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Azospirillum brasilense potencializa sistema de produção da soja

Lucas Guilherme Bulegon

Andre Gustavo Battistus

Engenheiros agrônomos e doutorandos em Agronomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Deise DalazenCastagnara

PhD. em Zootecnia e professora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa)

Vandeir Francisco Guimarães

Doutor em Agronomia e professor da Unioeste

Aline MarieleCzekalski

Graduando em Agronomia da Unicentro

Leandro Rampim

Doutor em Agronomia e professor da Unicentro

rampimleandro@yahoo.com.br

Foto:Shutterstock
Foto:Shutterstock

O uso da inoculação em Azospirillum brasilense é bastante estudado no Brasil em culturas anuais voltadas diretamente à produção de grãos, principalmente as gramíneas, como o milho, trigo, arroz e cana-de-açúcar, e mais recentemente na cultura da soja. Nestas culturas, os resultados são satisfatórios, elevando várias características biométricas e, principalmente, a produtividade de grãos.

Mais recentemente, os estudos se voltaram também às pastagens, visto que o Brasil possui um dos maiores rebanhos do mundo, eao considerar que a principal forma de alimentação destes é a pastagem, estudos são importantes para elevar a produção de forragem e suas características bromatológicas.

Dentro das pastagens, o gênero Braquiaria spp. tem maior destaque no cenário nacional. Algumas foram reclassificadas como Urochloa spp. que, somadas, representam cerca de 80% das áreas de pastagens reformadas e/ou implantadas e também utilizadas no sistema de integração lavoura-pecuária, potencializando o sistema de produção da cultura da soja.

Um complementando o outro

A inoculação de bactérias Azospirillumsp. é uma tecnologia que incrementa produção da soja - Foto: ANPII
A inoculação de bactérias Azospirillumsp. é uma tecnologia que incrementa produção da soja – Foto: ANPII

De fato, é notório o destaque do uso de forrageiras para complementar o sistema de produção da cultura da soja, possibilitando mais cobertura do solo durante o período em que não há soja nas áreas de produção (período de seca/inverno), e sendo possível, em alguns casos o uso das forrageiras implantadas nestes locais para alimentação, principalmente de bovinos.

Também tem sido frequente o cultivo das forrageiras em consórcio com o milho safrinha em diversas regiões do Brasil, com a finalidade de reduzir o desenvolvimento de plantas invasoras no período pós-colheita do milho e proteger o solo no período anterior à semeadura da cultura da soja.

Nestas diversas situações de cultivo da braquiária, para que haja desenvolvimento elevado, é necessária disponibilidade adequada de nutrientes e água no solo e ter condições para que o sistema radicular efetue com eficiência a absorção. Sendo adequado, quando o sistema de produção se mostrar rentável, é importante aplicar fertilizantes nitrogenados em cobertura para disponibilizar nitrogênio.

Onde entra a braquiária

O cultivo da braquiária na entressafra da soja beneficia o sistema produtivo - Foto: Claudinei Kappes
O cultivo da braquiária na entressafra da soja beneficia o sistema produtivo – Foto: Claudinei Kappes

Os gêneros Braquiaria spp. e/ou Urochloa spp.são amplamente utilizadospor possuírem alta produtividade de matéria verde e seca por unidade de área,elevada resistência ao pastejo, alta capacidade de rebrota, e também por ter boa aceitação pelos animais, e ainda elevados teores de proteína, quando corretamente manejados para serem disponibilizados para pastejo.

Por outro lado, as características de elevada produtividade de matéria seca na parte aérea comprovam a eficiência na cobertura do solo, assim como o sistema radicular vigoroso, robusto e agressivo permitemo desenvolvimento em todas as camadas superficiais do solo e atuam também em camadas mais profundas dele.

Tal fato repercute em alta capacidade de absorção de água, mesmo em períodos de estiagem, somando-se a elevada eficiência em absorção de nutrientes do solo, mesmo em solos de baixa disponibilidade de nutrientes, comprovando eficiência destas espécies para o sistema produtivo da cultura da soja em solos cultivados no cerrado brasileiro, que originalmente tem baixa fertilidade.

Neste contexto, o uso de inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio e promotoras de crescimento de plantas, como é o caso de Azospirillum sp., aparece como tecnologia acessória à forrageira braquiária, que refletirá em efeitos positivos no sistema produtivo da cultura da soja.

O Azospirillum traz efeitos positivos ao sistema produtivo da soja - Foto: Shutterstock
O Azospirillum traz efeitos positivos ao sistema produtivo da soja – Foto: Shutterstock

Entraves

Para a pecuária, o teor de proteína é justamente um dos entraves na produção animal nacional. Como a maioria das pastagens são formadas por gramíneas, a complementação de proteína deve ser realizada via rações e formulados, elevando o custo de produção.

Caso não seja realizada adequadamente, o desenvolvimento dos animais não é satisfatório. Atualmente, a busca por novas pastagens com maior teor de proteína, ou ainda o uso de espécies leguminosas (em consórcio ou na reforma de pastagem) são uma alternativa, principalmente quando se pensa em produção de animais livres de produtos químicos (orgânicos), uma crescente demanda do mercado internacional.

Ao pensar no sistema de produção de grãos, forragens com menor teor de proteína (ou seja, menor teor de nitrogênio), exige maior demanda de nitrogênio no solo para auxiliar na mineralização dos restos culturais das forrageiras, que pode prejudicar o desenvolvimento das culturas introduzidas na sequência, por imobilizar nitrogênio do solo.

Outro ponto que reduz a qualidade das forragens é a falta de água, visto que a maioria é cultivada na ausência de sistema de irrigação e depende exclusivamente das precipitações pluviométricas para se desenvolverem normalmente, situação que exige espécies mais tolerantes à seca.

No caso específico da braquiária, a aplicação de Azospirillumdeve ser realizada no perfilhamento - Foto: Miriam Lins
No caso específico da braquiária, a aplicação de Azospirillumdeve ser realizada no perfilhamento – Foto: Miriam Lins

Assim, o uso de microrganismos promotores de crescimento vegetal pode maximizar a capacidade da planta de utilizar água disponível no solo, por melhorar o desenvolvimento do sistema radicular, tendo-se ganhos em matéria seca final.

Por outro lado, o uso desses microrganismos geralmente é realizado via sementes. Contudo, as pastagens de braquiária são perenes e poucas vezes são reformadas (ao pensar exclusivamente em pastagem), sendo necessária nova semeadura, assim como ao ter cultivo da braquiária na entressafra da soja isolada e no consórcio com milho, que ficam no período de estiagem, em que é inviável uso de fertilizantes nitrogenados.

Azospirillum brasiliense traz benefícios também para a soja
Azospirillum brasiliense traz benefícios também para a soja

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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