Thiago HideyoNihei
Doutor em Agronomia e melhorista de milho
LetÃcia Dias Freitas
Engenheira agrônoma e assistente de Pesquisa
O cultivo de milho na primeira safra vem perdendo espaço em área cultivada para a soja. O estabelecimento do milho na segunda safra e o maior atrativo financeiro da soja são os principais fatores que resultam nessa tendência.
Na safra verão de 2017, no entanto, houve uma expansão da área cultivada, impulsionada pelos preços atrativos do cereal na época da semeadura. Houve, portanto, um aumento de 2,5% nas áreas de milho verão dessa safra, chegando a 5.520 mil ha. A região centro-oeste foi a principal responsável por este incremento, com um aumento de 9,4% de área destinada para cultivo de milho.
Produtividade
Em relação à produtividade, o Brasil colheu uma safra recorde de 88,014 milhões de toneladas de milho em 2017, um aumento de 38,9% em relação a 2016. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de janeiro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE).
A Conab prevê uma produção do milho primeira safra em 29.299,5 milhões de toneladas, um aumento de 13,3% em relação ao ano anterior. A área a ser colhida deve crescer 13,3%, enquanto o rendimento médio será 10,6% maior.
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Opções
Uma grande quantidade de cultivares esteve disponível para a safra de verão 2016/17 – 315 no total, entre elas convencionais e transgênicas. Esta grande diversidade de híbridos disponíveis pode ser explicada pelo fato de que não existe uma cultivar superior em todas as condições, sendo a escolha da melhor semente uma das mais importantes responsabilidades na busca por grandes produtividades.
Além do potencial genético da planta, o alto desempenho produtivo dos híbridos depende de uma complexa relação com os fatores ambientais envolvidos. De modo geral, os híbridos de milho podem ser divididos em três grupos, um com maior capacidade produtiva, outro com maior capacidade defensiva e o terceiro grupo conciliando estas duas habilidades em menor intensidade cada uma.
O primeiro grupo engloba híbridos que apresentam melhor reposta às condições ambientais favoráveis e representam escolhas que podem resultar em recordes de produtividade quando o clima favorece. Por outro lado, podem trazer as maiores decepções quando algo inesperado ocorrer.
O segundo perfil de híbridos tem como característica a presença de recursos que ajudam a evitar uma quebra de produtividade muito agressiva devido a algum eventual estresse. Podem não apresentar um teto produtivo tão elevado, mas são essenciais para a realidade produtiva de muitos produtores.
Por fim, temos o terceiro grupo de híbridos para atender a uma escolha mais equilibrada, para produtores que não abrem mão de defensividade e produtividade, mesmo que de forma menos intensa.
Visão macro
Nesta safra os produtores de milho da safra verão não encontraram problemas para o financiamento da produção e utilizaram um bom pacote tecnológico no sistema de cultivo. Essas características, aliadas ao comportamento favorável do clima nas principais regiões produtoras do País, trouxeram como resultado elevadas produtividades.
Esse cenário favoreceu o produtor que optou por híbridos de elevado potencial produtivo. A preferência dos agricultores foi por híbridos simples de ciclo precoce e com algum tipo de evento transgênico.
Sendo assim, com exceção da região norte, todas as demais apresentaram incremento na produção de milho nesta safra. O Nordeste aparece em destaque, partindo de uma produtividade média de 1537 kg/ha e produção de 2.866,9 toneladas, em 2015/16, para 2.172 kg/ha e produção de 3.985,9 toneladas, em 2016/17.
Rio Grande do Sul, com uma produção de 5.875,8 milhões de toneladas, Minas Gerais, com 5.701,9 milhões de toneladas, e Paraná, com 4.397,8 milhões de toneladas, são os três maiores produtores da primeira safra de milho, responsáveis por cerca de 54% do total a ser colhido nessa época.
Segundo a Conab, o Brasil deve fechar uma média de produtividade pouco acima de 5.300 kg/ha. No Rio Grande do Sul, considerando-se a média das produtividades obtidas nas lavouras irrigadas e de sequeiro, o rendimento chega a 7.300 kg/ha.
As regiões central, campanha e zona sul puxam as médias para baixo, mas ainda assim, a expectativa é de que produtores concluam uma das melhores, senão a melhor safra de milho.
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