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Silício no controle de doenças

A aplicação via solo garante efeito residual prolongado, proporcionando manejo mais efetivo de estresses bióticos e abióticos e ainda melhora o controle de algumas doenças.

Silvia Marcela Ferreira Monteiro
Engenheira agrônoma, mestranda em Produção Vegetal – Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pesquisadora em Produção Vegetal
silviamarcela.monteiro@gmail.com

Carine Rusin
Doutora em Agronomia – Universidade Estadual do Centro-Oeste e pesquisadora em Produção Vegetal
carine.rusin@gmail.com

Na agricultura, a adubação à base de silício pode ser via solo ou foliar, sendo os silicatos a principal fonte para as plantas.

Foto: Shutterstock

O Si é absorvido pelas plantas preferencialmente na forma de ácido monossilícico (H4SiO4). Os vasos do xilema transportam este elemento na planta, e sua distribuição depende da transpiração dos órgãos. No entanto, não são todas as plantas que têm boa absorção do silício, enquanto algumas são acumuladoras, como exemplo o arroz (Oryza sativa).

O silício absorvido pelas plantas é facilmente translocado no xilema e tem tendência natural a se polimerizar associando-se a compostos orgânicos, como proteínas, polissacarídeos e lignina.

Parte do silício absorvido permanece na forma solúvel, mas outra é incorporada na parede das células da epiderme, dos estômatos e tricomas das folhas e pequena parte forma depósitos amorfos.

A maior parte do Si é incorporada na parede celular (células da epiderme, estômatos e tricomas) sendo que sua deposição nos tecidos depende da idade da planta, tipo e localização dos tecidos, absorção pelas raízes e a transpiração.

Doenças e pragas controladas pelo silício

A resistência a doenças pode ser aumentada devido ao silício atuar na formação de barreiras mecânicas ou na alteração de respostas químicas da planta ao ataque do parasita.

O silício pode ativar genes envolvidos na produção de compostos, como os polifenóis e enzimas relacionadas com os mecanismos de defesa das plantas. Dessa forma, ocorre um aumento na síntese de toxinas que agem como substâncias inibidoras ou repelentes.

Já as barreiras mecânicas incluem mudanças na anatomia de células epidérmicas, maior lignificação, tornando folhas e colmos mais espessos.

Alguns exemplos das doenças que encontram resistência do hospedeiro com a suplementação de silício são: mancha-alvo em soja, ferrugem do cafeeiro, bruzone e mancha parda em arroz, ferrugem marrom e mancha anelar em cana-de-açúcar, oídio em trigo, soja, cevada e cercosporiose em cafeeiro.

Em hortaliças, é conhecido os efeitos positivos para supressão de doenças fúngicas em abobrinha, batata, melão, pepino, pimentão e tomate, auxiliando no controle de doenças como míldio, oídio, requeima, dentre outras.

Dentre as pragas, o uso de silício dificulta o ataque por insetos como a cigarrinha-do-milho, pulgão verde no sorgo e trigo, mosca-branca em soja, lagarta (Spodoptera frugiperda) em milho, algodão e arroz, broca-do-colmo e cigarrinha em cana-de-açúcar, dentre outras.

Mais vantagens do silício

O uso de silício está relacionado com o sistema de defesa antioxidante da planta, reduzindo o dano oxidativo de moléculas funcionais e de membranas, ou seja, ligado à manutenção da atividade fisiológica da planta em condição de estresse biótico ou abiótico.

Estudos revelam a influência do elemento na maior resistência à seca, salinidade e melhora no estado nutricional, transpiração e, possivelmente, em alguns aspectos da eficiência fotossintética das plantas.

A deposição de sílica permite que as plantas consigam manter as suas folhas mais eretas, melhorando a arquitetura da planta e reduzindo o sombreamento. Isto resulta em melhor aproveitamento da radiação solar e uma maior conversão de fotoassimilados, que serão transportados para os grãos e frutos, por exemplo.

Também está associado à mitigação de danos por deficiência nutricional, retardando o aparecimento dos sintomas de clorose causados pela deficiência de ferro, bem como sintomas de deficiência de zinco e manganês.

Por isso, não podemos deixar de mencionar o benefício do uso de silício para a produtividade das culturas. Mudanças morfofisiológicas promovidas pela atuação desse elemento favorecem uma das principais fontes de energia que as culturas usam para expressar sua produtividade: a fotossíntese.

Fique atento

O uso do silício não substitui o emprego de produtos fitossanitários na agricultura, e sim se torna uma alternativa complementar ao manejo de pragas e doenças. Ele, por si só, também não substitui o papel do manejo integrado de pragas e nem a necessidade de aplicação de pesticidas.

No entanto, como visto, pode ser muito eficaz na resistência da planta a ataques bióticos e abióticos, potencializando o manejo.

Dosagem recomendada

Não é possível determinar uma dosagem padrão a ser aplicada nas plantas, pois as necessidades das culturas não são bem estabelecidas e isso vai depender de muitos fatores.

Outro fator importante é que, geralmente, quando o nutriente é aplicado, vai combinado com outros nutrientes.

Culturas como soja, aveia, trigo, milho, arroz e espécies ornamentais respondem bem à adubação de silício em determinadas condições, como já observado em estudos. Porém, não existem recomendações oficiais que respondam quando haverá respostas à adubação do nutriente, e em quais doses.

Então, vale ressaltar que a dosagem do silício irá variar conforme a cultura e a cultivar, fonte e produto comercial utilizado. Existe uma faixa geralmente utilizada nas culturas agrícolas com base no que há disponível no mercado de fertilizantes.

Para culturas como milho, soja, trigo e arroz, a dosagem varia de 1,0 a 2,0 L/ha, com duas aplicações aos 20 e 40 DAE.

Estudos

Recomenda-se a aplicação de fontes de silício desde o início de desenvolvimento da cultura até a fase reprodutiva. Na cultura dom milho, por exemplo, nos estágios iniciais estudos relatam maior potencial do silício em aumentar a produtividade. Ou seja, a aplicação desse elemento logo na cobertura das sementes.

Em soja, os tratamentos com aplicação do ácido monosilícico de forma foliar são aplicados, geralmente, no estádio fonológico V4 e V7.

Já para cultura do café, o uso de silício apresenta melhor relação de custo-benefício ao se fazer sua aplicação no solo. Isso porque o café é uma cultura que permanece no campo por muitos anos.

A aplicação via solo garante efeito residual  prolongado, proporcionando manejo mais efetivo de estresses bióticos e abióticos e ainda melhora o controle de nematoides.

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