Para ganhar mais, os produtores de algodão buscam por um produto de melhor qualidade no campo e começam a mudar a cara de suas fazendas
O poder do Brasil no mercado mundial de algodão é, sem dúvida alguma, inquestionável. Gigante global neste setor, o País ocupa lugar de destaque no ranking de maior exportador do planeta. As exportações brasileiras de algodão somaram 804,8 mil toneladas no ano passado. O que está em jogo é um mercado que movimenta US$ 1,215 bilhão por ano.
Algodão ” oferta e demanda mundial (ton x 1.000.000)“‹ | |||
 “‹ “‹ | Safra “‹ “‹ “‹ “‹ “‹ “‹ | ||
2014/2015 | 2015/2016 | 2016/2017* | |
Estoques iniciais | Â 20.480.000 | Â 22.310.000 | Â 19.370.000 |
Produção | “‹26.200.000 | “‹21.100.000 | “‹22.540.000 |
Suprimento | “‹46.670.000 | “‹43.420.000 | “‹41.910.000 |
Consumo | Â 24.200.000 | Â 23.780.000 | Â 23.810.000 |
Exportações | Â 7.730.000 | Â 7.490.000 | Â 7.410.000 |
Estoques finais | Â 22.310.000 | Â 19.370.000 | Â 18.100.000 |
 “‹* 2016/2017:projeção
Fonte: Abrapa
Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), nos últimos anos o Brasil tem se mantido entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, Índia, EUA e Paquistão. Ocupa o primeiro lugar em produtividade em sequeiro. O cenário interno é promissor, pois estamos entre os maiores consumidores mundiais de algodão em pluma.
Confira os números:
Safra 2015/2016 (consolidado) | 1.240.464 toneladas de pluma |
Safra 2016/2017 (previsão) | 1.492.294 toneladas de pluma |
A previsão da Abrapa para esta safra (2016/2017) é que a produção nacional de algodão aumente 20% em relação à temporada anterior, pelas condições climáticas mais favoráveis nas regiões nordeste e centro-oeste do Brasil.
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Principais produtores
O maior Estado produtor de algodão é o Mato Grosso, que responde por 66% da produção nacional, seguido da Bahia, com 22% da produção nacional, Mato Grosso do Sul (4%) e Goiás (3%), respectivamente, na terceira e quarta colocação.
Segundo Arlindo de Azevedo Moura, presidente da Abrapa e CEO da Vanguarda Agro, 99% da produção nacional está concentrada em médios e grandes produtores rurais, sendo que estes adotam alto pacote tecnológico na propriedade, pois o algodão é uma cultura agrícola que exige tecnologia de maquinário, monitoramento/controle constante de pragas, doenças e ervas daninhas.
“Neste segmento estão produtores que tomam decisões baseadas em fatos e dados, com alto nível de controle e acompanhamento gerencial da propriedade, ou seja, são produtores que comercializam sua produção utilizando ferramentas de gestão de risco, principalmente mercado futuro“, avalia o especialista.
Características que agregam valor ao algodão
Atualmente, as indústrias têxteis nacionais e internacionais mais modernas buscam os maiores patamares possÃveis de eficiência e produtividade. Para que consigam atingir estes objetivos, necessitam de algodão com o máximo de uniformidade e limpeza possível.
O algodão brasileiro, por ser colhido à máquina e não manualmente, como muitos países produtores, já conta com uma diferenciação em qualidade, por não conter contaminação por corpos estranhos, o que normalmente acontece quando é colhido a mão.
Em termos de características intrÃnsecas da fibra, para se atingir uma maior eficiência na indústria e fiação o que mais agrega valor é o comprimento da fibra, a resistência e o micronaire, sendo que o mais importante é a regularidade e o padrão destas características.
As análises de qualidade da fibra de algodão são feitas em laboratórios, com o auxÃlio de máquinas de alta tecnologia e precisão que geram maior credibilidade e evitam uma série de erros que poderiam acontecer caso dependesse de outros instrumentos.
Valores de um algodão de melhor qualidade
Atualmente, uma tonelada de algodão vale, em Minas Gerais,cerca de R$ 6.133,00, ou seja, considerando o dólar a R$ 3,30, o valor de uma tonelada de algodão está cotado em U$ 1.858,00. Para LÃcio Augusto Pena de Sairre, diretor executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), em se tratando do algodão australiano, ele acreditaem uma precificação até 7% maior que o brasileiro. “Não é Ã toa, portanto, que grandes grupos passaram a investir na melhoria da qualidade do produto“, pontua.
Ainda segundo LÃcio Pena, o mercado paga ágios e deságios de acordo com a qualidade de fibras e tipo do algodão. “As características intrÃnsecas e extrÃnsecas da fibra estão diretamente relacionadas ao manejo adotado desde o plantio até o beneficiamento. Por outro lado, hoje trabalhamos com algodão certificado, cuja intenção é, além dos ganhos indiretos com esta certificação, agregar valor ao produto“, considera.