Wantonny Yves Rodrigues do Nascimento – nwt156@gmail.com
Igor dos Reis Oliveira – reisigor07@gmail.com
Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia (Produção Vegetal) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCAV/UNESP), Campus de Jaboticabal – SP – thiagofeliph@hotmail.com
A podridão da raiz causada pelo fungo Phytophthora palmivora faz com que ocorra amarelecimento das folhas, ocorrendo assim uma desfolha prematura, e além disso, queda prematura dos frutos, podendo vir a causar até tombamento da planta.
Diante disso, os prejuízos em campo são inúmeros, devido à redução do processo fotossintético da planta pelo amarelecimento das folhas e a perda parcial ou total da produção.
A infecção do fungo se dá pelo sistema radicular da planta, começando pelas raízes laterais e, consecutivamente, a raiz principal, de modo que o sistema radicular e o colo são as áreas mais afetadas.
Como sintoma característico aparece o amarelecimento das folhas, devido à destruição da base do caule e dos tecidos mais internos das raízes, dificultando a condução e distribuição das seivas brutas e elaboradas, resultando em tombamento da planta.
Alerta
A presença ou permanência da doença em campo está relacionada principalmente ao excesso de água. Dessa forma, solos mal drenados, excesso de água de chuvas ou irrigações na área de cultivo, atrelado à alta umidade na região (Souza et al., 2019) tornam o ambiente propício ao surgimento da doença.
Por isso, é necessário estudo preliminar na área de instalação do pomar de mamoeiro afim de ter garantia de sucesso da cultura. Na área de instalação da cultura, deve-se ter um solo bem drenado. É necessário, ainda, eliminar plantas doentes e queimá-las (Martins, 2005).
Outras medidas preventivas são recomendadas, como evitar plantar em pomares antigos, evitar o encharcamento do solo caso utilize irrigação e realizar o monitoramento constante da área para o caso de surgirem focos da doença, afim de se tomar medidas cabíveis para evitar a disseminação e permanência da doença em campo.
Em condições de viveiro, recomendam-se medidas mais específicas, como por exemplo, o substrato para as mudas deve ser comprado e com procedência de origem certificado. No entanto, caso o substrato seja preparado com material retirado da propriedade, deve-se evitar de áreas antigas de mamoeiro e realizar a esterilização por tratamento térmico.
Controle biológico
Mas, caso a doença se estabeleça no pomar, uma outra opção a ser utilizada é o controle químico, realizado pelo uso de fungicidas, como metalaxil e mancozeb (Oliveira et al., 2018). Outra possibilidade de controle é por agentes biológicos.
O gênero Trichoderma já é bem conhecido, possuindo inúmeras pesquisas relacionadas ao controle biológico de doenças, sendo bem eficiente contra patógenos de solo, incluindo a podridão da raiz (Dianese et al., 2012). Na planta do mamoeiro o agente biocontrolador (T. harzianum) interage com a mesma, arquitetando mudanças na região da raiz que alteram a fisiologia da planta, resultando em um tipo resistência extra contra patógenos que atacam o sistema radicular.
O Trichoderma impede a colonização de plantas pelo patógeno devido à liberação de metabólitos tóxicos e antibióticos quando está associado à planta, apresentando antagonismo com a praga causadora da podridão na raiz e reduzindo ou impedindo seu desenvolvimento na cultura (Oliveira et al., 2018).
Recomendações
As formas de aplicação de agentes de controle biológico são variadas. O agente biocontrolador Trichoderma pode ser formulado por diferentes meios, como meio sólido ou líquido (Mascarin et al., 2019).
A aplicação de Trichoderma harzianum pode ser feita por meio da irrigação com a cultura já implantada ou na aplicação do substrato que será usado para produção das mudas de mamoeiro.
A aplicação por via líquida pode ser efetuada no sulco de plantio e na semeadura, por meio da irrigação. Dessa forma, haverá uma cobertura maior da área onde o patógeno poderia surgir, tornando bem eficaz o controle preventivo.
De acordo com Dianese et al (2012), em experimento realizado em casa de vegetação utilizando 5,0 g de inóculo por cada quilo de solo, os testes evidenciaram o potencial do agente biocontrolador (T. harzianum) no controle do patógeno causador da podridão da raiz no mamoeiro. Porém, é necessário realizar mais estudos para melhorar a porcentagem de eficácia do T. harzianum no controle do patógeno utilizando outros substratos, bem como o período de inoculação do agente biocontrolador nas mudas de mamoeiro.
Tavares et al., (2009) conduzindo teste de sobrevivência de mudas de mamoeiro utilizando T. harzianum em mudas de mamoeiro, constatou que o controle da sobrevivência das mudas testadas variou de 0 a 58,3%, do qual alguns foram tratados com fungicidas, outros com os agentes biológicos do gênero Trichoderma, e outros não receberam qualquer tipo de tratamento, de modo que no final houve destaque para o tratamento utilizando T. harzianum, apresentando controle de sobrevivência de 58,3%.
Mais pesquisas
Em outro estudo, Madehevi et al., (2018) mostra que a eficiência de ação de espécies de Trichoderma contra o patógeno P. palmivora na cultura do mamoeiro teve máxima taxa de percentagem de inibição de crescimento do patógeno causador da podridão da raiz (73,85%), sendo superior às porcentagens observadas em outras espécies de Trichoderma.
Sob condições controladas e de campo, plantas de mamão colonizadas com agentes de biocontrole T. harzianum que posteriormente foram submetidas à exposição com P. palmivora tiveram infecção pelo patógeno reduzida em comparação com plantas não inoculadas com o agente de biocontrole.
A intensidade da infecção do patógeno nas raízes foi significativamente menor (86,2% menor) em plantas tratadas com T. harzianum, comparado com as que não foram inoculadas com o agente (Sukhada et al., 2011).
Custo envolvido
Em termos de custo, os agentes bioativos ou bioprodutos variam muito. No mercado podemos encontrar os mesmos com valores de R$ 40,00 a R$ 350,00/ha, dependendo do agente, da forma de uso e da dosagem.
Segundo Steffen et al. (2018), produtos com base em Trichoderma spp. variam nessa mesma faixa de valores, podendo ser encontrados disponíveis no mercado com custos médios de R$ 60,00 a R$ 125,00 por hectare.
Sendo assim, o custo-benefício para o produto vale a pena por diversos fatores, a saber que, com a redução do uso de agroquímicos em conjunto com o menor potencial de contaminação ambiental e humana pelo uso dos mesmos, a aplicação de produtos biológicos à base de T. harzianum possibilita a restauração de organismos benéficos ao campo agrícola, que auxiliam ainda mais na efetividade do controle de pragas e doenças.