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Trabalhos com soja e forrageiras mostram resultados efetivos no Cerrado do Matopiba

No Tocantins, a Embrapa e parceiros vêm conduzindo experimento de longa duração envolvendo soja consorciada com diferentes gramíneas para recuperação de áreas degradadas. Os bons resultados já estão sendo aplicados no setor produtivo do Matopiba, fronteira agrícola que envolve partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

“O objetivo principal foi desenvolver um sistema de produção de soja em consórcio com gramíneas forrageiras para recuperação de áreas com pastagem degradada em regiões de Cerrado cujas limitações hídricas reduzem a janela de plantio e aumentam o risco de veranicos, limitando o cultivo do milho safrinha em sucessão com a soja”, explica Elisandra Bortolon, pesquisadora da Embrapa.

A Unidade da empresa em Palmas, capital tocantinense, é a Embrapa Pesca e Aquicultura. Além do foco nos dois temas que constam em seu nome, mantém trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologia em sistemas agrícolas voltados para o Matopiba. Nesse contexto é que se inserem os trabalhos com soja e forrageiras.

Elisandra conta que “o grande mérito da tecnologia é que essa estratégia de manejo de culturas, que envolve a implantação das espécies forrageiras em sobressemeadura quando a soja está no estágio reprodutivo (R5 a R7), possibilita a realização de uma segunda safra (boi safrinha), após a safra da soja nestas regiões de Cerrado com limitações hídricas”.

Assim, continua ela, “a recuperação das áreas degradadas é só mais um resultado positivo do sistema, já que as gramíneas forrageiras que integram o sistema de manejo também podem ser utilizadas como planta de cobertura (em propriedades que não têm interesse na alimentação animal), possibilitando uma alternativa para a cobertura do solo para o sistema de plantio direto, visto que essa tecnologia possibilita o alto aporte anual de biomassa vegetal com aumento dos teores de carbono no solo, garantindo a qualidade do plantio direto e aumentando a sustentabilidade e a resiliência do sistema de produção em regiões de maior instabilidade climática”.

As pesquisas acontecem em experimento considerado de longa duração e que fica no campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em Gurupi, Sul do estado. Os trabalhos são complementares, com diferentes abordagens feitas em projetos diversos. São também parceiros a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) e a Universidade Federal de Lavras (Ufla).Pela Embrapa Pesca e Aquicultura, também participam diretamente do experimento o pesquisador Leandro Bortolon e o analista de pesquisa Francelino Camargo.

Resultados e aplicações práticas – Nas pesquisas, os resultados foram significativos. No agregado de cinco safras (entre 2014 e 2018), a forrageira Mombaça (cultivar de Panicum maximum) teve o melhor desempenho entre as que foram testadas. A produtividade da soja cultivada sob a palhada de Mombaça foi 17 sacas por hectare maior que a produtividade da soja sob pousio e foi também 8 sacas por hectare maior que a da soja sob a palhada da braquiária (Urochloa brizantha) Marandu.

Na safra 2015/2016, ficou evidenciada a resiliência a restrições hídricas que o sistema consorciado de soja com Mombaça apresenta. No período, a produtividade desse sistema foi de 64 sacas por hectare, índice maior em 23 sacas por hectare do que a soja em pousio e 9 sacas por hectare maior do que o sistema soja e Marandu.

E os resultados das pesquisas têm sido vistos, na prática, em diferentes propriedades rurais do Tocantins. Dois exemplos de bons índices podem ser vistos nas fazendas Boca da Mata (que fica em Divinópolis do Tocantins, região Centro-Oeste do estado) e Vitória Régia (situada em Santana do Araguaia, no Sudeste paraense). Ambas são consideradas Unidades de Referência Tecnológica (URTs) dos projetos de transferência de tecnologia da Embrapa. Nas duas propriedades, a forrageira usada foi a Mombaça.

Na Vitória Régia, na safra 2017/2018, ambas as cultivares de soja, quando consorciadas com Mombaça, apresentaram índices maiores de produtividade que as próprias cultivares em outros sistemas. Em um dos casos, a produtividade passou de 75 sacas por hectare, quase 11 hectares a mais que a mesma cultivar plantada sem palhada. A outra cultivar teve os seguintes desempenhos: 69 sacas por hectare no sistema com Mombaça; 56,6 sacas por hectare no sistema com milheto; e quase 47 sacas por hectare na soja sem palhada.

Já na Boca da Mata, os dados relativos à pecuária apontam uma produtividade de 7,78 arrobas por hectare ao ano e uma produtividade de soja de 65,7 sacas de soja por hectare. A renda bruta desse sistema de integração entre lavoura e pecuária ficou em R$ 16.063,53 por hectare, sendo mais de 73% vinda da pecuária. Os dados se referem à safra 2018/2019.

Nesse trabalho de transferência de tecnologia para validar o consórcio entre soja e forrageiras, a Embrapa conta com diversos parceiros. Nos casos da Vitória Régia e da Boca da Mata, os parceiros respectivamente são a Dueti Consultoria e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins).

Clenio Araujo – MTb 06.279 JP/MG

Embrapa Pesca e Aquicultura Gerência de Comunicação Estratégica (GCE)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (SIRE)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Brasília/DF

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