Ana Paula Preczenhak
Pós-doutoranda em Fisiologia e Bioquímica de Plantas na ESALQ-USP e professora – Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB)
prof.anapaula@faesb.edu.br
A enxertia de tomateiro cresceu muito nos últimos seis anos no Brasil, mas já é uma realidade há muito mais tempo em outros países da Europa, Japão e Estados Unidos. Uma planta enxertada é formada pelo porta-enxerto (cavalo) e pelo enxerto (cavaleiro).
A compatibilidade entre o porta-enxerto e o enxerto são a base da aplicação da técnica. Empresas que fornecem sementes de híbridos de porta-enxerto e enxerto estudam as compatibilidades e são a melhor fonte de informação sobre a compatibilidade de híbridos para enxertia.
Em tomateiro, as características para produção são o vigor das plantas, espessura do caule da muda, utilizar o clipe adequado e a mesma resistência ao ToMV/TMV (vírus do mosaico do tomateiro).
O porta-enxerto utilizado é caracterizado por apresentar resistência a várias doenças ocasionadas por patógenos de solo, assim reduzindo os prejuízos com a incidência de doenças e garantindo a produtividade.
Fitossanidade
Atualmente, um dos principais patógenos de solo que acometem as plantações de tomate é a Ralstonia solanacearum, uma bactéria gram negativa, causadora da murcha bacteriana.
Um agravante é que a doença pode se manifestar em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, como durante a formação do primeiro cacho de frutos. A falta de água, pelo entupimento dos vasos condutores (xilema), leva à “murcha em verde” (murchamento da planta).
Assim, porta-enxertos que apresentam resistência a esta doença são muito interessantes para a boa produtividade. No entanto, cuidados de manejo para outras doenças e pragas devem ser mantidos, assim como irrigação e adubação adequadas.
Isso porque a planta enxertada é mais resistente às variações climáticas e de doenças, porém, necessita de manejo básico para a cultura. Outros patógenos que a enxertia em tomate apresenta resistência são os nematoides, Verticillium 2 e Fusarium 3.
Mais produtividade
A técnica da enxertia auxilia no ganho de produtividade devido a algumas vantagens que a planta enxertada adquire, como um sistema radicular mais resistente, longevidade de colheita e produção de frutos de qualidade.
O sistema radicular do tomateiro enxertado apresenta também mais tolerância a adversidades de seca e umidade excessiva, reduzindo a perda de mudas no campo.
Isso, em conjunto com um sistema radicular forte e bem desenvolvido, proporciona maior exploração dos extratos do solo, que fazem com que a planta adquira mais e melhor os nutrientes e água disponíveis.
Assim, em solos com pH adequado e adubação equilibrada para a cultura, pode-se reduzir a aplicação de adubos sem comprometer a produtividade.