Â
Douglas José Marques
Professor de Olericultura e Melhoramento Vegetal da Universidade José do Rosário Vellano-UNIFENAS
Hudson Carvalho Bianchini
Professor de Fertilidade do Solo da UNIFENAS
O pimentão (Capsicum annuum L.) é cultivado em todo território nacional, ocupando uma área aproximadamente de 13 mil hectares a cada ano, com a produção de 350 mil toneladas de frutos. O pimentão está entre as 10 hortaliças mais plantadas no Brasil.
Um dos principais problemas observados nesta cultura é a incidência de doenças durante todo o ciclo. As anormalidades provocadas por doenças se devem a microrganismos, tais como bactérias, fungos, nematoides e vírus, podendo, ainda, serem causadas por falta ou excesso de alguns fatores essenciais para o crescimento das plantas, tais como nutrientes, água e luz.
Uma das principais doenças que afeta o pimentão é a Phytophthora capsici, que provoca maiores perdas no verão, pois é favorecida por alta temperatura e umidade do solo.
Na cultura do pimentão, apesar dos avanços tecnológicos incorporados aos sistemas de produção, esta doença acarreta sérios problemas na produção e pós-colheita em todos os países produtores desta hortaliça, causando muitos prejuízos ao produtor.
O patógeno causa a murcha ou requeima do pimentão, bem como murchas e podridões de frutos em outras hortaliças solanáceas e em cucurbitáceas. Trata-se de um patógeno polÃfago, amplamente distribuído nos solos cultivados do Brasil, que ataca a planta a partir do solo infestado, sendo de difícil controle.
A doença é causada pelo fungo Phytophthora capsici, e se caracteriza pela podridão escura do colo ao redor do caule e ao nível do solo. Ataques intensos afetam as folhas, pois ocasionam podridão nas raízes e resultam na murcha repentina da planta.
Silício contra Phytophthora
A deposição de silício (Si) na cutÃcula das folhas aumenta a resistência das plantas às doenças e ameniza os efeitos de estresses de natureza biótica e abiótica. O Si é depositado, com maior frequência, nas regiões da epiderme foliar junto às células-guarda dos estômatos e outras células epidérmicas.
O acúmulo de sÃlica nos órgãos de transpiração leva à formação de uma dupla camada de sÃlica, logo abaixo da epiderme, agindo como barreira mecânica contra a invasão de fungos e insetos.
Fertilizantes e corretivos à base de silício estão entre os produtos citados na literatura como indutores desta resistência. A indução de resistência nas plantas é uma estratégia de manejo que pode provocar mudanças tanto na qualidade como na quantidade de compostos que atuam no metabolismo secundário, tais como as proteínas de defesa, acúmulo de oxigênio reativo, além de favorecer a qualidade nutricional do alimento e reforçar as barreiras estruturais da planta.
A indução de resistência envolve a ativação de mecanismos de defesa latentes existentes nas plantas em resposta ao efeito de agentes bióticos ou abióticos. Resultados recentes de pesquisa sugerem que, em plantas de pepino, o Si age no tecido hospedeiro provocando uma ativação mais rápida e extensiva dos mecanismos de defesa da planta.
No entanto, o produtor não deve esquecer de que os meios de controle mais eficientes desta doença são:
ð Utilizar cultivares nacionais e resistentes;
ð Plantar apenas sementes sadias;
ð Produzir mudas em substrato estéril;
ð Manter sempre a mesma profundidade após o transplantio da muda;
ð Controlar a irrigação e a drenagem;
ð Não praticar a amontoa;
ð Efetuar rotação de cultura com poáceas;
ð Pulverizar o colo da muda com fungicidas sistêmicos específicos.
Manejo
As doses de Si a serem aplicadas no solo dependem da reatividade da fonte utilizada, do teor de Si no solo e da cultura considerada. Estudos indicam que doses variando de 1,5 a 2,0 t ha-1 de silicato de cálcio são eficientes. Para solos já corrigidos a dose de silicato não deve ser superior a 800 kg ha-1.
Uma boa alternativa é a aplicação do material fertilizante, utilizando doses menores no sulco de plantio. Outra forma de aplicação é a foliar, com o intuito de fornecer e equilibrar na cultura a relação do silício.
Custo
O custo da aplicação é variável, conforme a fonte utilizada e a forma de aplicação. Geralmente a aplicação do silício no solo fica em torno de R$ 60,00. Já para a aplicação foliar, ou via fertirrigação, o custo é mais baixo.
Os efeitos benéficos do Si para as plantas estão relacionados, principalmente, ao aumento da resistência ao ataque de insetos-praga, nematoides ou doenças e à redução na taxa de transpiração por meio do controle do mecanismo de abertura e fechamento estomático, o que proporciona maior tolerância à falta de água nos períodos de baixa umidade do solo.
Portanto, o uso regular de produtos à base de silício nas oleráceas pode aumentar a qualidade do produto final e, consequentemente, favorecer um maior retorno econômico.