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O enxofre na qualidade das hortaliças e frutas

Anderson Carlos Marafon

Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros – UEP Rio Largo

anderson.marafon@embrapa.br

 

Crédito Shutterstock
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O enxofre é essencial para a agricultura, e em solos pobres nesse elemento, como no caso do Brasil, é muito importante seu fornecimento. O baixo teor do enxofre no solo pode afetar a nutrição da planta, trazendo menores produtividade, qualidade e resistência a fatores adversos, sejam bióticos ou abióticos.

O elemento está ligado diretamente ao aumento no teor de óleos e proteínas em cereais, de vitamina C em frutas e vegetais e também responde pela pungência (combinação de aroma e sabor) em hortaliças como a cebola e o alho.

O enxofre (S) é reconhecidamente, junto com nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), um nutriente essencial ao desenvolvimento das culturas. Além de fazer parte dos aminoácidos cisteína e metionina e de todas as proteínas vegetais, o elemento faz parte da estrutura de numerosos compostos, como coenzimas, sulfolipídeos, flavonoides, lipídeos, glucosinolatos, polissacarídeos, compostos não saturados, sulfóxidos, alcaloides, nucleotídeos, compostos reduzidos, entre outros.

O enxofre é encontrado em grandes quantidades na forma de sulfetos, sulfatos (gesso) e mesmo como S elementar, e desempenha várias funções vitais como: o íon sulfato (SO42-) é ativador enzimático, o radical sulfídrico (SH) é o grupo ativo de enzimas e de coenzimas (ácido lipólico), componente de vitaminas (tiamina e biotina), atua na síntese da clorofila, na absorção de CO2, na atividade da carboxilase, nas reações de fosforilação e no processo de fixação do N2 pelas leguminosas nodulares.

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Embora haja variação da necessidade de enxofre (S) entre as várias culturas, as leguminosas produtoras de grãos alimentícios (feijão, soja, ervilhas), as plantas produtoras de sementes oleaginosas e as brassicáceas (couves) são as mais exigentes.

O enxofre é importante não somente como nutriente, mas também por seu papel no mecanismo de defesa da planta contra pragas e doenças. As plantas sadias têm grande variedade de metabólitos secundários, muitos dos quais contendo N e S em sua estrutura. Esses compostos estão presentes seja em sua forma biologicamente ativa ou armazenados como precursores inativos, sendo convertidos na forma ativa pela ação de enzimas em resposta ao ataque de patógenos e/ou pragas.

Potencializaçãoda adubação mineral

Junto com o N, o S está presente em todas as funções e processos que são parte da vida da planta, da absorção iônica aos papéis dos nucleotídeos (RNA e DNA), inclusive no controle hormonal para o crescimento e a diferenciação celular.

As interações entre o nitrogênio e o enxofre podem causar um efeito sinérgico ou antagônico. A existência de uma relação N:S aproximadamente rígida nas proteínas leva à necessidade de um adequado balanço na nutrição das plantas quanto a estes elementos.

Com a falta de S diminui a síntese de aminoácidos sulfurados e proteínas e, consequentemente, ocorre diminuição na eficiência da utilização do N. Por outro lado, o excesso de S pode causar redução na produtividade em alguns genótipos devido à toxidez, que apresenta efeito menor em cultivares com alto teor de glicosinolatos.

Alguns autores também relatam interação entre N e S, devido à competição entre SO42- e MoO42- na formação de compostos nitrogenados.

As brassicáceas, como a couve, são as mais exigentes em enxofre - Crédito Luize Hess
As brassicáceas, como a couve, são as mais exigentes em enxofre – Crédito Luize Hess

Fontes de enxofre

As fontes de enxofre são: sulfato de amônio (23% de S), superfosfato simples (12% de S), gesso agrícola ou mineral (17-20% de S), sulfato de potássio (17% de S) e enxofre elementar (30 a 90%).

O S elementar é uma fonte bastante usada em alguns países e recentemente tem despertado interesse no Brasil. Este se destaca dos sais de sulfato por ter baixa solubilidade e por conter alta concentração de S.

O S elementar não é prontamente disponível e a utilização pelas plantas depende de sua oxidação a sulfato, realizada principalmente por microrganismos do solo. Além da alta concentração, o atrativo do S elementar é seu custo relativamente baixo, permitindo formulações com altos teores de N, P ou K.

Dosagem e forma de aplicação

As recomendações de adubação devem considerar a meta de produtividade, de semeadura, os teores dos nutrientes no solo e os níveis de tecnologia adotados. Nas recomendações típicas de S as doses variam de 20 a 40 kg ha-1, como sugerem Vitti et al. (1988), mas podem chegar a 50 kg ha-1, dependendo da cultura, do manejo e do teor do elemento no solo.

Sempre que, na análise de solo, o teor de S-SO42- na camada de 0-20 cm do solo for menor que 10 mg dm-3, existirá a possibilidade de ocorrer deficiência e queda na produção.

A recomendação de fertilizantes sulfatados apresenta grande complexidade em função dos inúmeros fatores que controlam a dinâmica do S no solo, dentre eles: a contribuição das chuvas e das irrigações como veículo de deposição do S atmosférico, a ciclagem do S por meio de plantas de cobertura com sistema radicular bem desenvolvido e o fluxo ascendente de sulfato em períodos de balanço hídrico negativo.

Em geral, a quantidade requerida de S pelas plantas aproxima-se da exigência nutricional em fósforo (P), podendo, em algumas culturas, até superá-la; entretanto, na adubação com P e com S, para se obter uma adequada disponibilidade dos nutrientes para as plantas devem ser aplicadas doses maiores de P do que de S, especialmente em solos argilosos, que apresentam maior capacidade de adsorção de fósforo do que de enxofre.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2015  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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