O preço elevado das carnes brasileiras faz com que o impacto da diminuição da exportação, em comparação a 2021, seja menor do que o esperado. Especialistas do setor estimam que o mês de setembro representou uma melhora, mas ainda está aquém dos resultados do último ano. Porém, mesmo em um cenário de diminuição dos valores, o frango teve aumento no total de receita na exportação.
Em contraponto, no mês de setembro, foram exportadas um total de 102,7 mil toneladas de carne suína, número 8,5% inferior ao mesmo período do ano passado. A receita também teve uma retração, e alcançou o total de R$ 244,3 milhões, número 4,5% inferior ao de 2021. Quando analisamos o resultado do frango, o cenário é um pouco diferente. No mês de setembro tivemos um aumento na receita de 13,6%. Porém, os embarques alcançaram um total de 400 mil toneladas, total 4,4% menor do que no mês anterior. Os números são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa de assessoria no comércio exterior, o cenário internacional sofreu alguns impactos, porém a pecuária brasileira ainda tem incentivos para aumentar a sua exportação. “Os números mostram que podemos registrar uma diminuição do volume exportado para outros países. Porém, com os valores elevados e a demanda crescente, ainda teremos que acompanhar como ficarão os preços das carnes no território nacional”, explica.
A exportação das carnes brasileiras tem gerado debates constantes, principalmente no processo eleitoral. Porém, como Pizzamiglio explica, dificilmente veremos uma diminuição dos valores dos produtos no Brasil.
“Podemos ter alguns casos isolados e a demanda internacional ainda é crescente pelos produtos brasileiros. Principalmente aqueles que contém as certificações certas, como a do impacto ambiental. Esses produtos são mais valiosos no mercado internacional. Mas acompanhando o mercado, que tem atuado de forma livre, ainda é complexo apontar se teremos alguma redução do preço das carnes para os consumidores brasileiros”, explica o executivo.
O certo é que o mercado externo está disposto a pagar mais caro do que o último ano para as carnes brasileiras e, segundo Pizzamiglio, isso pode ter impacto na mesa dos brasileiros. “Existem outros fatores também, como o próprio custo do produtor que, se não seguir o mercado externo, pode ter prejuízos. Então, estamos em um cenário delicado e ainda precisamos acompanhar as mudanças nas políticas de exportação que poderão chegar no próximo ano”, afirma o executivo.
Seguindo o conceito da lei da oferta e demanda, é bem improvável que observemos uma redução no valor da carne no mercado nacional ainda em 2022. Mas com possíveis mudanças no início do próximo ano, poderemos observar algum tipo de redução dos preços, que é um dos principais vilões da inflação no país.