Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida (Ceagesp)
Maria Thereza Pedroso (Embrapa Hortaliças)
Zenaide Rodrigues Ferreira (UnB)
As estatísticas apresentadas neste artigo são baseadas em informações oficiais disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O IBGE, particularmente, distingue duas classificações para esta hortaliça: tomate estaqueado e tomate rasteiro). Importante deixar claro que a produção de tomate de forma estaqueada, no Brasil, é quase sempre produzido para o consumo in natura (também chamado de tomate para mesa) enquanto o tomate rasteiro é produzido preferencialmente para a indústria de atomatados.
As estatísticas mais recentes do IBGE para tomate estaqueado são referentes ao último Censo Agropecuário de 2017, correspondente uma lista de produtos da atividade econômica da horticultura. As estatísticas para tomate rasteiro também podem ser verificadas no Censo Agropecuário, bem como na Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), ambos na lista de produtos das lavouras temporárias. Na PAM, a hortaliça é identificada apenas como “tomate”, sem maiores especificações. O nome científico do tomate, segundo a lista de classificação de produtos agropecuários (PRODLIST) do IBGE, é “Lycopersicon esculentum Mill”.
Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 44.259 estabelecimentos agropecuários produziram tomate estaqueado no Brasil. Ao analisar o Gráfico 1, verifica-se que 34% se concentram em Minas Gerais e Santa Catarina; outros 37% na Bahia, no Paraná, em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Mas ao se observar o Gráfico 2, verifica-se que a concentração da quantidade produzida de tomate estaqueado foi ainda maior, segundo o último Censo Agropecuário. De uma produção nacional igual a 1.091.579 toneladas, 49% esteve concentrada nos estados de São Paulo e de Minas Gerais, seguido da produção dos estados do Espirito Santo, do Paraná e do Rio de Janeiro que juntos perfizeram 28% da produção nacional dessa hortaliça.
Os estados de São Paulo e de Minas Gerais, por conseguinte, também concentram a maior parcela do valor da venda de tomate estaqueado no Brasil (48%), como pode ser verificado no Gráfico 3. O valor total da venda de tomate estaqueado no Brasil foi aproximadamente igual a R$1,2 milhões. Segundo o censo agropecuário, 54,6% da quantidade produzida de tomate estaqueado no Brasil correspondeu ao segmento da agricultura não familiar.
Considerando a produção de tomate rasteiro, tipicamente usada para processamento industrial, foi igual a 1.143.921 de toneladas, conforme o Censo Agropecuário de 2017. Mais adiante, serão apresentadas estatísticas mais recentes segundo os dados da PAM. O estado de Goiás concentrou 58% da quantidade produzida dessa hortaliça, como pode ser verificado no Gráfico 4. Os estados da Bahia, de Minas Gerais e de são Paulo perfizeram mais 36% da produção nacional. Consoante os dados do Censo Agropecuário, 90,3% da produção nacional de tomate rasteiro foi originada da agricultura não familiar.
O valor da venda de tomate rasteiro, que foi igual a R$569,8 milhões, também esteve concentrado no estado de Goiás, como pode ser verificado no Gráfico 5. O estado da Bahia respondeu por parcela significativa do valor da produção nacional de tomate rasteiro (23%) no referido ano, seguido, de forma mais significativa, pelos estados de São Paulo (14%) e de Minas Gerais (9%).
Considerando um universo de 5.426 estabelecimentos agropecuários produtores de tomate rasteiro no Brasil, a maioria destes esteve localizado no estado da Bahia (34%), como pode ser observado no Gráfico 6. O estado de Goiás, maior produtor, respondeu por apenas 1,5% do total de estabelecimentos agropecuários produtores desta hortaliça, revelando grande concentração produtiva no referido estado.
Conforme pode ser verificado no Gráfico 7, elaborada utilizando os dados da pesquisa agrícola municipal (PAM/IBGE), tanto a área colhida, quanto a quantidade produzida de tomate no Brasil vêm caindo ao longo do tempo. Em média, essa redução foi igual 4,1% e 3,4% ao ano para área colhida e quantidade produzida, respectivamente. A área colhida de tomate rasteiro, que foi igual a 61,4 mil hectares em 2017, passou para 51,9 mil hectares em 2021. Já a produção caiu de 4,2 milhões de toneladas para 3,7 milhões de toneladas nesse mesmo período.
Ao observar a Tabela 1, verifica-se que em quatorze estados ocorreu redução na quantidade produzida de tomate no período de 2017 a 2021. A redução foi mais acentuada nos estados da região centro-oeste, bem como no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul. Nessas localidades a redução anual média da quantidade produzida de tomate foi superior a 5%, chegando a 16,1% no estado do Mato Grosso do Sul. Os estados de Minas Gerais, da Bahia e do Paraná, também importantes produtores de tomate segundo os dados da PAM, reportaram queda na produção dessa hortaliça, embora, no período de 2020 a 2021, o estado da Bahia reportou uma recuperação produtiva significativa em relação ao período analisado. Destaca-se o aumento ocorrido na produção de tomate, no período de 2017 a 2021, nos estados das regiões norte e nordeste do país, embora tenham pequena produção em relação aos maiores produtores, especialmente o estado do Amazonas (52,4% de crescimento anual médio da produção), Paraíba (13,2%), Ceará (8,5%), Rio Grande do Norte (7,9%) e Piauí (6,8%).
