Autores
Alfredo Jr. Paiola Albrecht
Laércio Augusto Pivetta
Engenheiros agrônomo, doutores e professores – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Leandro Paiola Albrecht
André Felipe Moreira Silva
Engenheiros agrônomos, mestres e doutores em Agronomia
Enoir Cristiano Pellizzaro
Engenheiro agrônomo, mestre e pesquisador – Cooperativa Agroindustrial C. Vale
A safra 2019/20 está iniciando, e muitas são as indagações no tocante às perspectivas de clima e mercado. No entanto, algo é fato – temos que começar bem e preparar da melhor forma possível o “caminho” para o cultivo da soja. Nesse sentido, a dessecação utilizando bons herbicidas no manejo de plantas daninhas é uma etapa essencial.
Uma constatação que vem assustando o setor produtivo é o surgimento de inúmeros casos de resistência, no qual espécies como a buva (Conyza spp.) vêm chamando atenção. Em Informativos do Supra Pesquisa já foram relatados vários casos de resistência, aqui e no Paraguai, em que pode ser observado uma planta de buva sobrevivente ao paraquat (indicativo de resistência a campo) ao lado de uma suscetível. Mas o que chama mais atenção nessa safra é a expansão e a frequência de alguns indicativos de resistência, como da buva ao paraquat e ao 2,4-D.
Foco
Especialmente no caso do 2,4-D, os resultados de campo em várias regiões do Paraná, Sul do MS e Paraguai vêm assustando. Há plantas com indicativo de resistência a 2,4-D, em que uma certa hipersensibilidade gera um efeito de “rápida necrose”, em um período de duas a cinco horas após a aplicação.
Essa “rápida necrose” indica que o produto, geralmente usado na primeira aplicação, não realizou o seu “trabalho”, comprometendo o processo de dessecação na pré-semeadura, para que a soja entre no limpo. Esse cenário leva a ações reativas imediatas, como a troca do herbicida por outro, e deveria levar a ações proativas contínuas, como a rotação de mecanismos de ação e outras estratégias dentro do manejo integrado de plantas daninhas.
Nesse contexto, vão algumas dicas para preparar o “caminho para a soja”:
Ü Se ainda não começaram as dessecações, inicie o quanto antes, e não deixe de realizar aplicações sequenciais (o ideal seria ter feito o manejo de entressafra ou “outonal” – logo após a colheita do milho);
Ü Não use sempre os mesmos herbicidas, procure rotacionar o mecanismo de ação, para evitar a pressão de seleção (“matando os fracos e deixando os fortes multiplicarem”);
Ü Use pré-emergente (bem posicionado em uma das sequências). Eles ajudam a rotacionar herbicidas, seguram os fluxos de emergência de plantas daninhas e favorecem a dianteira competitiva da cultura;
Ü Cuidado com o residual indesejado de alguns herbicidas. Aqueles que dão “fito” na soja (“carryover”), como os de alguns herbicidas hormonais (esses produtos exigem entre sete e 30 dias de intervalo entre a aplicação e semeadura);
Ü Se tem braquiária ou outra cobertura, desseque antecipado. Dependendo da massa verde, tem que aplicar herbicida pelo menos 15 dias antes;
Ü Evite baixo volume nas aplicações terrestres – trabalhe, no mínimo, entre 80 e 150 L/ha, dependendo do herbicida, e aplique no melhor horário do dia;
Ü Evite “semear no pó”, acompanhe a previsão do tempo, não caia na “síndrome do ronco do trator”, não semeie apenas porque o vizinho está semeando;
Ü Evite ao máximo a realização de “gradagem” pensando no manejo mecânico das plantas daninhas. Esta prática normalmente irá piorar nosso sistema de produção e trazer à tona problemas do passado;
Ü Use semente certificada, de alto vigor, faça um bom tratamento de sementes, não deixe de colocar inoculante, adeque o grupo de maturação à mesorregião, cuidado com o arranjo espacial (espaçamento e população). Ou seja, crie todas as condições que favoreçam o estabelecimento da cultura, pois o “principal controle para a planta daninha é a própria cultura”. Fechando cedo e no limpo, “a vida fica mais fácil”;
Ü E, não deixe de consultar o seu engenheiro agrônomo.
Lembre, nosso maior desafio é: Fazer a coisa certa, do jeito certo, na hora certa!