21.3 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasAnálise da proposição do manejo florestal voltado aos objetivos da produção

Análise da proposição do manejo florestal voltado aos objetivos da produção

Vitor Cezar Miessa Coelho

Engenheiro florestal edoutor em Manejo Florestal

vitorcoelho63@hotmail.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O conceito do manejo florestal voltado aos objetivos da produção se baseia no diâmetro médio de aproveitamento comercial, de forma que ao realizar desbastes haja antecipadamente no escopo do planejamento o diâmetro da meta desejável, o conhecimento do tempo necessário para que o povoamento atinja tal produção e o peso do desbaste para alcançar tal objetivo.

Este conjunto de informações produz um efeito direto no planejamento da empresa florestal, já que pode prever na próxima intervenção (desbaste) qual o sortimento e a qualidade do produto que será obtido.

Uma vez pré-definido o produto, a empresa se coloca antecipadamente no mercado, gerando vantagem competitiva, como descrito por Sambiase, Franklin e Teixeira (2013) e Cerda et al. (2012), quando abordam as questões de vantagens competitivas da inovação tecnológica.

Passo a passo

No planejamento florestal, o primeiro aspecto que deve ser observado é a questão da densidade inicial no plantio. As árvores têm um espaço tridimensional para o crescimento, que no caso dos regimes de manejo usualmente adotados, nos primeiros anos é subutilizado (Hosokawa, 2013).

Análise da proposição do manejo florestal
Análise da proposição do manejo florestal

Figura 1: Subutilização do espaço de crescimento nos anos iniciais

Fonte: Vitor Cezar Miessa Coelho (2015)

A questão da máxima utilização do potencial produtivo do sítio na fase inicial do povoamento é ainda uma incógnita, pois os fatores de produção: energia radiante, água e nutrientes não são totalmente aproveitados pelo povoamento em função da baixa densidade inicial de plantas.

No caso de florestas nativas ocorre o contrário. Existe alta eficiência no aproveitamento do fluxo de energia, que resulta no potencial total de produção do sítio pela alta densidade inicial (Hosokawa; Moura; Cunha, 2008).

Análise da proposição do manejo florestal
Análise da proposição do manejo florestal

Figura 2: Densidade de plantas por classe diamétrica em floresta nativa

Fonte: Adaptado de Batista et al. (2014)

Faça as contas

A questão da subutilização do potencial máximo do sítio é de ordem econômica, uma vez que a terra é um fator de produção que teve um custo de aquisição, ou sobre a qual incorre uma taxa de juros, definida minimamente pelo custo de oportunidade.

No caso de povoamentos de pinus, somente após um ciclo na produção de cerca de sete anos é que estes fatores estariam devidamente alocados. Portanto, para o melhor aproveitamento da capacidade do sítio, e por consequência a maior rentabilidade do investimento, o ideal é viabilizar a ocupação do espaço disponível, pelo aumento da densidade inicial e intervenções precoces, sempre controlando os incrementos periódicos pós-desbastes (Hosokawa, 2013).

A figura 3 ilustra a possibilidade do aumento da densidade inicial, o que proporciona a utilização integral, a todo tempo, dos fatores de produção florestal. Esta situação demandaria estudo de novos regimes de manejo e a utilização de madeira de pequenos diâmetros nas idades iniciais do povoamento, como por exemplo: biomassa ou madeira processada em fibras.

Análise da proposição do manejo florestal
Análise da proposição do manejo florestal

Figura 3: Utilização do potencial do sítio

Fonte: Vitor Cezar Miessa Coelho

A máxima utilização do potencial produtivo do sítio permite, ainda, desbastes precoces, como descrito por Gonçalves et al. (2009), quando afirma que o desbaste precoce pode proporcionar um ritmo relativamente rápido de crescimento, mas constante, permitindo a formação de madeira mais uniforme, sem as variações de interrupções ao longo de seu desenvolvimento.

Os desbastes têm também a função de proporcionar rendas intermediárias, determinantes para o fluxo de caixa positivo no investimento, além de melhorar a seleção dos indivíduos remanescentes pelo maior número de opções de árvores. Este procedimento de aumentar o número de intervenções proporciona maior controle sobre os incrementos, o que não ocorre em regimes de manejo tradicionais.

Conhecimento e inovação

A indução do manejo para a produção exige inovação tecnológica no manejo florestal, e passa por uma profunda reflexão sobre a eficiência dos processos que levamao crescimento.  Hoje existe conhecimento científico do comportamento do crescimento das árvores e ferramentas suficientes para que a inovação aconteça (Hosokawa, 2013). Como citado por Dosi (2006), a inovação cria novas oportunidades de negócios, novos mercados e aumento da receita.

 Ao induzir o crescimento das árvores e, consequentemente, o manejo para os objetivos da produção, ocorre a alteração das propriedades físicas e mecânicas da madeira, podendo proporcionar significativo aumento tanto da resistência como da rigidez, considerando a compressão paralela às fibras e à flexão.

Considerando a possibilidade da produção de peças de madeira com propriedades mecânicas previamente conhecidas em função do regime de manejo adotado, e ainda tendo como base as afirmações de Dosi (2006), adaptando a realidade florestal, abre-se a possibilidade da predição dos produtos a serem colhidos numa floresta, abre-se caminho para novos processos produtivos e arranjos operacionais, além de processos produtivos pelo conhecimento prévio da quantidade, mas principalmente da qualidade ofertada de matéria-prima.

Há, ainda, novos arranjos operacionais, no dimensionamento adequado dos módulos de colheita, da logística de transporte, armazenamento e da estrutura industrial adequada para a transformação desta nova matéria-prima.

Esta estrutura industrial pode então ser planejada considerando a padronização das toras, o que permite uma alta adequação do maquinário, gerando maior produtividade e redução de custos. A relação matéria-prima ” produto final fica mais clara, propiciando maior domínio das técnicas produtivas (Sambiase; Franklin; Teixeira, 2013).

O consumidor poderá ser conscientizado de que determinado produto estará à disposição para compra com as características desejadas por ele, segundo seu valor econômico e socioambiental, como identificado por Kloter (2000).

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro/outubro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Implantação de sistema hidropônico potencializa produção de 30 a 50%

  Técnica de cultivo sem solo pode ser utilizada em centros urbanos e traz alimentos com maior qualidade e frequência   O crescimento da população mundial é...

Brócolis de verão exige resistência a intempéries

  Pâmela Gomes Nakada Freitas Engenheira agrônoma, doutora e professora da Fundação Gammon de Ensino de Paraguaçu Paulista Felipe Oliveira Magro Engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento...

Algodão – A vedete da rotação de culturas

  Através do sistema de rotação de culturas é possível aumentar ou manter a matéria orgânica do solo, diminuir perdas por erosão, controlar plantas daninhas,...

Nanotecnologia verde

Nanotecnologia verde provoca revolução sustentável na agricultura A nanotecnologia pode ser compreendida como uma ciência e tecnologia relacionada à matéria na sua escala atômica....

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!