Autores
Leonardo Vesco Galdi
Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – Universidade do Oeste Paulista (Unoeste)
leo.galdi@gmail.com
Diego Henriques dos Santos
Engenheiro agrônomo – Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (Codasp)
diego.santos@agricultura.sp.gov.br
A presença dos nematoides normalmente passa despercebida durante a safrinha, mas eles podem causar amarelecimento e redução do tamanho das plantas de milho, com produção de espigas sem valor. Para evitar perdas no milho, é preciso controlar os nematoides, e os alvos principais devem ser Pratylenchus brachyurus e P. zeae. O último, porém, não é comum em milho safrinha, pois não coloniza raízes de soja.
Nesses termos, a melhor estratégia de controle dos dois nematoides é o tratamento de sementes com nematicidas químicos ou biológicos.
Quem são eles
Os nematoides são vermes que possuem o corpo em formato cilíndrico, com as extremidades afuniladas e vivem nos solos, tendo como principal característica serem fitoparasitas.
Geralmente esses organismos escapam à nossa percepção devido ao seu tamanho microscópico, no entanto, os prejuízos causados pelos mesmos são de grande escala. No milho, por exemplo, durante a safrinha, o aumento da incidência dos nematoides Pratylenchus brachyurus e Pratylenchu zeae, principalmente em lavouras no Mato Grosso, chegam a causar uma redução de mais de 30% na produtividade, assim como falta de vigor nas espigas colhidas, redução no porte das plantas e no tamanho das folhas, além de quedas abruptas na produtividade final.
Esses sintomas e danos ocorrem devido às lesões causadas no sistema radicular, já que penetra na raiz e movimenta-se pelo córtex, formando galerias que prejudicam a absorção de água e nutrientes pelas plantas.
Controle
Devido a esse modo peculiar de ação e parasitismo, o controle dos nematoides deve ser muito eficiente e rigoroso, o que torna o controle mais difícil para o produtor. De modo geral, os nematoides estão previamente presentes nas áreas onde o agricultor implanta a lavoura. Dessa forma, pode-se dizer que a erradicação do mesmo é praticamente impossível. Por outro lado, há maneiras de conviver com os nematoides, porém, mantendo as populações no solo mais baixas, sendo esse nível sempre abaixo do dano econômico.
Algumas estratégias podem ser consideradas para controlar a população de nematoides, evitando que a população deste microrganismo cresça rapidamente e cause sérios danos à lavoura. Dentre essas estratégias, a rotação de culturas com espécies vegetais não hospedeiras de nematoides juntamente com o tratamento de sementes correto e bem feito antes da semeadura pode ser fundamental, tendo em vista que o tratamento das sementes com nematicidas químicos ou biológicos protege a raiz dos parasitas indesejados.
Até mesmo o controle de plantas daninhas deve ser eficaz em se tratando desses microrganismos, pois os mesmos hospedam as raízes de grande parte dessas plantas. O deslocamento de nematoides no solo é bastante limitado, portanto, sua disseminação é altamente dependente do homem, podendo ocorrer por meio de mudas contaminadas, deslocamento de máquinas e por meio de irrigação e/ou água das chuvas.
Portanto, para obtenção de sucesso no controle desse parasita é necessário que não ocorra erros. Dessa forma, uma série de medidas podem ser tomadas para que evite a infestação da lavoura com esse verme, principalmente a limpeza de reservatórios de água e os canais de irrigação, a lavagem cuidadosa de máquinas e implementos agrícolas, principalmente quando utilizadas em áreas infestadas pelos vermes, além de evitar plantios consecutivos com culturas suscetíveis ao verme, uma vez que a rotação de culturas é um dos métodos mais recomendados para o manejo de nematoides em culturas anuais ou perenes de ciclo curto.
Se em determinada área é plantada a mesma cultura suscetível ciclo após ciclo, as populações de nematoides que se desenvolvem nesta área tendem a aumentar. A rotação com plantas não-hospedeiras restringe a multiplicação dos nematoides e, aliada aos fatores naturais de mortalidade, favorece a redução da população do patógeno.
Custos
Os custos para o controle desses parasitas variam de acordo com o método pretendido, e como não é possível o controle total dos mesmos quando já infestaram a planta, o que gera um alto prejuízo ao produtor, deve-se focar no tratamento preventivo.
A prevenção constitui o princípio mais importante e a melhor linha de defesa para o controle de nematoides, evitando a perda de produtividade final, ou seja, a prevenção ainda é o melhor método de controle, e com excelente relação custo x benefício, mantendo o lucro da lavoura.