Tabela 1: Quantidade produzida (milhões de toneladas) de tomate e taxa anual média de crescimento (%) por Unidade da Federação no Brasil.
UF | Ano | Taxa anual média de crescimento | |||||
2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2017-2021 | 2020-2021 | |
Goiás | 1.298,1 | 1.329,8 | 1.126,1 | 1.098,3 | 1.026,1 | -5,7 | -6,6 |
São Paulo | 929,8 | 870,6 | 918,5 | 801,5 | 742,4 | -5,5 | -7,4 |
Minas Gerais | 572,3 | 539,6 | 526,3 | 513,9 | 553,4 | -0,8 | 7,7 |
Bahia | 286,9 | 260,9 | 235,8 | 228,3 | 261,4 | -2,3 | 14,5 |
Paraná | 251,6 | 237,1 | 230,6 | 225,0 | 211,1 | -4,3 | -6,2 |
Ceará | 120,4 | 134,9 | 157,1 | 177,6 | 166,9 | 8,5 | -6,0 |
Santa Catarina | 173,2 | 175,7 | 161,9 | 169,0 | 158,3 | -2,2 | -6,3 |
Rio de Janeiro | 175,8 | 154,3 | 141,2 | 155,9 | 156,9 | -2,8 | 0,7 |
Espírito Santo | 164,8 | 173,1 | 163,9 | 151,6 | 147,5 | -2,7 | -2,7 |
Rio Grande do Sul | 116,7 | 98,6 | 104,1 | 89,9 | 95,0 | -5,0 | 5,6 |
Pernambuco | 60,4 | 61,5 | 64,4 | 57,4 | 67,1 | 2,6 | 16,9 |
Distrito Federal | 26,2 | 28,0 | 28,0 | 28,0 | 28,0 | 1,7 | 0,0 |
Paraíba | 10,5 | 17,9 | 13,7 | 13,4 | 17,3 | 13,2 | 28,9 |
Alagoas | 6,6 | 7,5 | 8,7 | 7,8 | 9,0 | 0,8 | 15,3 |
Sergipe | 0,0 | 1,4 | 3,6 | 5,1 | 7,5 | 52,41 | 48,8 |
Pará | 6,2 | 6,2 | 5,6 | 5,7 | 5,7 | -2,0 | 1,2 |
Rio Grande do Norte | 3,8 | 5,3 | 7,1 | 6,2 | 5,1 | 7,9 | -16,9 |
Rondônia | 4,9 | 6,3 | 7,4 | 5,3 | 4,5 | -2,0 | -15,8 |
Piauí | 3,2 | 5,1 | 4,5 | 5,3 | 4,1 | 6,8 | -23,0 |
Mato Grosso | 5,5 | 3,9 | 3,6 | 3,7 | 3,7 | -9,5 | 0,2 |
Maranhão | 4,0 | 4,7 | 4,5 | 3,7 | 3,3 | -4,8 | -11,2 |
Roraima | 1,8 | 1,8 | 2,2 | 2,3 | 3,2 | 16,2 | 41,0 |
Mato Grosso do Sul | 2,7 | 2,4 | 1,6 | 2,0 | 1,4 | -16,1 | -33,9 |
Amazonas | 0,1 | 0,2 | 0,3 | 0,3 | 0,3 | 50,3 | -6,3 |
Brasil | 4225,4 | 4127,0 | 3921,0 | 3757,1 | 3679,2 | -3,4 | -2,1 |
Em relação à área colhida de tomate, resultados semelhantes foram verificados, como pode ser observado na Tabela 2. Nos estados da Região Centro-oeste, bem como no estado de São Paulo, foi onde ocorreu a maior redução na área colhida de tomate no período de 2017 a 2021. Já nos estados da Bahia, de Minas Gerais e do Paraná a redução na área colhida de tomate no referido período foi menor, em média igual a 1,8% (a.a.). Nos estados que se destacaram pelo aumento da produção de tomate, também foi verificado um aumento na área plantada dessa hortaliça, exceto no estado do Ceará, onde houve uma redução anual média de 2,4% nesta área.
Tabela 2: Área colhida (mil hectares) de tomate e taxa anual média de crescimento (%) por Unidade da Federação no Brasil.
