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Monitoramento e aplicação aérea no controle da sigatoka da bananeira

Wilson da Silva Moraes

Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ” APTA

wilson@apta.sp.gov.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A sigatoka amarela e a sigatoka negra são as principais doenças foliares que afetam a cultura da banana no mundo. Os danos causados por essas doenças resultam em desfolhas precoces, que promovem perdas de 50 a 100% da produção, respectivamente.

As bananeiras necessitam de pelo menos dez folhas funcionais, no momento da emissão da inflorescência, para garantir o enchimento de pelo menos 10 pencas no cacho. Portanto, quanto maior o número de folhas funcionais no momento da floração, maior será a produção de frutos e os rendimentos financeiros.

Agressividade

A sigatoka amarela foi a mais importante doença foliar da bananeira até o aparecimento da sigatoka negra, que é duas vezes mais severa. Ataca maior número de variedades, provoca desfolha prematura e induz o amadurecimento precoce dos frutos, ainda no cacho ou durante o transporte.

Para seu controle, países exportadores de banana, como o Equador e a Costa Rica, realizam 20 a 40 e 52 a 77 aplicações anuais de fungicidas sistêmicos e/ou protetores, respectivamente, enquanto no Brasil, a princípio, faz-se de quatro a seis, para a sigatoka amarela, e de oito a 12, para a sigatoka negra.

Monitoramento das plantas para realização do controle - Crédito Síglia Regina dos Santos
Monitoramento das plantas para realização do controle – Crédito Síglia Regina dos Santos

Principais regiões atacadas

O primeiro registro oficial da ocorrência da sigatoka negra no Brasil foi realizado pelo Ministério da Agricultura, em 1988, no Estado do Amazonas (região Amazônica). A partir daí, a doença foi constatada nos demais Estados da região, até atingir, em 2004, os bananais comerciais do Vale do Ribeira (SP), na região sudeste.

Em 2005, já ocorreu o primeiro registro oficial da doença na região sul, incluindo os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e depois nos Estados do Maranhão (2013), Rio de Janeiro (2014), Espírito Santo (2015) e Bahia (2016).

São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Ceará e Rio Grande do Norte são os principais produtores de banana do Brasil, sendo São Paulo o maior pólo produtor. Destaque para os grandes pólos de produção, como o Vale do Ribeira (SP), Norte de Santa Catarina (SC), Norte de Minas Gerais (MG), Petrolina (PE) e Norte (Juazeiro) e Sul da Bahia (BA).

As regiões produtoras localizadas no litoral sul de São Paulo (Vale do Ribeira) e do Paraná e no Norte de Santa Catarina estão enfrentando maiores dificuldades para conviver com a sigatoka negra que, apesar de coexistir com a endêmica sigatoka amarela, tende a suplantá-la ou substituí-la.

Condições para a sigatoka

Apesar de a sigatoka negra ter sido constatada na região Amazônica há 18 anos, onde predominam bananais de subsistência, é nas regiões litorâneas dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina que a doença tem se comportado de forma mais severa. Isto se deve à predominância de áreas contínuas de bananais comerciais cultivados em monocultura com variedades suscetíveis do tipo Prata e Cavendish (Nanica), aliado à presença abundante de chuvas bem distribuídas ao longo do ano (1500 a 2500 mm) e à elevação da temperatura (média mensal máxima de 26ºC) a partir do mês de outubro.

Apesar de Mycosphaerellamusicola (Psedocercosporamusae), agente causal da sigatoka amarela, preferir condições mais frias que Mycosphaerellafijiensis (Paracercosporafijiensis), agente causal da sigatoka negra, ele se adaptou rapidamente em todas as regiões produtoras de banana do Brasil.

Mycosphaerellafijiensis, apesar de preferir regiões mais quentes e chuvosas, tende a se adaptar às diversas condições, mas será mais agressivo nas áreas mais baixas com maior quantidade de chuvas.

Sintomas-de-Sigatoka-amarela-Crédito-UFRGS
Sintomas-de-Sigatoka-amarela-Crédito-UFRGS

Sintomas

Como em toda doença ou mancha foliar causada por fungos, os sintomas da sigatoka negra e sigatoka amarela evoluem dos estádios iniciais ou precoces para os estádios mais avançados ou tardios, o que caracteriza o quadro sintomatológico de cada doença, resultando em danos potenciais, principalmente em se tratando de variedades suscetíveis, como as do tipo Prata ou Cavendish (Nanica).

Os estádios precoces de desenvolvimento dos sintomas da sigatoka amarela (1, 2 e 3) são visualizados primeiramente na terceira e/ou quarta folha, a partir da folha mais nova da planta (folha vela), enquanto os estádios tardios (4, 5 e 6) podem ser visualizados a partir da quarta e/ou quinta folha, sendo todos os estádios observados na face superior das folhas.

Já os estádios precoces da sigatoka negra (1, 2 e 3) são inicialmente visualizados na face direta e inferior da primeira e/ou segunda folha totalmente aberta, enquanto os estádios tardios (4, 5 e 6) já podem ser observados na face superior da terceira ou quarta folha. Todos os estádios de desenvolvimento dos sintomas dessas doenças podem ser visualizados a olho nu, exceto os estádios 1 e 2 da sigatoka negra que, para serem visualizados, necessitam de lentes com aumento de 10 a 20 vezes.

Sintomas de Sigatoka negra - Crédito Valmir Duarte
Sintomas de Sigatoka negra – Crédito Valmir Duarte

Sintomas da sigatoka negra: diminuto ponto circular de cor marrom-café; pequeno traço retangular de cor marrom-café; estria de cor marrom-café; mancha negra elíptica de contorno irregular; mancha negra elíptica com halo amarelo; mancha necrótica com centro deprimido de coloração parda, contendo inúmeros pontinhos pretos (peritécios).

Sintomas da sigatoka amarela: pequeno traço amarelo de 1 mm; traço amarelo de 2-3 mm; estria amarela com centro marrom; mancha marrom a negra; mancha marrom a negra com halo amarelo; mancha necrótica com centro deprimido e pardo contendo inúmeros pontinhos pretos (peritécios).

 

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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