Inovações
Atualmente, grandes investimentos têm sido realizados para o desenvolvimento de produtos eficazes e seguros ao meio ambiente. Estes produtos, aplicados em tratamento de sementes ou no sulco de plantio, atuam aumentando o vigor das plantas e auxiliando no desenvolvimento de raízes secundárias, conferindo à planta maior tolerância ao ataque do patógeno e sanidade, tanto do sistema radicular quanto da parte aérea.
O tratamento de sementes, principalmente por ter um valor baixo e ser de fácil implantação, vem sendo de grande sucesso dentre os produtores, os quais podem optar tanto pelo nematicida químico como pelo biológico, com destaque para o biológico, que vem sendo mais aceito no mercado devido à menor agressividade ao meio ambiente, ou seja, esse produto controla naturalmente apenas os nematoides e seus ovos, deixando os microrganismos importantes vivos e realizando suas tarefas na rizosfera.
O controle biológico baseia-se na relação antagonista entre microrganismo e nematoide, tendo como mecanismos de ação a antibiose, a predação e o hiperparasitismo. A antibiose é a inibição do patógeno pela produção de substâncias tóxicas como o ácido harziânico e o ácido heptelídico, além de enzimas como as alameticinas.
Na predação há uma competição, sendo que o antagonista disputa nutrientes e espaço ou ainda se alimenta do conteúdo pseudocelomático do patógeno, impedindo o processo de infecção da planta. No hiperparasitismo, a colonização da rizosfera das plantas hospedeiras pelo antagonista promove a secreção e a produção e liberação de enzimas hidrolíticas que atuam degradando a parede celular do nematoide. Na agricultura, para o controle de nematoides os organismos antagônicos mais empregados são fungos e bactérias.
Atenção
O sucesso do tratamento de sementes requer muita atenção. Para que seja eficaz, é preciso que o produto utilizado seja de qualidade certificada, utilização de equipamentos apropriados e em boas condições de funcionamento para o tratamento das sementes, aplicação nas doses corretas, uso de sementes de alta qualidade, pureza dos produtos utilizados, evitando a contaminação advinda de resíduos no equipamento.
Também é importante o uso de produtos dentro do prazo de validade. Dessa forma, é possível que haja o controle dos nematoides e conservação da lavoura, uma vez que a erradicação dos nematoides em nossos solos está longe de acontecer.
Tratamento de sementes de soja
O que é e qual sua importância?
O manejo correto do solo, utilização de sementes de alta qualidade, a época de semeadura e a utilização correta de herbicidas são essenciais para o sucesso de sua lavoura de soja. Contudo, muitas vezes a semeadura da soja não é realizada em condições ótimas, comprometendo o estabelecimento da lavoura do estande inicial. Assim, é necessário muitas vezes realizar a ressemeadura.
Nessas situações, o tratamento de sementes de soja entra como um forte aliado, sendo considerado um manejo preventivo. Mas, afinal de contas, o que é tratamento de sementes?
O tratamento de sementes é a aplicação de produtos/substâncias sobre as sementes, sejam eles defensivos químicos e/ou biológicos, que preservem o desempenho das sementes, permitindo que elas expressem seu potencial. Essa técnica é como uma garantia adicional ao produtor, auxiliando no estabelecimento do estande inicial das plântulas, principalmente em condições adversas.
Na prática, o tratamento com produtos vai proteger a semente do contato inicial com o solo até a fase inicial de formação das plantas.
Tratamento de sementes de soja com inseticida
O primeiro passo antes de definir qual inseticida será utilizado em seu tratamento, é identificar quais as principais pragas que afetam a cultura. Além disso, você deve se atentar a alguns fatores como:
- Histórico da área;
- Tipo de manejo utilizado (cultivo mínimo, plantio direto);
- Cultura anterior utilizada;
- Pragas comuns na região e na fazenda.
Com essas informações em mãos, você poderá escolher qual o melhor inseticida a ser utilizado contra o ataque dessas pragas em sua lavoura. Isso irá proporcionar melhor manejo e minimizar o custo com produtos.
Quando for escolher seu inseticida, leve em consideração o modo de ação, espectro de controle e se o mesmo pode causar fitotoxidade à semente.
Confira as principais pragas em soja e qual inseticida você pode utilizar:
ð Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus): inseticidas sistêmicos (por exemplo: fipronil, imidacloprido + tiodicarbe e clorantraniliprole).
ð Mosca-branca (Bemisia sp.): inseticidas neonicotinóides. Eles podem ajudar a reduzir ou retardar o estabelecimento da praga.
ð Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis): inseticidas sistêmicos (ex: clorantraniliprole).
Mas, antes de escolher seu inseticida, não deixe de consultar seu engenheiro agrônomo!
Fonte: Blog Aegro