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Doenças de Final de Ciclo implicam no futuro da sojicultura

A resistência das pragas aos inseticidas e fungicidas pode comprometer a produção de soja, caso não sejam tomadas as medidas necessárias. Felizmente, já estão disponíveis soluções para o problema

 

Crédito Case IH
Crédito Case IH

Dentre as práticas de manejo para o controle de doenças na cultura da soja, destaca-se a utilização de fungicidas. Os primeiros fungicidas aplicados na parte aérea tiveram como alvo o fungo causador do oídio (Erysiphe diffusa), após surto epidêmico em 1996/1997, e posteriormente as doenças de final de ciclo (DFC) (Septoriaglycines e Cercospora kikuchii), principalmente em função do cultivo intensivo e da ausência de rotação de culturas, trazendo prejuízos que podem chegar a 20% da produção.

A intensificação da utilização de fungicidas ocorreu após a entrada da ferrugem asiática (Phakopsorapachyrhizi) no Brasil, em 2001, sendo essa doença o principal alvo, atualmente. Entre outras doenças também controladas por fungicidas podem-se citar a mancha-alvo (Corynespora cassiicola), a antracnose (Collettotrichum truncatum), o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) e a mela (Rhizoctonia solani AG1).

De acordo com Luiz Nery Ribas, diretor técnico da Aprosoja, os sintomas são observados no início da desfolha, entre os estádios R5.1 e R5.3 se as condições climáticas estiverem favoráveis à ocorrência das doenças, isto é, chuvas frequentes e temperaturas variando de 22 a 30°C.

As DFC

Segundo Amélio Dall’Agnol, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Melhoramento Genético e pesquisador da Embrapa Soja, as DFC se manifestam com maior intensidade no final do ciclo da planta, quando ela precisa dos fotossintatos produzidos pela fotossíntese e presentes nas folhas, para produzir os grãos.

“Nessa fase a planta fica mais suscetível ao ataque dessas doenças, porque precisa concentrar suas energias para a produção dos grãos. Com o advento da ferrugem asiática, as medidas tomadas para o controle da ferrugem acabaram por controlar, também, as DFC“, diz o pesquisador.

A maioria dos fungicidas registrados para o controle de doenças na soja são sítio-específicos, sendo ativos contra um único ponto da via metabólica do patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo.

A terceira molécula potencializa a eficácia dos produtos que já apresentam resistência - Crédito Montana
A terceira molécula potencializa a eficácia dos produtos que já apresentam resistência – Crédito Montana

A resistência

Apesar da grande contribuição que os fungicidas proporcionam no controle de doenças, seu uso intensivo pode ter como consequência a seleção de indivíduos menos sensíveis ou resistentes. A resistência de fungos a fungicidas é uma resposta evolutiva natural dos fungos a uma ameaça externa para sobreviver.

Para o professor de fitopatologia da Universidade de Rio Verde Goiás, Luis Henrique Carregal, “a resistência é consequência de uma série de fatores relacionados ao mau uso dos produtos, até mesmo ao surgimento de forma aleatória pelo processo de mutação, em que os novos fungos podem apresentar características diferentes (resistência) pela utilização incorreta do fungicida“, diz.

Segundo informações dos pesquisadores da Embrapa, Cláudia Vieira Godoy e Maurício Conrado Meyer, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos. Quando os fungicidas com modo de ação específico começam a ser aplicados, tendem a eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência das menos sensíveis, atuando como agentes de seleção.

Dentre os principais modos de ação utilizados no controle de doenças na cultura da soja no Brasil, destacam-se os Metil Benzimidazol Carbamato (MBC, benzimidazois), os Inibidores de Demetilação (DMI, triazois), os Inibidores de Quinona Oxidase (QoI, estrobilurinas) e, mais recentemente, a nova geração de moléculas Inibidoras da Succinato Desidrogenase (SDHI, carboxamidas).

Segundo dados da pesquisa, a terceira molécula potencializa a eficácia dos produtos que já apresentam resistência, além de preservar o efeito das carboxamidas. “A partir dessa terceira molécula, o manejo de aplicação dos fungicidas na lavoura deve ser feito alternando-se a aplicação de fungicidas com diferentes mecanismos de ação, respeitando o time ideal de aplicação, a dose e os intervalos, de acordo com a orientação técnica. A inserção da terceira molécula (fungicida protetor) poderá ser incluída no programa de aplicação de acordo com a necessidade“, pontua Eduardo Vaz, analista técnico da Aprosoja.

Segundo Laudo Exploratório da Agrodinâmica Consultoria e Pesquisa Agropecuária Ltda – “Ensaio em rede – avaliação de fungicidas protetores em aplicações isoladas no controle da ferrugem asiática (Phakopsorapachyrhizi), na safra 2014/15 em Diamantino – MT“. Observaram-se resultados positivos no maior índice de retenção foliar, incremento no peso de mil grãos e severidade da ferrugem asiática, no entanto, não foi possível observar diferença estatística entre os tratamentos para o parâmetro produtividade.

Eficiência dos fungicidas

Desde o início da comercialização dos fungicidas MBC, no final da década de 60, pelo menos 100 espécies de fungos desenvolveram algum grau de resistência a esse grupo. Na cultura da soja, os principais ingredientes ativos registrados com esse modo de ação são o carbendazim e o tiofanato-metílico para o controle de doenças de final ciclo, da antracnose, da mancha alvo e de outras doenças.

No entanto, sua eficiência no campo tem sido baixa. Resistência do fungo C. cassiicola a MBCs tem sido relatada nos últimos anos no Brasil em diferentes regiões produtoras do Paraná, do Mato Grosso e de Goiás.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2015  da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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