Denyse Cássia de Maria Sales
denysecmariasales@gmail.com
Nívea Maria Mafra Rodrigues
niveamafra11@gmail.com
Mestras e doutorandas em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Os Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS), comumente conhecidos como drones, são tecnologias que têm revolucionado diversos setores, incluindo o florestal e agrícola.
Na literatura, são classificados de diferentes maneiras, tanto de acordo com o tamanho, tipo de asa, autonomia, alcance quanto aplicação. No entanto, por apresentarem maior disponibilidade no mercado, os RPAS pequenos, mini e micro são os mais comuns em diversos usos. De modo geral, classificam-se como RPAS de asa fixa e multirrotores.
Figura 1. Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS) classificados em multirrotor (A) e asa fixa (B).
Direcionamento
Para sobrevoos em áreas extensas, comumente são utilizados os RPAS de asa fixa, que permitem voos com maior duração, pois são similares a pequenos aviões e têm maior autonomia e alcance.
A principal desvantagem no uso da asa fixa é a necessidade de espaço para decolagem e pouso e a menor manobrabilidade. São indicados para monitoramento de grandes áreas, mapeamento de longo alcance e agricultura de precisão em extensas propriedades.
Os RPAS multirrotores, equipados com múltiplos rotores (tricópteros, quadricópteros, hexacópteros e octacópteros). Possuem alta manobrabilidade, capacidade de decolagem e pouso vertical (VTOL), sendo ideais para voos em áreas restritas.
Uma das principais desvantagens no uso de multirrotores é a menor autonomia e alcance reduzido, quando comparado aos de asa fixa. São indicados para inspeções detalhadas, levantamentos em áreas de difícil acesso, monitoramento de pequenas a médias propriedades, fotografia e videografia aérea.
Aplicações
No setor florestal, os RPAS têm se mostrado ferramentas valiosas, proporcionando benefícios significativos em diversas áreas como:
- Inventário florestal: uso de sensores para coletar dados sobre espécies, diâmetro das árvores e altura. Contando com rapidez na coleta de dados, redução de custos, maior precisão e abrangência.
- Monitoramento de fitossanidade: são utilizados sensores multiespectrais e térmicos que detectam estresse hídrico, pragas e doenças. Permitem o monitoramento contínuo, intervenção rápida e precisa e preservação da saúde do povoamento.
- Mapeamento de áreas desmatadas e queimadas: uso de câmeras RGB (Red, Green, Blue) e sensores LiDAR (Light Detection and Ranging) para identificar áreas afetadas. O uso desses sensores propicia a detecção rápida e precisa de mudanças, e auxílio na implementação de medidas de recuperação.
Ü Planejamento e manejo florestal: coleta de dados geoespaciais para planejar intervenções e monitorar crescimento e recuperação da floresta. Nesse caso, é possível realizar o planejamento eficiente visando a melhor gestão dos recursos florestais. Um dos maiores exemplos no planejamento florestal é a possibilidade de monitorar a qualidade de estradas para a colheita florestal. Com o uso dos sensores acoplados em RPAS multirrotores, principalmente o LiDAR e a câmera RGB, são identificadas as estradas que necessitam de manutenção, reduzindo significativamente o tempo que seria demandado para uma vistoria em um automóvel, onde todas as estradas seriam percorridas e avaliadas presencialmente.
Vantagens
No setor agrícola, os RPAS também têm transformado a eficiência e a praticidade, proporcionando melhorias em diversas frentes:
Agricultura de precisão: uso de RPAS para mapear variabilidade do solo e monitorar culturas. As principais vantagens são o melhor uso de insumos, o aumento da produtividade e a redução de custos.
Monitoramento de culturas: sensores multiespectrais e RGB para monitorar o desenvolvimento das plantas. Permite a identificação precoce de problemas e a maior eficiência do manejo.
Aplicação de insumos: atualmente, essa é uma das principais aplicações de RPAS na agricultura. Os RPAS são equipados com sistemas de pulverização para aplicar fertilizantes e defensivos agrícolas em plantios de larga escala, possibilitando a aplicação precisa e uniforme, redução do uso de produtos químicos e a minimização do impacto ambiental.
Mapeamento e planejamento agrícola: criação de mapas detalhados do terreno e culturas para planejamento e gestão. Com o planejamento de plantio, irrigação e colheita e otimização do uso da terra.
Como escolher?
Os RPAS têm se mostrado indispensáveis tanto no setor florestal quanto no agrícola, proporcionando melhorias significativas em eficiência, precisão e sustentabilidade. A escolha do tipo de RPAS depende das necessidades específicas da aplicação, considerando fatores como área a ser coberta, tipo de dados a serem coletados e condições operacionais.
Nos dias atuais, são amplamente utilizados em serviços de pulverização e monitoramento de plantios. Com o avanço contínuo das tecnologias associadas aos RPAS, espera-se que seu uso se torne ainda mais difundido e essencial para a gestão florestal e agrícola moderna.