Thiago Cardoso de Oliveira
Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências pelo CENA/USP
AntonioMalvestitti Neto
Paulo Márcio Faria Villela
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Ciências FZEA/USP
A cultura da soja possui posição de grande relevância no agronegócio brasileiro, com um sistema de produção de elevado nível tecnológico. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com a Conab, na safra 2015/16 a cultura ocupou uma área de 33,17 milhões de hectares, totalizando uma produção de 95,63 milhões de toneladas com produtividade média de 2.882 kg por hectare, correspondente a 48 sacas.
Porém, essas produtividades já começam a ser consideradas pequenas perto daquelas colhidas em áreas de manejo com alta tecnologia e do potencial biológico da cultura. Segundo o Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), essa resposta tradicional de três mil quilos por hectare, ou 50 sacas como média do País, nos últimos anos, pode estar com os dias contados. Sendo assim, o produtor busca novos meios para suprir a exigência nutricional das cultivares modernas, a fim de obter incrementos em produtividade e maior retorno econômico.
O que fazer
O aumento da eficiência produtiva e da utilização dos insumos agrícolas vem adquirindo importância crescente nas lavouras brasileiras, devido aos altos custos de condução dos cultivos e aos elevados patamares produtivos, sendo necessárias novas técnicas de manejo que visem os “ajustes finos“ para obtenção de incrementos adicionais de produtividade.
Nesse contexto, torna-se estratégica a aplicação de novas tecnologias que promovam aumentos de produtividade, melhorem o aproveitamento dos recursos produtivos, visando sustentabilidade dos sistemas agrícolas, e evitem prejuízos ao ambiente.
Conceito e definição
De acordo com a maioria dos fisiologistas de plantas, o hormônio vegetal, também chamado de fitohormônio, é um composto orgânico sintetizado em uma parte da planta e redistribuído para outra parteque, em baixa concentração, causa uma resposta fisiológica (promoção ou inibição).
Para esclarecermos melhor esse conceito, precisamos fazer as seguintes considerações.
ð Como os hormônios devem ser sintetizados pelas plantas, nutrientes inorgânicos, tais como o Ca2+ e K+, que causam importantes respostas fisiológicas nas plantas, não são considerados hormônios;
ð A definição também estabelece que o hormônio deve ser redistribuído na planta, ou seja, sintetizado em um local e levado para outro. No entanto, isso não significa que o hormônio não possa causar alguma resposta na célula onde é produzido;
ð Os hormônios são geralmente efetivos em concentrações em torno de 1,0 μM (10-4 M). Muitas outras substâncias orgânicas sintetizadas pelas plantas, como sacarose, aminoácidos, ácidos orgânicos, vitaminas, etc., não se incluem no conceito de hormônio, pois são encontradas em elevadas concentrações nas plantas entre 1,0 a 50 mM.
Já o termo regulador de crescimento ou biorregulador é normalmente empregado para compostos naturais (fitohormônio e substâncias naturais de crescimento) ou sintéticos (hormônio sintético e regulador sintético), que exibem atividade no controle do crescimento e desenvolvimento da planta.
Hormônios vegetais
Para uma planta crescer, ela precisa de luz, CO2, água e nutrientes. A planta faz mais do que simplesmente aumentar sua massa e volume – ela se diferencia,se desenvolve e adquire forma, criando uma variedade de células, tecidos e órgãos.
Os componentes da produtividade da soja, tais como número de plantas por área, número de vagens por planta, número de grãos por vagem e massa de grãos, são determinados pelos processos fenológicos da germinação, desenvolvimento vegetativo, florescimento, granação e maturação. Apesar de a soja apresentar elevado potencial produtivo, fatores bióticos e abióticos influenciam em sua capacidade de produção.
O crescimento do tecido vegetal ocorre pela divisão e alongamento das células nas regiões meristemáticas da planta, ou seja, na ponta dos ramos e das raízes, e estes dois processos promovem o crescimento e o desenvolvimento da planta (RAVEN, et al., 1992).
Como atuam
Os hormônios vegetais são compostos orgânicos, não nutrientes, de ocorrência natural, produzidos nas plantas em baixas concentrações (10-4 M), que promovem, inibem ou modificam processos fisiológicos e morfológicos dos vegetais, podendo uniformizar a germinação, controlar o desenvolvimento vegetativo, promover florescimento, auxiliar no processo de enchimento de grãos e antecipar ou atrasar a maturação.