No ano em que a PES (Pesquisa de Estimativa de Safra) completa dez anos, o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura, voltado para o desenvolvimento sustentável do parque citrícola), reafirma importantes movimentos do setor para garantir a transparência dos dados, o desenvolvimento da ciência e biotecnologia, o avanço da transferência de tecnologia e das práticas sustentáveis nos pomares brasileiros.
“O trabalho da PES se tornou um marco significativo no desenvolvimento do agronegócio e mudou o cenário da citricultura brasileira, promovendo um avanço na democratização das informações e facilitando o planejamento estratégico de todos os atores da cadeia produtiva da laranja”, afirma Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus.
Além da expectativa de produção nesta safra, a novidade deste ano é a pesquisa desenvolvida em parceria entre a Embrapa e o Fundecitrus que identificou mais de 300 espécies de animais silvestres no chamado cinturão citrícola brasileiro. Foram encontrados, principalmente, aves e mamíferos circulando ou vivendo em ambientes de produção de cinco fazendas produtoras de laranja. O trabalho de investigação científica estimou também cerca de 36 milhões de toneladas de carbono “aprisionadas” nas laranjeiras, no solo e nas áreas de vegetação nativa.
O projeto foi selecionado pelo Fundo de Inovação para Agricultores da empresa Innocent Drinks, do Reino Unido, que financiou o estudo. Esse fundo incentiva os agricultores à transição para uma agricultura de baixo carbono, incremento da biodiversidade e práticas justas.
“Estamos muito felizes em apresentar o resultado do trabalho, realizado em parceria com a Embrapa, sobre a preservação da fauna na citricultura. Hoje, os estímulos às boas práticas agrícolas, o manejo sustentável e a manutenção da cadeia produtiva de citros, com a preservação dos recursos naturais são práticas essenciais e indispensáveis para a preservação, não apenas da fauna, mas do ecossistema como um todo, favorecendo esta e as próximas gerações. Essa pesquisa desmitifica a relação da citricultura e o desmatamento e mostra como a produção de laranja, fauna e flora caminham juntos”, complementa Ayres.
PES 2024
O Fundecitrus anunciou em sua sede em Araraquara, hoje, 10 de maio, a produção de laranja na temporada 2024/2025 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro que deverá atingir 232,38 milhões de caixas de 40,8 quilos cada na próxima safra, o que representa uma queda de 24,36% em relação à safra anterior.
“As condições climáticas desfavoráveis foram fator determinante para a redução da produção”, explica o coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus, Vinícius Trombin. “O tempo seco e quente impactou a produção das laranjeiras, além de um cenário agravado com alta incidência de greening nas plantações. As temperaturas subiram muito desde a chegada do fenômeno El Niño que se instalou em junho do ano passado e provocou maior evapotranspiração e a redução da umidade do solo. Ao todo foram três ondas de calor, após o primeiro florescimento ”, detalha.
As sucessivas ondas de calor, a primeira em setembro; a segunda em novembro e a terceira em dezembro causaram uma queda significativa de frutos recém-formados. Essa condição aliada às chuvas, observadas de dezembro/23 a fevereiro/24, propiciaram um florescimento extraordinariamente tardio. Ainda assim, as múltiplas floradas não conseguiram compensar a perda inicial, o que acarretou em uma redução do número de frutos por árvore, em 29%. Com essa redução, espera-se que as laranjas alcancem tamanhos maiores do que as colhidas na safra passada, cerca de 5%. “A menor competição entre os frutos fará com que cresçam mais. Isso está contribuindo para minimizar as perdas”, explica Trombin.
A Pesquisa de Estimativa de Safra é realizada pelo Fundecitrus em parceria com a Markestrat, e professores titulares da FEA-RP/USP e FCAV/Unesp.