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Brasil teve 4,48 milhões de hectares queimados entre janeiro e junho de 2024

Foto: Pixabay

O Brasil queima. É o que revelam os dados mais recentes do MapBiomas. Em todo o país, a área atingida pelo fogo no primeiro semestre deste ano foi de 4,48 milhões de hectares, sendo que 78% desse total ocorreu em vegetação nativa – a maioria em vegetação campestre (40%). Entre os biomas, a Amazônia registrou a maior área queimada, com 2,97 milhões de hectares – 66% do total atingido pelo fogo no país.

O Cerrado foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas, com 947 mil hectares queimados nos seis primeiros meses de 2024 – o que representa 48% (307 mil hectares) a mais, quando comparado ao mesmo período de 2023. A maior parte do fogo ocorreu em áreas de vegetação natural (72%). Em junho, esse bioma foi o que mais registrou áreas queimadas, com 534 mil hectares. Os números fazem parte do Monitor do Fogo do MapBiomas, mapeamento mensal das áreas queimadas no Brasil desde 2019, produzidos a partir de monitoramento por imagens de satélites e processamento de dados com uso de inteligência artificial.

No primeiro semestre deste ano, os estados com mais áreas queimadas no país foram: Roraima, com 2 milhões de hectares, o que representa 44% do total queimado no Brasil; Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Os três representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.

“No início de 2024, observamos uma concentração significativa de incêndios na Amazônia, especialmente nas áreas de vegetação campestre de Roraima. Este estado, diferentemente do restante do bioma, enfrenta um período de seca nos primeiros meses do ano. Esse fenômeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, criando um ambiente propício para o alastramento do fogo, com desafios adicionais de controle e mitigação”, afirma Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.

“Em junho, o fogo se concentrou mais no Cerrado e no Pantanal, regiões que enfrentam sua temporada de fogo devido à redução das chuvas e ao aumento das temperaturas. No Cerrado, é comum queimar mais durante esta época por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados. Já no Pantanal, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo”, explica Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo.

No Pantanal 468 mil hectares queimaram no primeiro semestre deste ano, 370 mil hectares em junho – o equivalente a 79% do total, a maior área queimada no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo. Uma das áreas mais afetadas pelo fogo no Pantanal em 2024 foi nas proximidades da cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados apenas em junho. Nos seis primeiros meses do ano, a área queimada no bioma aumentou 529%. Foram 394 mil hectares a mais em comparação à média histórica dos cinco anos anteriores.

Seca extrema e incêndios no Pantanal em 2024

A relação entre água e fogo no Pantanal é inegável; a redução drástica da superfície de água associada a eventos extremos de seca cria condições propícias para a ocorrência e propagação de incêndios. O Pantanal, proporcionalmente, foi também o bioma que mais secou ao longo dos últimos 39 anos. A superfície de água em 2023 foi de 382 mil hectares – 61% abaixo da média histórica. O ano de 2023 foi 50% mais seco do que 2018, quando ocorreu a última grande cheia no bioma. As equipes do MapBiomas elaboraram uma nota técnica que detalha a relação entre seca e fogo no bioma.

Nos últimos meses de 2023, o Pantanal já registrava uma superfície de água inferior à média dos últimos seis anos e equivalente aos anos de 2020 e 2021, que foram os anos mais secos já observados desde 1985. Em 2024, a situação se agravou, com a precipitação acumulada de janeiro a maio atingindo o menor nível desde 2020, indicando um retorno às condições de seca extrema. “Em 2024, não tivemos o esperado pico de cheia. Pelo contrário, estamos enfrentando um período de seca que deve se estender até setembro, facilitando a incidência e propagação do fogo.”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

Panorama das Áreas Queimadas na Mata Atlântica, Pampa e Caatinga

NaMata Atlântica, 73 mil hectares foram queimados entre janeiro e junho de 2024, a maior parte (71%) concentrada em áreas agropecuárias. No Pampa, nesse mesmo período, a área queimada foi de 1.145 hectares, figurando entre as menores observadas nos últimos seis anos. Normalmente, o Pampa apresenta pouca extensão de áreas queimadas, que ficam ainda mais reduzidas em períodos de El Niño, fenômeno climático que no sul do Brasil se manifesta de modo inverso, resultando em aumento das chuvas. Na Caatinga queimaram 16.229 hectares nos seis primeiros meses, um aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2023, concentrado principalmente em formações savânicas (65%).
Recordes da área queimada no mês de Junho

Em junho 1,1 milhão de hectares foram queimados no país – número 103% maior do que o mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais). Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%). Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens.

Com relação aos estados, os que mais queimaram nesse mês foram: Mato Grosso do Sul (369 mil hectares), Tocantins (229 mil hectares) e Mato Grosso (202 mil hectares), com destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).

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