
Crédito Larry Steckel

Desde o pré-plantio até o estabelecimento da vegetação pela floresta implantada, enquanto essa não ocupa a maior parte dos “espaços” disponíveis, as plantas daninhas podem ser importantes competidoras nesse sistema. 

Como as plantas daninhas são muito prolíficas e biologicamente agressivas, acabam afetando negativamente o crescimento e o desenvolvimento da floresta, resultando na redução do potencial produtivo da madeira. As perdas de produtividade causadas pelas plantas daninhas podem ser superiores a 50% do volume de madeira produzido, dependendo da dinâmica, do tamanho do banco de sementes das plantas daninhas e das condições culturais da floresta.

Além disso, a interferência dessas plantas é mais expressiva no primeiro e no segundo ano de implementação dessas áreas, à medida que as plantas daninhas competem com a floresta por água, nutrientes e espaço físico, interceptam a luz, exercem pressão de natureza alelopática, aumentam riscos de incêndios e dentre outros, justificando, plenamente, a preocupação com seu controle.

Ademais, ressalta-se o aumento progressivo nos custos da mão de obra necessária para as operações de limpeza e manutenção desses plantios. Logo, para uma exploração econômica da floresta, é essencial que medidas de manejo das plantas daninhas sejam aplicadas, dentre as quais destaca-se o uso de herbicidas.

Principais plantas daninhas

Existe uma elevada diversidade de espécies de plantas daninhas presentes em áreas florestais, a exemplo do que ocorre em outras culturas agrícolas, em virtude da ampla presença dessas áreas em diferentes regiões do Brasil, o que dificulta ainda mais a definição de um modelo de manejo assertivo.

Nessas áreas, o capim-braquiária (Urochloa decumbens) e o capim-colonião (Panicum maximum) são consideradas as plantas daninhas com maior frequência e agressividade, o que pode ser explicado pelo avanço das áreas florestais em áreas de pastagens degradadas. No entanto, diferentes espécies de cordas-de-viola (Ipomoea sp e Merremia sp), bem como outras plantas daninhas trepadeiras, como melão-de-São-Caetano (Momordica charantia), bucha (Luffa aegyptica), mucuna-preta (Mucuna pruriens), soja-perene (Neonotonia wihgtti ou Glycine wihgtii) e cipó-de-são-joão (Pyrostegia venusta) passaram a ser selecionadas pelo uso intensivo de glyphosate, e tornaram-se problemáticas nessas áreas.

Portanto, para o sucesso da implantação, crescimento, produtividade e manutenção dos povoamentos florestais, é fundamental definir estratégias eficazes para o manejo integrado das plantas daninhas.

Uso de herbicidas do setor no setor florestal

Dentre as principais características que os herbicidas devem possuir, destacam-se: seletividade para a cultura, ambientalmente de baixo impacto, toxicologicamente seguro, sustentável economicamente, viável como parte das boas práticas agrícolas e com suporte técnico para atuação responsável.

Dessa forma, o uso de herbicidas seletivos em florestas, com amplo espectro de controle e residual aliados à flexibilidade de aplicação no manejo de áreas pré-plantio em diferentes épocas do ano proporcionam melhores resultados de controle das plantas daninhas em todas as fases do sistema produtivo, além da significativa redução dos níveis de infestação ao longo dos anos, o que consequentemente irá reduzir os custos com aplicações complementares e repasses de herbicidas, tendo como reflexo o aumento de produtividade.

No setor florestal, recomendam-se aplicações de herbicidas em pré-plantio incorporado (PPI) e em pré-emergência (pré – como oxyflurofen, flumyzin, sulfentrazone e isoxaflutole) após o plantio, a fim de reduzir o banco de sementes no solo e facilitar, assim, o controle com o herbicidas de aplicação em pré-emergência na linha de plantio e de aplicação de pós-emergência (glyphosate, amônio-glufosinate e carfentrazone) utilizados na entrelinha de plantio durante o crescimento e desenvolvimento inicial, eliminando completamente a interferência das plantas daninhas na cultura.

Pontos cruciais

Um dos pontos principais relacionados à utilização de herbicidas é a sua eficácia, o que está diretamente relacionado à magnitude dos processos de penetração/absorção. Esses processos são complexos e podem ser influenciados por fatores relacionados à planta, aos herbicidas, à calda de pulverização e ao clima.

Assim, visando facilitar a penetração foliar de herbicidas, diversas substâncias podem ser adicionadas à calda de pulverização. Nesse sentido, a ureia e sulfato de amônio adicionados à calda de pulverização têm sido utilizados em aplicações foliares como agentes facilitadores da penetração de herbicidas.

Ureia e sulfato de amônio na calda de pulverização

O principal mecanismo de incremento de controle relatado para a ureia e sulfato de amônio diz respeito à contribuição na penetração cuticular, devido à difusão facilitada desta molécula, ao rompimento de ligações éster e éter da cutina e à acidificação do apoplasto foliar, que facilita a absorção celular de herbicidas.

Muitos produtores usam 5,0 e 15 gramas (por litro) de ureia e sulfato de amônio na calda. O preço da ureia e sulfato de amônio por tonelada em 2019 chegou em até R$ 988 e 775, respectivamente. Para adequar ainda mais a fórmula ideal ao bolso do produtor, recomenda-se uma solução mista, que utiliza menos gramas de ambos os produtos.

Se forem misturadas 7,5 gramas de sulfato de amônio com 2,5 gramas de ureia por litro, o herbicida também vai ser potencializado. Substituir 7,5 gramas de sulfato de amônio por 2,5 de ureia também é vantajoso economicamente.

Erros e acertos

A eficiência na aplicação de herbicidas está ligada diretamente ao potencial de deriva, à perda por escorrimento e à cobertura do alvo. Trata-se de um processo complexo, influenciado por diversos fatores, como o tipo de equipamento de pulverização empregado e as propriedades físico-químicas da calda.

Embora a mistura possa ser positiva para auxiliar no controle das plantas daninhas, o produtor não deve esquecer principalmente de observar a qualidade da água utilizada. O pH da solução, com a presença de sais na água, a exemplo de cálcio e magnésio, têm importância prática na ação do herbicida.

Em conjunto, devido à complexidade do processo, o efeito da aplicação da mistura pode ser inferior ao da aplicação do herbicida individualmente, logo, faz-se necessário o conhecimento dos efeitos da associação de fontes nitrogenadas com as moléculas.

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