Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia
Fernando Simoni Bacilieri
Bruno Nicchio
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia – ICIAG-UFU
A rúcula (Eruca sativa) possui ciclo curto, alta produção por área e ampla aceitabilidade pelo mercado consumidor. As folhas de rúcula são apreciadas em saladas, sendo ricas fontes de vitaminas, aminoácidos, sais minerais e vários compostos fenólicos que combatem os radicais livres (moléculas que causam doenças degenerativas, como o câncer).
A crescente preocupação com a alimentação saudável faz crescer a procura e comercialização desta espécie. Apesar de ser uma espécie de clima temperado, o cultivo da rúcula em hidroponia se expande em praticamente todas as regiões do Brasil, com diferenças no manejo de acordo com a interação da cultura e as condições ambientais.
Em hidroponia
A hidroponia possibilita obter rúcula de melhor qualidade, diversidade, regularidade de produção e precocidade do ciclo, devido ao maior controle das técnicas de manejo, otimizando o potencial genético das cultivares.
A técnica consiste no desenvolvimento das plantas sem o uso de solo, em um meio que lhe permita apoiar as raízes e ter acesso à água, oxigênio e nutrientes que circulam continuamente por suas raízes através de um sistema hidráulico, com bomba e temporizador, que alimenta as plantas em períodos determinados pelas condições climáticas.
Manejo nutricional
Dentre os mais importantes fatores de produção, destaca-se o adequado manejo nutricional, com maior ênfase na quantidade e forma de aplicação dos nutrientes. Vale ressaltar que plantas bem nutridas respondem positivamente em produtividade, garantem maior resistência a estresses climáticos e ocasionados por pragas e doenças, possuem melhor qualidade nutricional, maior conservação após sua colheita, melhor aparência e sabor.
Portanto, um adequado manejo da fertilização deve ser considerado primordial em um sistema de produção.
Importância da água
A qualidade da água e a solubilidade dos nutrientes na solução são fundamentais para o sucesso da produção. Sais altamente solúveis são desejados pela maior acessibilidade ao sistema radicular, o que favorece a sua aquisição e incorporação aos tecidos vegetais.
Os produtores devem optar por sais que se dissolvem rapidamente na água, para que os nutrientes se ionizem e estejam prontamente disponíveis para absorção. A vantagem adicional à melhor dissolução dos íons é a redução de problemas de entupimento dos canais que abastecem as canaletas e menor problema de deposição dos fertilizantes no fundo das caixas do reservatório. Dessa forma, tem-se melhor aproveitamento do fertilizante e melhor circulação da solução nutritiva no sistema.
A condutividade elétrica (CE) e o pH são os aliados do produtor no manejo hidropônico. A CE determina a resistência que a água oferece à passagem de uma corrente elétrica e isso prevê quanto de nutrientes precisa ser adicionado à solução.
Quanto maior a quantidade de íons na solução, menor será a resistência elétrica e assim, maior será sua condutividade. O pH refere-se à potência de hidrogênio e está relacionado com a protonação da água, gerando cargas positivas (cátions) e negativas (ânions), o que se torna de grande importância pois, por serem íons, podem reagir com os nutrientes, tornando-os indisponíveis para as plantas ou impedindo o desenvolvimento do sistema radicular.
Sem erros
Os principais erros observados quanto à fertilização em hidroponia estão relacionados ao desbalanço entre os nutrientes na solução e o ajuste inadequado do pH. Todos os macro e micronutrientes devem estar em quantidades compatÃveis com a espécie cultivada, sendo a ordem de exigência de nutrientes variável conforme a espécie, ou mesmo a cultivar.
Portanto, é necessário conhecer a relação entre os nutrientes exigidos, pois a aplicação de uma maior dose do cátion monovalente potássio, por exemplo, pode reduzir a absorção do cátion bivalente cálcio, por efeito de maior concentração, o que pode induzir à deficiência de cálcio nas plantas. Dessa forma, observa-se que, por vezes, o nutriente está na solução, mas por efeito de competição com outro nutriente, a planta não consegue absorvê-lo.
Com relação ao pH, o ajuste entre 5,5 e 6,5 favorece o desenvolvimento radicular e permite que os nutrientes estejam nas formas iônicas que as plantas são capazes de absorver.
É comum, em algumas regiões, o pH da água ser elevado (acima de 6,5), neste caso, os micronutrientes como Cu, Fe, Zn e Mn não estão em formas assimiláveis pelas plantas, portanto, mesmo presente, não serão absorvidos, sendo imprescindÃvel a correção com algum ácido facilmente encontrado no mercado especializado.
A tolerância à concentração de sais na solução nutritiva é variável entre espécies e estádios de desenvolvimento de uma mesma espécie. A característica é controlada geneticamente por vários genes, sendo altamente influenciada por fatores ambientais.
Â