A implantação da tecnologia no manejo pode ser a balança para equilibrar a utilização dos defensivos no agronegócio
Foi aprovado pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 6299/02, que facilita a liberação de agrotóxicos e flexibiliza o controle de pesticidas no Brasil. A partir de agora, as decisões referentes ao tema ficam centralizadas no Ministério da Agricultura. Até então, para que um novo produto fosse utilizado, era preciso autorização de órgãos como o Ministério da Saúde e a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Em paralelo, tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo a PL 8/2022, que pretende proibir a pulverização aérea de defensivos agrícolas em todo o estado, independentemente do tamanho da área da propriedade e do tipo de aeronave utilizado. A justificativa para a medida é de que a pulverização realizada por essa modalidade é capaz de acarretar problemas de saúde a trabalhadores do campo e de empresas, além contaminar hortas domésticas, projetos de agricultura familiar, poços d’água e demais ecossistemas.
Pedro Buonamici, sócio proprietário e líder de sustentabilidade da Perfect Flight, agtech nacional de gestão e rastreabilidade de pulverização, com atuação em todo o Brasil e no exterior, reforça que a utilização de defensivos em larga escala deveria necessariamente ser acompanhada de um sistema de controle e monitoramento que proporciona segurança para toda a cadeia agrícola.
“Vivemos em um mundo onde ainda são necessárias, por exemplo, a aplicação de defensivos para garantir a produção em larga escala com eficiência e celeridade. Isso é o que a ciência nos mostra. E quem trabalha com tecnologia, no desenvolvimento de soluções, precisa ter isso em mente para elaborar saídas que otimizem e reduzam a utilização desse tipo de produto. Para que ele seja pulverizado apenas quando e onde for necessário. Assim conseguimos reduzir impactos ambientais, enfrentar a fome e construir um contexto mais favorável à preservação”, afirma
Sobre a PL da aviação agrícola, Buonamici afirma ser contra a proibição, por uma questão humanitária.
“Existe um número considerável de produtores rurais que dependem dessa metodologia de aplicação de defensivos para realizar o controle de pragas em suas lavouras. Com essa proibição teremos um grande baque em toda nossa cadeia de produção e, consequentemente, até um aumento no preço dos alimentos. Não é proibindo a aviação que a gente vai corrigir esse problema”, afirma.
O empresário frisa que a proposta não é incentivar o uso de defensivos químicos e que se deve incentivar, por exemplo, os produtores de orgânicos que utilizam defensivos biológicos, mesmo que esta produção ainda não seja suficiente para suprir a demanda mundial. “Existem outras alternativas como os bioinsumos, que também precisam de um fator de inteligência, como o da Perfect Flight, para sua utilização”, esclarece
O “X da questão”
De acordo com Pedro, os esforços hoje devem estar concentrados em uma das etapas mais críticas da cadeia: a pulverização. Segundo ele, um ponto chave que deve ser levado em conta, além da justa discussão do uso ou não dos defensivos agrícolas, está na utilização de metodologias, estratégias e ferramentas que permitam gerir e monitorar, com precisão, o uso desses produtos.
O empresário explica que por meio da tecnologia é possível mapear áreas e fazer a aplicação dos insumos via aérea com maior precisão. Hoje, por exemplo, a Perfect Flight possui mais de 20 milhões de hectares digitalizados e monitorados. Desse modo evita que florestas, campos abertos, rios, pastagens e áreas habitadas por comunidades sejam atingidos de forma indevida. Além disso, a diminuição do tempo de voo contribui diretamente para uma menor emissão de gases poluentes liberados pelas aeronaves.
A plataforma, através de um sistema de inteligência de dados, auxilia no aumento do acerto e diminuição do desperdício com ganhos de eficiência de 25%. Desse modo conseguimos cuidar da cultura do campo na mesma intensidade que cuidamos da nossa cultura”, frisa o empresário.
Buonamici reforça ainda que, por meio das inovações tecnológicas aplicadas no campo também é possível captar e transformar um grande volume de dados em informações. Um conteúdo vasto e rico que gera conhecimento e impacta diretamente em tomadas de decisões cada vez mais assertivas.
“Esses insights impulsionam não só o aumento de eficiência nos processos de aplicação de defensivos, mas também contribuem diretamente para a redução de custos e para a melhora dos índices de sustentabilidade e de proteção do meio ambiente e de áreas de preservação”, conclui.
Segundo Pedro, tanto no exterior quanto no Brasil, os produtores sofrem atualmente com a falta de monitoramento adequado no processo de aplicação, motivo pelo qual a plataforma da Perfect Flight, que é pioneira no mundo, já está presente na América Latina, EUA e com negociações avançadas com a Austrália.
“As mesmas falhas de aplicação de pulverização existem em todos os países do mundo. Nossa ferramenta resolve esse problema. Todo mundo estava no escuro até pouco tempo atrás. A Perfect Flight colocou luz e visibilidade em um processo de alto impacto na rentabilidade da produção agrícola, segurança alimentar e ambiental. Estamos levando alta tecnologia para todo o mundo”.