As perspectivas para a produção de mirtilo no DF são otimistas. A engenheira agrônoma Clarissa Campos, extensionista rural da Emater-DF, aponta para o potencial estabelecimento de uma cadeia completa de produção, comercialização e processamento. “Estamos trabalhando para que o mirtilo se torne uma fruta comum nas mesas dos brasileiros, além de abrir oportunidades para exportação, dado o crescente interesse internacional”, afirma.
O objetivo é consolidar uma estrutura que suporte desde a plantação até a venda e transformação dos frutos, aumentando a presença do mirtilo no mercado nacional e internacional.
Assistência técnica e estruturação
Clarissa faz parte de um programa inovador que visa apoiar os produtores de mirtilo no Distrito Federal, uma cultura relativamente nova na região.
Segundo ela, a Emater-DF tem prestado assistência técnica intensiva aos agricultores locais, visando garantir o sucesso dessa nova empreitada agrícola. “Realizamos visitas aos produtores, cadastramos na Rota da Fruticultura e oferecemos assistência técnica contínua, desde a implantação até a colheita e comercialização dos frutos,” explica Clarissa.
Para participar do programa de doação de mudas, os produtores devem atender a requisitos específicos, como a implementação de sistemas de irrigação adequados, disponibilidade de água e a instalação de um telado sobre a área de cultivo.
Além do acompanhamento individual, a Emater-DF promove métodos coletivos de aprendizado. “Oferecemos palestras, cursos, excursões e oficinas para capacitar os produtores na cultura do mirtilo,” destaca Clarissa. A presença de uma área experimental na feira Agrobrasília também tem sido um ponto de referência, permitindo aos produtores compreenderem melhor o manejo do mirtilo antes de iniciarem o cultivo.
Desafios do cultivo
Apesar do suporte técnico, o cultivo do mirtilo no Distrito Federal apresenta desafios significativos. “O alto custo de implantação é um dos maiores obstáculos. Os produtores precisam de um investimento inicial considerável para adquirir insumos, como a palha de arroz e substratos específicos,” explica Clarissa.
No DF, o mirtilo não é plantado diretamente no solo, sendo necessário o uso de recipientes ou vasos com um substrato especial, o que aumenta os custos.
A colheita do mirtilo também requer atenção especial. “Os frutos amadurecem de forma não uniforme, exigindo uma colheita manual e diária, o que representa um desafio adicional em termos de mão de obra,” menciona Clarissa. Apesar desses obstáculos, a Emater-DF está empenhada em abrir o mercado para o mirtilo, visando futuras exportações.
Mesmo com os desafios, o cultivo de mirtilo se mostra atraente para os produtores do DF. “O bom retorno financeiro é um dos principais atrativos”, afirma Clarissa. Além disso, a cultura é considerada rústica, apresentando poucos problemas com pragas e doenças na região, o que facilita o manejo.
Conhecimento, antes de tudo
Para um cultivo bem-sucedido de mirtilo no DF, é crucial possuir conhecimento técnico adequado. Clarissa destaca a importância do substrato e da irrigação. “O mirtilo deve ser plantado em substrato com boa drenagem e irrigado várias vezes ao dia para manter a umidade adequada no sistema radicular”, explica. Um sistema de irrigação bem dimensionado é essencial, assim como o manejo correto da água e a escolha adequada de fertilizantes para a adubação.
Para aqueles que estão interessados em iniciar o cultivo de mirtilo, Clarissa recomenda que os agricultores procurem a Emater-DF, que possui 15 escritórios locais nas principais áreas rurais do Distrito Federal.
“O cultivo de mirtilo não é complicado, mas exige conhecimento técnico para evitar erros comuns e maximizar o sucesso”, explica. Dado o investimento inicial significativo necessário, o acompanhamento técnico é crucial. “Aconselho os agricultores a entrarem em contato com um de nossos escritórios para obter todas as informações necessárias e iniciar o cultivo com segurança e eficiência”, conclui Clarissa.
Cerrado Blue – Pioneirismo no cultivo de mirtilos
Localizada na cidade de Sobradinho (DF), a propriedade Cerrado Blue é um exemplo de inovação e empreendedorismo no cultivo de mirtilos.
Leandra Lima Soares Alvarenga, junto com seus sócios Zuilene Lima Soares e Evaldo Alvarenga da Silveira, está à frente deste projeto que quer transformar o cenário do turismo rural e da agricultura local.
Decisão pelo cultivo de blueberries
Leandra explica que a decisão de investir no cultivo de mirtilos surgiu da necessidade de desenvolver o turismo rural na região, que carece de atrações voltadas para essa área. “O mirtilo em nossa região é um cultivo inovador,” afirma.
As vantagens incluem a adequação para pequenas propriedades rurais, o valor agregado na comercialização, os benefícios nutricionais e uma maior janela de produção em comparação aos grandes produtores mundiais.
Principais desafios
Apesar das vantagens, os produtores de mirtilo no Brasil enfrentam diversos desafios. “Precisamos aumentar a produção para atender à demanda nacional, que hoje é suprida por importações de países como Peru, Chile e Argentina,” destaca Leandra.
A falta de mão de obra qualificada e a necessidade de apresentar aos brasileiros a qualidade do mirtilo nacional são outros obstáculos a serem superados. Além disso, é fundamental aumentar a divulgação dos benefícios do consumo do mirtilo na alimentação diária.
Processo de cultivo e colheita
Na Cerrado Blue, o cultivo é realizado em substrato de palha de arroz, fibra de coco e turfa, utilizando vasos, bags ou trincheiras lonadas e fertirrigação. “A colheita é diária e manual, pois na mesma planta temos todas as fases do fruto: flor, fruto verde, de vez e maduro,” explica Leandra.
A produtividade média obtida é de 700 g a 1,0 kg por planta no primeiro ano, demonstrando o potencial do cultivo na região.
Perspectivas
Leandra está otimista quanto ao futuro do cultivo de mirtilos no Brasil, especialmente na região do Distrito Federal e entorno. “Acreditamos que o Brasil tem um enorme potencial para o cultivo do mirtilo, considerando o clima favorável que temos”, afirma.
A qualidade dos frutos produzidos na Cerrado Blue, que são doces, com alto teor de brix, acidez equilibrada e calibre superior, são fatores que fortalecem essa perspectiva.
O consumo crescente de mirtilos pela população também é um indicador positivo. “Nosso desafio é trazer a cultura do mirtilo para as famílias brasileiras”, ressalta Leandra.
Foco absoluto
A Cerrado Blue está na vanguarda do cultivo de mirtilos no Distrito Federal, combinando inovação, sustentabilidade e turismo rural. Com uma visão clara e um plano bem estruturado, Leandra Lima Soares Alvarenga e seus sócios estão determinados a superar os desafios e expandir a presença do mirtilo no mercado brasileiro.
A propriedade não apenas contribui para a diversificação agrícola da região, mas também promove um estilo de vida mais saudável e sustentável para os consumidores.
A Cerrado Blue e seus proprietários continuam comprometidos em desenvolver e promover a cultura do mirtilo no Brasil, abrindo novas oportunidades para a agricultura local e melhorando a qualidade de vida das famílias brasileiras.