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Plantio de couve-flor exige mudas de alta qualidade

 

Carlos Antonio dos Santos

Engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

carlosantoniods@ufrrj.br

Margarida Goréte Ferreira do Carmo

Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora na UFRRJ

gorete@ufrrj.br

Crédito Francisco Foga
Crédito Francisco Foga

A couve-flor é uma cultura de elevada importância econômica e social e destaca-se como uma das hortaliças com melhor valor de mercado. É cultura típica de clima frio, com maior produção e oferta nos meses mais frios do ano. Com o advento, porém, de cultivares adaptadas a temperaturas mais altas, tem sido possível o seu cultivo em períodos de meia estação e de verão, especialmente em regiões de maior altitude.

Por ser uma cultura muito sensível a adversidades climáticas, cuidados no manejo, desde a implantação da cultura à colheita, são essenciais para se obter boas produtividades e inflorescências (cabeças) de alto valor comercial. A qualidade das mudas é um dos itens mais importantes no processo de produção e que afeta diretamente o sucesso na condução da lavoura.

Escolha da cultivar

O primeiro passo para o qual o produtor deve se atentar é para a época de cultivo e escolha da cultivar mais adaptada às condições climáticas da região/época. Algumas cultivares necessitam de dias mais frios para a formação das inflorescências ou “cabeças“.

Outro ponto importante é que esta cultivar produza inflorescências com padrões/características compatíveis com as exigências do mercado na qual será comercializada ” coloração, diâmetro, peso, uniformidade. Felizmente, hoje é possível encontrar boas opções de cultivares de couve-flor no mercado brasileiro de sementes.

O plantio de mudas de alta qualidade aliado a boas práticas agrícolas é o caminho para alta produtividade - Crédito Shutterstock
O plantio de mudas de alta qualidade aliado a boas práticas agrícolas é o caminho para alta produtividade – Crédito Shutterstock

Produção das mudas

O produtor pode produzir suas próprias mudas, o que requer um mínimo de investimento em infraestrutura e cuidados para se obter mudas de boa qualidade. No entanto, atualmente vem sendo observado como tendência a especialização de alguns produtores na arte de produzir mudas. Outros, entretanto, preferem adquirir mudas prontas.

A qualidade das mudas, porém, vai depender do nível de tecnificação e dos cuidados adotados pelo viveirista. Este, por sinal, é um segmento no qual os produtores podem investir e obter bons retornos, desde que observe cuidados básicos, que vão desde a qualidade da semente ao ponto certo de transplante.

As mudas devem ser produzidas em bandejas limpas e preenchidas com substrato de procedência idônea, isento de propágulos de plantas daninhas e de fitopatógenos.De igual forma, deve-se utilizar água de irrigação de boa qualidade.

As bandejas devem ser mantidas sempre suspensas no interior das estufas e posicionadas de forma que a luz incida de forma homogênea. A prática da irrigação deve ser frequente de duas a três vezes ao dia, porém, sem excessos. Uma irrigação ideal é aquela que não “lava as bandejas“, ou seja, que não ocorre escoamento de água pelos orifícios das células.

Esta lavagem com o excesso de água promove a lixiviação dos nutrientes contidos no substrato e o seu empobrecimento. Para a cultura da couve-flor, recomenda-se a aplicação de bórax ou ácido bórico e de molibdato de sódio.

Estas aplicações geralmente são feitas em algumas fases do ciclo, iniciando-se já na fase de mudas no viveiro. A prática é importante devido aos benefícios dos micronutrientes boro e molibdênio na prevenção de anomalias fisiológicas que acometem a cultura.

 Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Características ideais

 

O tempo para as mudas ficarem prontas varia com a cultivar e época do ano. Este prazo, porém, gira em torno de 30 dias, desde a semeadura. Como indicadores de mudas em pontos de transplante podemos indicar a presença de dois pares de folhas definitivas e expandidas, e cerca de 10 a 12 cm de altura.

Este ponto, porém, poderá variar com o tamanho das células das bandejas. Bandejas com muitas células podem representar economia de substrato e de espaço no viveiro e transporte, mas requerem mais atenção quanto ao ponto de transplante e são mais vulneráveis na fase inicial do pós-transplante.

Em adição, além dessas características, uma boa muda também deve se apresentar 100% sadia, sem lesões de qualquer natureza e de amarelecimento, estar túrgida, ereta e com bom desenvolvimento radicular.

Uma muda ideal é aquela que, além de ter as características acima, são facilmente removidas das bandejas, mantendo o sistema radicular íntegro e muito bem desenvolvido e envolto pelo substrato.

Problemas

Os principais entraves fitossanitários observados na produção de mudas de couve-flor são doenças como míldio nas folhas e podridões radiculares. Estas doenças podem comprometer seriamente a sua qualidade e gerar falhas no estande ou problemas de “pegamento“ no transplantio.

Outro pequeno detalhe que pode fazer muita diferença é evitar o contato direto das bandejas com o solo. Muitos produtores acabam deixando as bandejas sobre o solo, que pode estar contaminado com esporos de patógenos como Plasmodiophorabrassicae (causador da hérnia das crucíferas).

Durante o período em que a bandeja permanece em contato com o solo, pode se dar a sua contaminação e contribuir para a disseminação da doença. Ainda, dependendo do período que estas mudas ficam depositadas sobre o chão, pode-se iniciar o processo de enraizamento que, além, de aumentar as chances de infecção por patógenos, aumentará os estresses pós-transplante.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de Julho 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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