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Como minimizar os impactos da geada na cafeicultura: soluções inteligentes

Divulgação

Nos últimos anos, os produtores de café têm enfrentado um desafio crescente: o aumento da frequência e intensidade das geadas nas regiões cafeeiras. Antes raras, essas ocorrências climáticas têm se tornado cada vez mais comuns, impactando severamente a produção de café.

Em 2021, por exemplo, o Sul de Minas Gerais, o Cerrado Mineiro, a Mogiana Paulista e o Paraná foram atingidos por várias geadas, afetando severamente as lavouras. Essa série de geadas foi uma das mais intensas em décadas, danificando cafezais em fase de maturação e gerando preocupação com a safra de 2022.

Como consequência, houve uma redução significativa na produção de café arábica, contribuindo para a alta dos preços no mercado internacional. Os impactos foram prolongados, com muitos produtores enfrentando desafios na recuperação das lavouras.

Este ano, as geadas nas regiões cafeeiras do Brasil ocorreram principalmente entre os dias 11 e 13 de agosto. Durante esse período, uma forte massa de ar polar atingiu o Centro-Sul do país, causando temperaturas extremamente baixas, que resultaram em geadas. As áreas mais afetadas incluíram partes da Alta Mogiana, no estado de São Paulo, e do Cerrado Mineiro, em Minas Gerais.

No entanto, com a combinação de tecnologia e boas práticas agrícolas, alguns produtores de café sentiram menos os efeitos dessa variação climática. O Grupo AGAM, localizado em Pedregulho (SP), foi um exemplo. “Estava preocupado com as previsões de baixas temperaturas, mas me surpreendi quando cheguei à lavoura e pude ver que a geada não causou danos graves. O carreador estava branco de gelo, mas as plantas pareciam ter caído chuva nelas, molhadas até pingando água. Elas suaram em vez de congelar”, relata William Ferreira, gerente das fazendas do Grupo AGAM há 17 anos.

Enquanto fazendas vizinhas enfrentaram perdas significativas, o cafezal do Grupo AGAM não sofreu grandes perdas e se recuperou mais rapidamente. “Na nossa fazenda, apenas algumas folhas mais jovens, de alguns pés de café, foram afetadas. Os nossos vizinhos, por outro lado, tiveram a lavoura queimada pela geada”, compara William.

Rafael Gonzaga, especialista agronômico da Netafim, explica que o bom fornecimento de potássio de forma antecipada, atrelado ao déficit hídrico, faz com que a lavoura esteja em condições mais adequadas para enfrentar condições de geada.

“Com relação à geada, a fertirrigação pode contribuir, pois possibilita o fornecimento de nutrientes, principalmente o potássio, inclusive durante os meses de pouca chuva. Uma planta bem nutrida em potássio tem maior tolerância a condições de baixa temperatura”, detalha Gonzaga.

O especialista explicou que é de extrema importância ressaltar que, em locais de risco de geada e durante os meses em que ela ocorre, o produtor deve suspender a irrigação com boa antecedência. “Isso para o cafeeiro entrar em condição de déficit hídrico, diminuindo a quantidade de água dentro das células de seus tecidos (principalmente folhas e ramos), consequentemente aumentando a concentração de sais como o potássio. Essa maior concentração de sais reduz a temperatura de congelamento do líquido dentro da célula, deixando o cafeeiro mais resistente ao frio”, detalhou o especialista.

A utilização de estações meteorológicas e sensores avançados para monitorar as condições climáticas em tempo real permite que os agricultores monitorem condições de geada e assim tomarem medidas preventivas como a nebulização, mantendo dessa forma a temperatura das plantas acima da temperatura de congelamento.

O sistema de irrigação por gotejamento oferece uma série de vantagens aos produtores de café, não apenas na proteção contra intempéries climáticas, mas também na melhoria da produtividade e qualidade dos frutos. “A média de produtividade antes da irrigação era de 30 a 35 sacas por hectare. Com a irrigação, essa produtividade está em torno de 60 a 70 sacas por hectare por ano”, destaca Ferreira.

Além da irrigação, o Grupo AGAM conta com ferramentas digitais da Netafim, que permitem o monitoramento remoto da fazenda, otimizando o uso de recursos hídricos e garantindo maior eficiência. “Com o pacote tecnológico do GrowSphere, faço o monitoramento e análise da fazenda, o que resultou em uma redução considerável no uso de água, além de possibilitar a gestão mesmo à distância”, completa o gerente.

Ao adotar essas inovações, os produtores podem não apenas reduzir os prejuízos causados por fenômenos climáticos extremos, como também garantir a sustentabilidade e a viabilidade de suas atividades a longo prazo.

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