Autor
Thales Barcelos Resende
Mestre e doutor em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
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A nutrição equilibrada de qualquer planta é uma premissa básica para a garantia de altas produtividades, independente de qual seja o nutriente, e quando em falta ele será limitante para a produção (Lei do Mínimo). Os nutrientes essenciais são divididos em dois grandes grupos – os macro e os micronutrientes. A separação destes dois grupos se dá apenas pela quantidade exigida pela planta, porém, ambos são importantes para o pleno desenvolvimento das plantas.
B e Zn
O boro (B) e o zinco (Zn) são dois elementos básicos para o equilíbrio nutricional da cultura do café, sendo que muitos produtores não se atentam para suas importâncias devido à pequena quantidade que se aplica nas áreas cafeeiras.
O nutriente boro está ligado diretamente à produtividade do cafeeiro, pelo fato de ser responsável pela germinação do grão de pólen, crescimento do tubo polínico, de meristemas, sistemas enzimáticos e regulagem do crescimento da parede celular dentro das plantas. Por isso, sua aplicação se relaciona diretamente com o pegamento da florada do café, se tornando crítico nesta fase da planta.
Por se tratar de um nutriente imóvel na planta, ou seja, não se transloca pelo floema, sua aplicação se torna mais eficiente quando é feita via solo, pois uma vez que ele chega em uma parte da planta, como por exemplo, as folhas, não consegue se movimentar para outro órgão.
Sendo assim, os sintomas de deficiência são enxergados primeiramente nas folhas mais novas, como deformação no crescimento e tamanho reduzido, ou ainda ramos laterais mais longos que a própria altura da planta, fazendo com que ela tome aspecto de nanismo quando jovem. Outro ponto importante e que causa muito prejuízo é o reduzido pegamento de florada na lavoura.
Manejo
Na teoria, a aplicação de boro é recomendada quando os teores estão inferiores a 0,6 mg/dm³ no solo. Entretanto, na prática muitos consultores têm optado por aplicar boro quando este apresenta teor abaixo de 1,0 mg/dm³ no solo.
Por se tratar de um nutriente com carga iônica 0, deve-se tomar muito cuidado com a escolha da fonte a ser aplicada, pois o ácido bórico (H3BO3), por ser solúvel em água, está prontamente disponível para a planta, porém, é muito suscetível à lixiviação. Por tal fato, é indicado em casos extremos de deficiência, e não sendo suficiente para manter os teores adequados por um tempo satisfatório.
Outra fonte é a ulexita, uma rocha fonte de boro que também é utilizada para suprir as necessidades das plantas, Porém, seu período residual é maior, e por se tratar de uma rocha sua liberação é gradual, o que garante um longo período de fornecimento de boro para a planta.
Ação do zinco
O zinco também é considerado um micronutriente, pela quantidade exigida pelas plantas, porém, exerce papel fundamental, por ser catalizador da formação do triptofano, precursor do ácido indol acético, hormônio responsável pelo crescimento de meristemas, tendo então uma responsabilidade grande no crescimento das plantas.
Em casos de falta deste nutriente, os principais sintomas são a redução do tamanho dos internódios do final do ramo, gerando uma super brotação nas extremidades dos ramos, muitas vezes sendo confundida com deriva de glyfosate. Estes sintomas todos, por fim, causam o acinturamento das plantas, fazendo com que elas percam sua arquitetura.
Outro problema é excesso de zinco, principalmente na época da florada, o que causa abortamento das flores e diminui muito a produção. Portanto, é importante tomar muito cuidado com ele, principalmente quanto à época de aplicação.
Por tal motivo, o monitoramento de Zn na cultura do café é muito importante, pois a exigência dele pela planta é variável com o decorrer do estádio fenológico que ela se encontra.
Na dose certa
As doses para correção de boro no solo ficam entre 2,0 a 6,0 kg/ha, dependendo da condição do solo, e a aplicação de Zn será via foliar. Outra alternativa é aplicar 6,0 kg via solo, porém, deve-se tomar cuidado com o nível dos demais nutrientes, pois pode ocorrer competição, principalmente com fósforo, tornando-o indisponível para a planta em caso de altos níveis de P no solo.
Mantendo o equilíbrio nutricional, as plantas sempre respondem com produtividade, que é o que interessa para o produtor. Então, a economia em adubos deve ser revista, principalmente em épocas de crises, pois o que garante o sucesso em tempos difíceis é a produtividade alta com baixo custo, e isto só é possível com plantas bem nutridas.