UF | Ano | Taxa anual média de crescimento | |||||
2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2017-2021 | 2020-2021 | |
Goiás | 16,3 | 14,7 | 12,3 | 11,4 | 10,7 | -10,0 | -6,1 |
São Paulo | 12,1 | 11,1 | 11,2 | 10,1 | 9,8 | -5,1 | -2,7 |
Minas Gerais | 7,6 | 7,3 | 7,0 | 6,9 | 7,3 | -0,7 | 6,8 |
Bahia | 5,1 | 4,6 | 4,4 | 4,2 | 4,8 | -1,4 | 13,3 |
Paraná | 4,2 | 4,0 | 3,8 | 3,6 | 3,6 | -3,6 | -1,4 |
Santa Catarina | 2,7 | 2,6 | 2,5 | 2,5 | 2,5 | -1,8 | -0,4 |
Espírito Santo | 2,5 | 2,6 | 2,6 | 2,6 | 2,5 | -0,3 | -4,4 |
Ceará | 2,6 | 2,4 | 2,4 | 2,5 | 2,3 | -2,4 | -6,6 |
Rio de Janeiro | 2,6 | 2,3 | 2,1 | 2,3 | 2,3 | -2,4 | 1,9 |
Rio Grande do Sul | 2,3 | 2,0 | 2,1 | 2,1 | 2,0 | -2,7 | -2,3 |
Pernambuco | 1,5 | 1,3 | 1,5 | 1,4 | 1,4 | -2,2 | -4,8 |
Paraíba | 0,4 | 0,6 | 0,5 | 0,5 | 0,6 | 10,9 | 26,7 |
Distrito Federal | 0,3 | 0,4 | 0,4 | 0,4 | 0,4 | 1,6 | 0,0 |
Sergipe | 0,0 | 0,0 | 0,1 | 0,1 | 0,3 | 20,31 | 69,6 |
Pará | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | -3,3 | 1,0 |
Piauí | 0,1 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 7,2 | 17,7 |
Mato Grosso | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | -5,2 | 3,4 |
Rio Grande do Norte | 0,1 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 5,7 | -13,2 |
Maranhão | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | -3,6 | -7,6 |
Roraima | 0,1 | 0,1 | 0,1 | 0,1 | 0,2 | 7,6 | 35,0 |
Rondônia | 0,1 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 0,2 | 3,3 | -1,9 |
Alagoas | 0,1 | 0,1 | 0,2 | 0,1 | 0,1 | 8,8 | 5,8 |
Mato Grosso do Sul | 0,07 | 0,1 | 0,05 | 0,05 | 0,04 | -11,8 | -14,9 |
Amazonas | 0,01 | 0,02 | 0,03 | 0,03 | 0,03 | 53,1 | -2,9 |
Brasil | 61,4 | 57,4 | 54,6 | 52,0 | 51,9 | -4,1 | -0,2 |
No âmbito da comercialização de tomate, a fonte oficial de informação foi das centrais de abastecimentos (Ceasas). Não havendo espaço para apresentar os dados relativos de todas as Ceasas do país, optou-se por levantar os dados da Ceagesp, a maior central de abastecimento de produtos frescos do Brasil. Por essa base é possível distinguir a comercialização de oito tipos de tomates: italiano, achatado, indústria, oblongo, grape, cereja, penca e caqui. Ao se observar o Gráfico 8, verifica-se que o maior volume de comercialização esteve concentrado, no ano de 2022, no tomate do tipo italiano (66%), seguido do tomate achatado (21%). Os demais tipos (indústria, oblongo, grape e outros) não passam, cada um, de 5%no volume total comercializado.
Considerando o tipo de tomate mais comercializado na Ceagesp, o tomate italiano, tem-se no Gráfico 9 as estatísticas sobre o preço de comercialização desta hortaliça. O preço médio de comercialização no ano de 2022 foi igual R$ 4,40 por quilo. Observa-se que houve uma alta dos preços entre os meses de março e abril, atingindo o valor máximo, de R$ 5,90 por quilo, em abril. A partir de então, o preço do tomate seguiu trajetória de queda até o mês de agosto do referido ano, momento em que o quilo da hortaliça chegou a R$3,40. Mas recuperando relativamente até o final do ano.
Na Tabela 3 estão reportadas as estatísticas de consumo anual familiar per capita em quilograma de tomate in natura segundo classe de rendimento total familiar para o ano de 2018. Observa-se que o consumo da hortaliça e de seus industrializados foram crescentes conforme o aumento do nível de renda familiar.
Tabela 3: Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (kg) de tomate in natura, massa de tomate e molho de tomate segundo classes de rendimento familiar, 2018.
Classes de Rendimento | Produto | ||
Tomate in natura | Massa de tomate | Molho de tomate | |
Até R$3.211 | 2,97 | 0,26 | 0,46 |
Mais de R$3.211 a R$4.817 | 3,62 | 0,33 | 0,69 |
Mais de R$4.817 a R$9.633 | 3,97 | 0,39 | 1,00 |
Mais de R$9.633 a R$16.055 | 4,74 | 0,43 | 1,26 |
Mais deR$16.055 a R$24.083 | 6,36 | 0,47 | 1,57 |
Mais de R$24.083 | 7,90 | 0,50 | 1,74 |